30 agosto, 2008

Nuvens digitais

Há um fenômeno se alastrando pelo Brasil. Um número crescente de municípios brasileiros está utilizando as ondas de rádio para criar sobre seu território uma grande nuvem de conexão aberta à internet.

Nessas cidades, seus moradores podem acessar gratuitamente as redes de informação, em banda larga. Antenas de rádio operando freqüências não-regulamentadas são instaladas para oferecer um tipo de conexão sem-fio chamada Wi-Fi.

Em geral, o Wi-Fi é muito usado em cafés, bares, aeroportos para conectar computadores, laptops e palms a um roteador que transmite o sinal a uma pequena distância, no máximo a 100 metros. Esses locais que oferecem o sinal de conexão sem-fio são chamados de hotspots. A novidade é que várias cidades estão usando grandes antenas que asseguram uma ampla cobertura para transmitir o sinal de rádio seguindo o padrão Wi-Fi. Assim, todos podem se conectar estando em casa, na rua, na praça; enfim, todos estão debaixo da mesma nuvem de conexão.

Isso permite reduzir muito o custo do uso da rede para a educação, para as atividades de saúde pública, para as comunidades e grupos culturais portarem seus conteúdos para a internet, para o surgimento de rádios e TVs comunitárias. Mas também garante que, com a disseminação de celulares que fazem chamadas pelo Skype, possamos fazer a comunicação móvel sobre IP, sem custo de ligação. Com toda a cidade sob a mesma nuvem de conexão, é possível que todos os telefones utilizem voz sobre IP para chamadas locais. Várias empresas de aparelhos celulares já oferecem modelos que operam pela internet a partir da conexão Wi-Fi.

Nosso amigo Daniel Lopes, candidato a vereador pelo PT, tem o compromisso de lutar pela implantação de nuvens de conexão aberta à internet em nossa cidade.

Para saber mais sobre o assunto: http://www.guiadascidadesdigitais.com.br/site/

25 agosto, 2008

Paulo Teixeira e deputados reforçam pedido de internet livre à Justiça

A assessoria do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carlos Ayres Britto, confirmou a disposição do ministro de propor, na próxima reunião do TSE, na semana que vem, a discussão sobre uso da internet nas eleições deste ano.

A liberação da internet foi solicitada pelos deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP), Jorge Bittar (PT-RJ), Walter Pereira (PT-BA) e Julio Semeghini (PSDB-SP), que se reuniram com Ayres Britto na quarta-feira, 13 de agosto.

O ministro espera que os parlamentares enviem suas reivindicações por escrito até esta sexta-feira, 15 de agosto. Caso o TSE libere a utilização da internet nas campanhas por meio de uma resolução, todos os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) serão obrigados a seguir a decisão.

Em julho, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente do iG, Caio Túlio Costa, afirmou que o "TSE asfixia a Constituição" com as proibições. O iG também entrou com ação na Justiça contra o veto. O portal entende que as restrições cerceiam o ambiente de liberdade de idéias que existe na internet.

O deputado federal Julio Semeghini (PSDB-SP), um dos participantes da reunião com Ayres Britto na noite desta quarta-feira, afirmou que o ministro ouviu o relato sobre as dificuldades dos candidatos para usar a internet desde que começaram a surgir punições dos TREs.

Semeghini e os outros parlamentares relataram que o presidente do TSE se mostrou favorável à causa e concordou com argumentos como o de que campanhas pela internet democratizam a eleição, porque são mais baratas e acessíveis a todos os candidatos, e não apenas aos mais ricos.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), também se mostrou otimista. "O ministro mostrou simpatia pelo uso da internet e está disposto a pedir a revisão da resolução que a proibiu", contou Teixeira. De acordo com o petista, "a internet é a única ferramenta interativa em que o cidadão pode debater com os candidatos, por meio de chats e outros meios, colocando opiniões e cobranças".

21 agosto, 2008

Aécio Neves - Candidato a ditador

Jornalismo é publicar o que alguém não quer que seja publicado; todo o resto é publicidade.

George Orwell



Serra em São Paulo, e Lippi em Sorocaba, adotam as mesmas práticas.

No caso do governador José Serra, há poucos dias, através da Justiça, impediu a divulgação, nas grandes rede de TV, de um anúncio sobre a greve dos policiais civis paulistas.

Fica uma constatação: não há jornalismo independente sem publicidade governamental ou de grandes grupos econômicos. Diante disso, como fazer jornalismo?

E a imprensa alternativa? Os sindicatos, associações e ONGs, devem financiar órgãos independentes de comunicação, para divulgarem suas posições, ou, antes, uma cobertura isenta?

A internet será um campo novo para romper com o oligopólio desse tipo de mídia?

O debate está aberto.

20 agosto, 2008

Gabeira não é mais o mesmo



O PV enfrenta dificuldades. Depois de se tornar linha auxiliar dos tucanos, ao lado do PPS, enfrentou denúncias de corrupção envolvendo o presidente da legenda, José Luiz de França Penna, acusado de desvio de recursos do fundo partidário. Isso segundo membros históricos do próprio PV, como Alfredo Sirkis.

Apesar disso, a galera da zona sul carioca decidiu lançar Gabeira candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro, em aliança com os tucanos e o PPS. Acreditavam que seria um nome imbatível. Mas, até agora, Gabeira amarga o sexto lugar nas pesquisas, com 4% das intenções de voto.

Percebendo que a vaca caminhava a passos largos para o brejo, nosso destemido ecologista decidiu arriscar tudo para virar o jogo. Segundo divulgado pelo Blog dos Blogs, para cativar o eleitorado mais conservador, Gabeira diz que não é mais favorável à legalização imediata da maconha.

Também vai defender a distribuição de câmeras por toda a cidade para ajudar no combate ao crime. E a criação de uma Central de Inteligência da Prefeitura. Uma espécie de mini-Abin municipal.

Gabeira quer ser o Big Brother.

Por fim, numa frase sensacional, sobre o fato de fumar maconha, disse: "Não sou usuário. Já usei, mas em países onde é permitido. Nunca aqui no Brasil."

Superou o Clinton. Aquele que fumou mas não tragou.

Resta saber: o que Gabeira faria com um charuto e uma estagiária?

Acidente de avião mata 140 pessoas em Madri

E, de alguma forma, o presidente Lula também é culpado por esse acidente.

18 agosto, 2008

Tucano feliz


Depois de trocarem tapas e cadeiradas numa reunião, dizem que os tucanos municipais estão mais felizes. O motivo: a divulgação da pesquisa de intenção de voto pela TV TEM.

Segundo a dita pesquisa, Vitor Lippi, candidato à reeleição, lidera com 65% das intenções de voto. O petista Hamilton Pereira está em segundo lugar com 14% e Raul Marcelo segura a lanterna com 7%.

Assim, a eleição estaria definida no primeiro turno.

Estaria, mas não está.

Primeiramente, porque Lippi, no limite da margem de erro, tem 61% das intenções de voto. Ou seja, uma "gordura" de apenas 11% para queimar até outubro. É muito pouco, levando-se em consideração que o horário eleitoral gratuito ainda não começou e que ele é candidato à reeleição, desfrutou de ampla exposição na mídia nos últimos meses.

Além disso, candidato à reeleição larga do teto. Quem está satisfeito com a atual administração, diz que vota no prefeito. Sem nem ouvir os outros candidatos. Dessa forma, com o início da campanha na TV e no rádio, a tendência é o prefeito perder um pouco da "gordura".

O suficiente para causar um segundo turno? Só o tempo dirá.

De qualquer forma, na pesquisa Hamilton aparece com o índice tradicional do PT e tende a crescer nas próximas semanas. Raul Marcelo, em todas as eleições que disputou, surpreendeu.

Ou seja, a situação no ninho tucano pode não estar tão confortável.

De qualquer forma, aconteça o que acontecer, ilustres tucanos, resolvam os problemas na conversa. Esse negócio de um ficar dando cadeirada um no outro não pega bem.

13 agosto, 2008

Notícias do front

Hoje a Polícia Civil de São Paulo parou. Boa parte dela - ou melhor, a parte boa.

Nunca pensei que esse dia chegaria, mas é verdade: José Serra, a toupeira dos Bandeirantes, conseguiu. Vai entrar para a história.

Houve perseguição por parte de superiores, boataria, ameaças. Mesmo assim, os policiais, em sua maioria, aderiram à greve.

No final da tarde, em audiência no TST, o governo tucano recuou, depois de anunciar que não atenderia às exigências dos policiais, e decidiu reabrir as negociações. No próximo dia 20/08 haverá outra audiência, onde Serra deverá um proposta real. Até lá a greve fica suspensa e os policiais em "estado de greve".

Pessoalmente, acho que a polícia deveria permanecer em greve até que o governo apresentasse uma proposta (o que ainda não ocorreu). Ele alega que precisa de tempo para estudar o assunto. Já que é assim, o pessoal que "estuda" o assunto deve ter se formado nas escolas paulistas da era tucana: desde de março aguardamos o tal "estudo".

De qualquer forma, é um início.

Tomara que seja o início do fim dos planos de José Serra se tornar presidente.

Greve na polícia civil de São Paulo

12 agosto, 2008

Um mundo todo ao alcance do seu controle

A cada novo conflito que irrompe pelo planeta percebemos como ignoramos a existência de centenas de países, povos e regiões. Na melhor das hipóteses, tomamos consciência da geografia através dos enlatados hollywoodianos, onde o mundo seria composto por Brasil e Argentina na América do Sul, EUA e países da União Européia (no primeiro mundo), além de Rússia, Iraque, Afeganistão, África (um único país) Coréia, Irã, Japão e China figurando como coadjuvantes conforme entram numa guerra ou sediam um evento esportivo.

Infelizmente acabamos por descobrir regiões e países apenas na ocasião sangrenta de uma guerra; circunstância em que uma nação até então desconhecida emerge nos documentários de televisão como se fossemos íntimos de sua política e cultura, “ah sim, recomeçou o conflito na Ossétia do Norte”, até parece que sabemos que a Ossétia fica na Geórgia, até parece que sabemos que a Geórgeia existe, saber que fica na Europa é mais uma descoberta, saber que existe pobreza, guerras e genocídio na Europa pode ser surpreendente.

A geografia que aprendemos na escola (pública ou particular) parece compreender como Europa apenas os países da União Européia, os países da Europa central aparecem nos textos como os não pertencentes a UE, muitas vezes só os seus nomes são citados, geografia também é política, esta barreira ignorante só é rompida quando países até então inexistentes passam por uma guerra sangrenta e não é possível mais escondê-los. Depois de Kosovo e Ossétia do Norte o que mais virá? Moldávia, Iêmen, Muntênia, Benin, Quisquistão, Myamar, Togo...

Até bem pouco tempo, costumava-se dizer que a Europa acabava na estrada que seguia para leste de Viena, hoje, com a globalização não é diferente, o mundo termina onde não existe mais filiais do McDonald´s, tudo mais nós desconhecemos.

08 agosto, 2008

Que classe média, cara pálida?

A classe média brasileira está mais confiante, compra mais e aumentou sua participação na População Economicamente Ativa (PEA) do País. É o que mostra o levantamento "A Nova Classe Média", divulgado hoje pelo pesquisador Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O economista usou dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE para traçar um cenário mais aprofundado da atual classe média e seu desenvolvimento nos últimos seis anos. De acordo com Neri, aumentou de 44,19% para 51,89% a participação da classe média no total da PEA nas seis principais regiões metropolitanas do País.

A conclusão é: a classe média é, hoje, a maior parte da população.

Recomendo um pouco menos de entusiasmo ao tratar do assunto.

É inegavel o crescimento da renda das classes menos favorecidas desde o início do governo Lula. Essa é a conclusão lógica da pesquisa.

Segundo os parâmetros da Fundação Getúlio Vargas, a classe E leva em conta renda domiciliar total entre zero e R$ 768. A classe D, os chamados "remediados", tem renda domiciliar entre R$ 768 e R$ 1.064. A classe C, a chamada classe média, tem renda domiciliar total entre R$ 1.064 e R$ 4.591, enquanto a chamada elite, ou classes A e B, tem renda acima de R$ 4.591.

Há, portanto, um parâmetro central: a renda por domicílio, desconsiderando o número de moradores e outras considerações. Portanto, deve ser considerada com bastante cautela.

Levando em conta apenas o senso comum, é possível dizer que uma família de quatro pessoas com renda total de R$ 1.064 é "classe média"? Para a FGV é isso.

E comparando duas famílias, com mesma renda e mesmo número de pessoas, sendo que uma das famílias paga aluguel e a outra não? Considere, ainda, que a primeira família tem filhos em idade escolar. Ou uma pessoa com doença crônica (o custo dos medicamentos consome boa parte da renda familiar).

O próprio conceito de "classe média" ou de "remediados", do ponto de vista acadêmico, é vazio e pouco útil para pesquisadores.

Não quero, com isso, dizer que tais levantamentos são irrelevantes. Servem para mostrar o crescimento da renda das famílias. Isso é importante, até mesmo para orientar políticas públicas focadas no combate à pobreza.

Agora, a partir de dados tão relativos, concluir pela hegemonia de uma suposta classe média, é de uma ingenuidade sem tamanho. E pode levar muita gente bem intencionada a errar em suas avaliações e previsões.

Já os não tão bem intencionados serão levados a colocar em xeque a necessidade de programas sociais.

06 agosto, 2008

Coisas de tucano...

A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou, nesta terça (5), um reajuste salarial de 143% para a governadora tucana Yeda Crusius. Saltou de R$ 7,140,70 para R$ 17,343,14.

Enquanto os deputados estaduais injetavam dinheiro em sua bolsa, Yeda investia, em Brasília, contra os bolsos dos professores.

A governadora lidera uma cruzada de executivos estaduais contra a lei 11.738. Acaba de ser aprovada, sob fogos, pelo Congresso. Lula a sancionou, em meio a hosanas, no dia 16 de julho.

Fixa em R$ 900 o piso nacional de remuneração dos professores do ensino básico. Recomposição gradativa. Começa em 2008. Mas só se completa em 2010.

De resto, a lei aumentou para 33% a carga horária ex-classe dos professores. Tempo estimado em três horas. Período que seria dedicado a atividades como: preparação de aulas e correção de provas.

É contra esse tópico que se insurgem os governadores, Yeda à frente. Alegam que os Estados terão de contratar novos professores. E não haveria dinheiro para isso.

Dinheiro para o salário dela há. Para os professores não?

O vídeo que Serra proibiu



O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) proibiu a veiculação na televisão de uma propaganda sobre a uma provável greve da Polícia Civil. A paralisação está prevista para o dia 13. A informação é da Folha de S.Paulo.

Segundo a Procuradoria Geral do Estado, o comercial, no qual atores representam policiais tentando em vão entrar em contato com o governador José Serra para tratar da segurança, causaria pânico na população.

Pânico na população?!?!?

O que causa pânico na população é a situação da Segurança Pública, depois de 14 anos de governo tucano.

04 agosto, 2008

CUT CURTAS 13


Auto-ajuda


O governador José Serra sancionou projeto de lei da Deputada Estadual sorocabana Maria Lúcia Amary (PSDB) que joga no Serasa o nome de quem atrasar o pagamento das taxas de condomínio. Certamente esta é uma medida que atende os interesses populares e não tem nada a ver com o fato de que a família da Deputada é vinculada ao capital imobiliário, que se beneficia da medida. Já o Promedula, projeto do Deputado Hamilton Pereira (PT) que centraliza informações para o transplante de medula óssea, foi vetado pelo governador.


Kassab espertinho

O prefeito serrista de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), tentou manobrar e influenciar a última pesquisa do Datafolha, que mostrou a ex-prefeita Marta Suplicy na liderança pela disputa da prefeitura paulistana. Por e-mail, ele ordenou ação dos subprefeitos da capital, durante a pesquisa de campo. Diz a mensagem eletrônica: “Amanhã bem cedo, o Data Folha (sic), recomeça a pesquisa de campo [...] Assim como hoje, onde alguns foram identificados, seria ótimo se acontecesse amanhã [...] E, evidentemente, identificado o ponto, que tivéssemos uma ação”. O PT estuda ir à Justiça contra o prefeito. O uso da máquina pública a favor de uma candidatura é ilegal.


"Vias de fato"

Como diriam os jornais de antigamente, integrantes da comunicação do time de Lippi chegaram às “vias de fato”. Sobrou porrada e cadeirada entre um autor de jingles e o marqueteiro. As cenas de “pugilato” – esta também é antiga – são reveladoras do clima: os inúmeros caciques, antes inimigos, que se juntaram na candidatura, lotearam o comando da campanha e cada um manda num feudo. O atual prefeito não se impõe e deixa as coisas se resolverem sozinhas. Já pensou como seria o loteamento (e essa é bem a palavra) da Prefeitura na infeliz possibilidade dessa turma ganhar a eleição?


Rindo a toa

Quem desacelerou a campanha no último fim de semana foi o Deputado Estadual Raul Marcelo (PSOL). O motivo é mais do que justo: o nascimento de seu filho. Da coluna, vão os parabéns e o desejo de muitas felicidades ao jovem casal. Raul também derrubou, na primeira instância, o pedido do promotor Jorge Alberto Marum de impugnar sua candidatura. O promotor recorreu à segunda instância, mas analistas avaliam que Raul Marcelo continuará no páreo, sem maiores problemas.

03 agosto, 2008

Só as feridas lavadas cicatrizam

Uma audiência pública no Ministério Justiça discutiu pela primeira a possibilidade de responsabilizar no plano cível e criminal, agentes que participaram de torturas e morte de jovens entre 1964 e 1985 - período de vigência da ditadura militar no Brasil.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que os atos de tortura cometidos durante o período da ditadura militar no Brasil não se classificam como crimes políticos e devem ser punidos com todo rigor do Código Penal Brasileiro. Segundo ele, os agentes públicos que os cometeram são torturadores e não devem ter nenhum privilégio.

"Só as feridas lavadas cicatrizam" - disse Paulo Vannuchi, Secretário Especial de Direitos Humanos, citando frase da presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Os militares reagiram. Eles acusam o governo de revanchismo e sugerem que, em havendo uma revisão, que esta também compreenda crimes praticados por militantes de esquerda. Citam dois exemplos na cúpula do governo Lula: Dilma Rousseff, da Casa Civil, comandou o lendário roubo do cofre de Adhemar de Barros em 1969, e o ministro das Comunicações, Franklin Martins, participou do não menos lendário seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, naquele mesmo ano.

Essa história de dois lados é absurda.

Havia um lado: os militares, que investidos de uma função pública, e após jurarem defender a constituição, insatisfeitos com os rumos de um governo legítimo, decidiram depô-lo. Depois, se apoderaram do governo do país (e de suas riquezas, que foram saquedas). Cassaram, prenderam e torturam os opositores.

O "outro lado"? Um grupo de cidadãos, em sua grande maioria estudantes, que lutaram, com os meios que dispunham, contra a tirania.

Lutar contra a tirania e um direito reconhecido até mesmo teologia cristã (vide Tomás de Aquino).

* * * * * * *

Sobre o mesmo assunto, o jornal Cruzeiro do Sul, em editorial publicado no sábado, diz:

"(...) não se está trocando o principal (a responsabilidade do Estado) pelo secundário (a imputabilidade penal dos agentes)? Será possível provar que os torturadores agiram por conta própria, contra as normas impostas por seus comandos? A quem interessa desvincular a política de Estado da brutalidade dos agentes, para que estes possam ser julgados por crimes comuns?"

Não.

A responsabilização do Estado pelos crimes praticados durante a ditadura militar não substitui, nem impede, a responsabilização dos agentes que torturaram.

O Estado deverá indenizar as vítimas da tortura. E cada um dos torturadores deverá ser punido criminalmente (se houver previsão legal), além de ressarcir o Estado pelos danos que causou. Ou seja, todas as indenizações pagas deverão ser cobradas dos torturadores.

Afinal de contas, um grupo de pessoas, funcionários públicos, derrubam um governo cujos rumos não aprovavam. Depois, tomam o poder para si, além de saquear as riquezas do país. Quanto a oposição: prendem & torturam. E depois promulgam uma auto-anistia?

Os torturadores devem ser punidos de forma exemplar, devem ser execrados e apontados nas ruas pelas pessoas, até que seus netos se envergonhem deles. Para que todos saibam o preço que os golpistas e torturadores terão de pagar. Agora ou no futuro.

01 agosto, 2008

Doha, um fracasso que salvou empregos

Quando lamenta o fracasso de um acordo que, entre outras coisas, traria um corte médio de 54% nas tarifas de importação do setor industrial, além de acordos setoriais, que levariam a perda de mercado para corporações de países centrais, Marconini demonstra que o ajuste imposto nos anos 1990, com a abertura comercial indiscriminada, foi assimilado por um setor que traz a vocação para a dependência no DNA.

Ao declarar à Folha de S. Paulo (30/7) que "as concessões poderiam significar ganho de produtividade nos próximos anos, à medida que tornaria a realização de reformas estruturais mais prementes", o dirigente empresarial deixou claro que tipo de projeto encampa como forma de desenvolvimento para o país.
O governo Collor e os oitos anos do consórcio tucano-pefelista já nos ensinaram como a burguesia nativa interpreta o conceito de " produtividade": terceirização de atividades, fusões, fechamento de plantas, transferência de controle acionário e redução de custos.Sobrevalorização cambial e juros estratosféricos terminam por levar a alienação de ativos a investidores estrangeiros. Mas para o diretor da Fiesp isso significa fazer o "dever de casa".
Como essa lição, para ser bem feita, solicita uma crescente desestruturação do mercado de trabalho, resta aos especialistas calcularem quantos empregos foram salvos com o fracasso das negociações em Genebra.

Por trás dessa “visão modernizadora", no entanto, persiste o interesse patrimonial típico da elite brasileira, com a visão do aparelho estatal como extensão do patrimônio particular.Falta, contudo, o bloco de poder que até 2002 tratava a administração pública como se fosse a gerência de uma empresa privada ou de uma grande fazenda.

É no compasso de espera do retorno do tucanato ao poder que a direita urde sua trama. Agindo dentro da própria institucionalidade, sem quebra de regras, sem movimentos abruptos. Já não há dúvidas que é mais eficaz, sai menos custoso, além de dar menos visibilidade a seus interesses.

“Marconini, talvez sem o querer, mostrou o que mobiliza os nossos “indignados” e moralistas” completamente inocentes", em sua grita diária por mais ética e menos gastos públicos. O horizonte é 2010.
Por enquanto, resta o consolo de que vários postos de trabalho não foram esterilizados.
Gilson Caroni Filho - Pravda