Tive dúvidas se deveria escrever-lhe, jamais gostaria de deixar a impressão de "tiete oportunista" ou outra coisa qualquer que não fosse a de um cidadão preocupado com o legado que é deixado ao meu filho, aos nossos filhos na contemporaneidade. Mas diante do resultado do julgamento do jogador Antonio Carlos sinto-me obrigado a expressar minha opinião.
O cidadão Antonio Carlos para mim deve ser uma pessoa equivocada com a vida, talvez deslumbrado pelo sucesso e infelizmente convicto de que é superior a outras pessoas no mundo.
Daí sua "coragem" em expressar aquela atitude naquele momento. Obviamente com a justificativa da "cegueira emocional" que alguns homens menos honestos consigo mesmos teimam em dizer que justifica a expressão do lado escuro da "natureza humana".
Para mim o ser humano é assim: equivocado em seus sentimentos, onipotente nas suas idéias, inseguro nas suas convicções e medroso na sua interpretação da realidade. Somos animais feridos e enganados pela idéia de sermos superiores aos outros. Por isso "brincamos" infelizmente com a idéia de sermos melhores que os outros simplesmente por uma única característica qualquer: ou por nascer aqui ou acolá, ou por sermos de uma ou outra religião, ou por termos esta ou aquela opção sexual, ou por termos esta ou aquela cor de pele, ou por termos este ou aquele valor cultural. De raça, somos todos humanos, mas na prática somos assim divididos e discriminados.
Não gosto de falar mal de argentino, não gosto de falar mal de judeu, não gosto de falar mal de evangélico, não gosto de falar mal de branco, não gosto de falar mal do vizinho porque a cada crítica ou agressão feita, agrido a mim mesmo e minhas fragilidades. Portanto esta questão do "racismo" doía muito em mim anteriormente por perceber que necessitava primeiro me sentir como igual a todo mundo, não me portar como superior ou inferior a ninguém. Precisei primeiro ver meu próprio umbigo e ficar triste com minhas próprias discriminações, para depois quem sabe tentar mostrar as outras pessoas como é interessante sermos diferentes e aprendermos com esta diferença. Mas eu gostaria de dizer aos negros que se sentiram ofendidos que olhem no espelho, olhem dentro de si mesmos e verão como ridículo e míope é a agressão feita deste modo. Sejam negros e bonitos e assim caminhem na vida. Antes de tudo como homens dignos. Se o TJD "negou" a atitude é porque a miopia social é perversa. A mim não atinge mais está agressão ou dissimulação social. Pois não sou somente negro...sou humano igual a todos os outros.
Quanto ao jogador que a vida lhe dê a oportunidade de uma dia quem sabe enxergar melhor o outro. Ah! quem sou para dizer isto? Sou negro, brasileiro, médico, psiquiatra, com mestrado em educação, atualmente em doutorado...porém tão humano quanto ele e nem um pouco melhor que este indivíduo. Estes títulos são "perfumaria":sinto, ajo, ando, tenho medo, sou frustrado, conquisto, perco etc. E por aí... Sou igualzinho, sendo que inclusive um dia vibrei com ele num estádio de futebol pois também sou corintiano....graças a Deus. Aidecivaldo"
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