30 janeiro, 2009

Por outro lado...

Chico de Oliveira torce por aggiornamento do projeto petista para a sociedade brasileira.

O sociólogo, companheiro de Celso Furtado no início da Sudene, fundador do PT e do PSOL, hoje um analista mordaz de ambos com reflexões que incomodam mas não são ignoradas, resume as esperanças –“talvez fosse melhor dizer a torcida”, retifica— em relação ao papel que a esquerda brasileira, especificamente o PT, poderá jogar diante do que classifica como a “primeira grande crise da globalização capitalista”.

“Aproveitai as riquezas da iniqüidade, aproveitai”, acentua o sociólogo, doutor honoris causa pela USP e pela UFRJ. Chico adiciona à evocação de São Paulo um sentido de engajamento que resume a brecha diante da qual, à moda gramsciana - cético na razão, otimista na ação, torce por um aggiornamento do projeto petista para a sociedade brasileira.

“Naturalmente, todas as outras crises foram globais devido ao peso da centralidade capitalista no processo, mas essa”, observa com entusiasmo intelectual na voz, “é a primeira crise da globalização do capital; uma crise de realização do valor que tem na derrocada financeira sua epiderme mais visível, mas não a essencial”.

O cerne do colapso sistêmico decorreria, no seu entender, da fantástica ampliação da fronteira da mais-valia nos últimos 20 anos. “Oitocentos milhões de pares de braços foram incorporados ao mercado de trabalho mundial com o avanço econômico da China e da Índia”, dimensiona. A riqueza produzida por esse perímetro dilatado da exploração capitalista –“que alia salários miseráveis à tecnologia de ponta”-- agregaria ao sistema “uma usina de extração de mais-valia relativa de proporções inauditas”. Um fluxo incapaz de se realizar nos mercados de origem, “onde é muito baixo o custo de reprodução da mão-de-obra”.

O sociólogo extrai daí a convicção de que se trata de uma crise do modo de produção no apogeu da globalização capitalista. Não apenas uma derrapada na gestão financeira do sistema, como acreditariam analistas da própria esquerda. Se a potencialização da mais-valia gerou sobras de capital na periferia para sustentar o déficit norte-americano –a China tem US$ 1,1 trilhão investido em títulos do Tesouro - e barateou o consumo no coração do império, numa endogamia até certo ponto vitoriosa, por outro lado não elevou os salários de ricos, nem de pobres. Ao contrário, depauperou o mundo do trabalho urbi e orbe. “A quebradeira imobiliária é um sintoma dessa contradição clássica, amplificada, entre a globalização do valor e a impossibilidade de realizá-lo na mesma escala porque não há poder aquisitivo equivalente, nem na periferia nem no núcleo do sistema”, reafirma.

Chico pede calma ao entusiasmo afoito; não, ele não antevê um horizonte de derrocada final do capitalismo –“não se destrói o capitalismo, o capitalismo se supera”, reporta a Marx. Mas os dias que correm sinalizariam no seu entender uma inegável e brutal reacomodação de forças em escala planetária; aquilo que, insiste, será periodizado no futuro como a primeira grande crise da globalização capitalista. É aí que enxerga um hiato no hegemon norte-americano. A trinca descortina também uma fresta de esperança política —“torcida”, como ele prefere-- em seu ceticismo intelectual. É através dela que Chico contempla a oportunidade crucial para o país, para a esquerda e para o PT –“aproveitai as riquezas da iniqüidade, aproveitai ...”

O hiato de reacomodação capitalista que se abre agora, ao contrário, reservaria à esquerda, no seu entendimento, uma paradoxal possibilidade de repetir a história modernizante , mas não como farsa –“o que seria uma tragédia”-- e sim como ousadia e criatividade condensadas em um projeto democrático popular. “Trata-se de recriar um 1930 do século XXI”. A alegoria serve apenas para resumir o torque que se cobra das forças dispostas a superar a crise como requisito obrigatório para derrotar a coalização conservadora liderada pelo PSDB em 2010. “Na grande crise capitalista de 1930 tivemos uma reordenação do desenvolvimento brasileiro enfiada goela abaixo da plutocracia paulista”, lembra Chico de Oliveira para dar o crédito à visão de estadista de Getúlio Vargas. “Aquele foi um projeto arquiteto por cima; desta vez trata-se de fazer uma reordenação tão profunda,ou maior; mas induzida por baixo, pelas forças sociais da base da sociedade brasileira em nosso tempo”.

O PT, no seu entender, seria o operador desse aggiornamento histórico do desenvolvimento. “É quem dispõe de massa e de liderança, enquanto os demais agrupamentos socialistas constituiriam a ponta de lança instigadora do processo”. Em defesa provocativa dessa tese, o sociólogo exemplifica cobrando a metamorfose daquilo que já caracterizou, no calor do debate político, como “uma nova classe”: “O PT tem a força sindical; a estrutura sindical tem todos os fundos de pensão sob seu controle”, cutuca. A chance de emancipação do país na atual crise seria uma inusitada demonstração de competência e ousadia política da esquerda na canalização de fundos públicos para deflagrar um ciclo inédito de investimento pesado na economia. “Falo em se criar algo como cinco EMBRAERs por ano; acelerar o crescimento e dar um novo rumo à economia e à sociedade”, entusiasma-se no seu raciocínio. “Se um estancieiro gaúcho fez isso na crise de 1930 porque uma Dilma, que honestamente só conheço através da má vontade explícita da mídia; ou, quem sabe, um Gabrielli (presidente da Petrobrás), não poderiam ser instrumentalizados para fazê-lo na crise atual?”. A pergunta recebe da mesma voz uma ponderação pausada: “Devemos tratar essa possibilidade com uma discussão ampla e aberta; não oficialista, tampouco sectária, menos ainda cravejada de acusações entre petistas e não petistas. O que está em jogo é uma reacomodação brutal de forças; se ela devolver o poder aos tucanos aí sim estaremos fritos: eles ficarão aí mais dez anos”.

leia a íntegra da entrevista do sociólogo Chico de Oliveira

Inverteram a última tese de Marx sobre Feuerbach

O ministro Tarso Genro diagnosticou outro dia na Folha de S.Paulo (Fala D'Alema) a anemia orgânica e intelectual da esquerda diante da crise econômica planetária. O diagnóstico foi certeiro. Os críticos do liberalismo e do imperialismo ("globalização") não poderiam sonhar com um cenário mais favorável: a desregulamentação do capitalismo e a atrofia do Estado não conduziram a humanidade ao paraíso prometido nos anos todos em que a liberdade do capital foi entronizada como dogma número zero da civilização.

Entretanto, apesar das excepcionais condições objetivas, faltam as subjetivas. A esquerda parece contentar-se com o prazer de ver o adversário intelectualmente na lona. Satisfaz-se com o "eu bem que avisei". Propostas? Alternativas? Só nos limites do keynesianismo. O sujeito se levanta, incha a veia do pescoço, proclama a crise do "neoliberalismo" e da "globalização" e apresenta sua plataforma revolucionária: aumentar o investimento público. Parece pouco? É pouco. E isso quando a fórmula não vem acompanhada da liberalíssima "necessidade imperiosa de reduzir impostos". Daí que pessoas com ambições políticas e intelectuais além da média -como é o caso do ministro Tarso Genro- possam estar frustradas. Aliás, a crítica dele fez-me lembrar da décima-primeira e última tese de Karl Marx sobre Ludwig Feuerbach (o da foto). A tese é de Marx, mas quem a incluiu nas obras do filósofo alemão foi seu parceiro, Friedrich Engels:

"Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo [o mundo]."

O que mais se vê hoje em dia é gente usando o brochinho do teutônico mas tocando a vida como se a tese tivesse sido escrita ao contrário. Antes, tratava-se de transformar o mundo. Agora, diante da suposta impossibilidade de mudar o mundo, o prazer está em interpretá-lo. Daí a satisfação em poder dizer o "eu não disse?". Por que eu falo sobre a "impossibilidade" de mudar o mundo? O PT travou ao longo de anos uma feroz luta política em torno da reforma agrária. Sempre ressaltou que a concentração da propriedade fundiária no Brasil era um dos pilares da nossa cruel (falta de) distribuição de renda. Quando o PT estava na oposição, atacava sistematicamente os governos por distribuírem pouca terra, ajudando a perpetuar o latifúndio. Bem, o PT chegou ao governo e sua política agrária em nada difere do que vinha sendo feito antes. Distribui uma terrinha aqui e ali, enquanto promove a renegociação amiga das dívidas dos grandes proprietários rurais e é sócio da modernização conservadora, cujo exemplo mais emblemático é a indústria do etanol de cana-de-açúcar.

Eu conheço esse pessoal há mais de trinta anos, e sei desde lá atrás que eles não dão a mínima para a reforma agrária. Que sempre a consideraram uma reivindicação pequeno-burguesa, superada historicamente pelo avanço do capitalismo no campo brasileiro, em parceria com a grande propriedade (via prussiana). Daí que eu não tenha me decepcionado, como se decepcionou por exemplo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST):

"O presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] diz por aí que ele é um aliado dos sem-terra. E também que é aliado dos latifundiários e do agronegócio. Então ele não é amigo de ninguém, ele é amigo dele mesmo. Ele não é nosso inimigo, mas também não é nosso amigo. Nós não convidamos o governo Lula para nossa festa porque vamos evitar constrangimentos."

A declaração é de João Paulo Rodrigues, da liderança nacional do MST. A festa de que ele fala? O Encontro Nacional da organização camponesa. Pois é, o radicalismo "socialista" dos críticos da reforma agrária nos anos 70 do século passado acabou nisto: na sociedade com o latifúndio capitalista. Ainda sobre a reforma agrária, é sintomático que o ministro de Lula mais preocupado com o assunto não seja nenhum petista, mas Roberto Mangabeira Unger. Que parece conhecer a importância de expandir a fronteira agrícola e ocupar os limites do Brasil com base na agricultura familiar. Escrevo aqui sobre a reforma agrária, mas poderia escrever sobre os bancos. Sobre a impotência governamental diante do oligopólio financeiro e da drenagem que o cartel promove na riqueza nacional. Ou poderia escrever sobre o contraste entre as declarações bombásticas de soberania e a submissão às pressões internacionais pela demarcação irracional de terras indígenas em área de fronteira. Ou sobre a ausência de uma reforma urbana. Quase uma década de governo petista terá se passado sem que o país progrida na democratização da propriedade nas cidades. Vejam que, exceto a demarcação das terras indígenas (assunto em que o ministro Tarso e eu temos posições bastante diferentes), são todos assuntos da agenda do PT na oposição. Eu faço este blog desde meados de 2005, quando voltei ao jornalismo depois de mais de uma década de "exílio interno". Sempre escrevi aqui que Lula faz um bom governo. Mas para a biografia dos protagonistas talvez seja insuficiente. Daí que de vez em quando certos assuntos saltem para a agenda, como que saídos do nada. É o caso do caso Cesare Battisti. Outro exemplo é o desejo recorrente de reinterpretar o alcance da Lei de Anistia.

As coisas se passam como se de tempos em tempos, por espasmos, o presente se esforçasse para encontrar algum elo com o passado, para desesperadamente agarrar a mão do acrobata que balança no trampolim acima. Mas esse esforço de "coerência" só é visto em assuntos laterais. Ainda que úteis, nas circunstâncias. O governo Lula agora investiu mais de R$ 70 milhões no Fórum Social Mundial que acontece em Belém do Pará. O governo Lula nada tem a apresentar ali em assuntos como a reforma agrária, a reforma urbana ou o controle do sistema financeiro. Então, vai falar da punição aos torturadores e do refúgio concedido a Cesare Battisti. Ou, talvez, de como a aliança com o fundamentalismo religioso pode ser um caminho para o socialismo -por representar, quem sabe?, o elo mais fraco na cadeia imperialista. Não deixa de ser uma saída. Momentânea, mas certamente uma saída. Especialmente para quem se especializou em ler ao contrário a última tese de Marx (ou de Engels) sobre Feuerbach.

fonte: Blog do Alon

25 janeiro, 2009

Epitáfio de Rosa Luxemburgo

Aqui jaz

Rosa Luxemburgo,

judia da Polônia,

vanguarda dos operários alemães,

morta por ordem dos opressores.

Oprimidos,

enterrai vossas desavenças!


Bertolt Brecht

Vice-presidente do PT de Pernambuco é assassinado

O vice-presidente do PT pernambucano, Manoel Bezerra de Matos Neto, de 44 anos, foi assassinado no final da noite deste sábado no município de Pitimbu (PB), cidade praieira, que fica a cerca de uma hora de distância de João Pessoa. O petista, que também era advogado, estava com a família descansando na casa da praia, quando dois homens encapuzados entraram e disparam dois tiros à queima-roupa contra ele, um atingiu o peito e o outro a cabeça. Manoel Matos morreu no local.

Para o deputado federal Fernando Ferro (PT), de quem Manoel Bezerra Neto foi assessor, o crime foi encomendado, já que a vítima tinha denunciado grupos de extermínio e vinha recebendo ameaças.

"Ele participou diretamente na construção do dossiê da CPI de combate ao crime organizado em Pernambuco e chegou a denunciar os casos à ONU, que cobrou ações ao governo. Os envolvidos foram presos, alguns indiciados, mas posteriormente foram soltos", declarou Fernando Ferro bastante emocionado.

20 janeiro, 2009

Sobre a indústria automobilística

Empresários do setor automobilístico ameaçam demitir milhares de trabalhadores em razão da crise.

O governo já reduziu impostos e liberou cerca de oito bilhões de reais para financiar a compra de carros novos.

Os trabalhadores, através de seus sindicatos, se dispõe a discutir a redução da jornada de trabalho e dos salários em troca da garantia de emprego.

Todos aguardam a próxima reunião do Conselho de Política Monetária, do Banco Central, que deverá anunciar acentuada queda nas taxas de juros.

Pode parecer pessimismo, mas essas medidas não vão funcionar.

Em 2000 a produção de carros no Brasil era em torno de 1.500.000 unidades.

Em 2008, com quase o mesmo número de metalúrgicos, o país atingiu a cifra de quase 3.000.000 de unidades produzidas.

O mesmo cenário se repete em outros setores da economia.

Não se trata apenas de crise financeira. É o que o velho Marx dizia: crise de superprodução.

Para garantir o emprego dos trabalhadores seria necessário expandir o crédito a limites irreais, fazendo com que a produção atingisse, até 2010, a incrível cifra de 4.000.000 de carros produzidos por ano.

E então viria a crise. Não precisamos de tantos carros novos, não há "consumidores".

A expansão do crédito, nos últimos anos do governo Lula, permitiu o crescimento vertiginoso nas vendas de carros novos e proporcionou lucros fabulosos para as montadoras. Os trabalhadores também ganharam. Um número maior (mas nem tanto) de empregos e melhorias salariais.

Que, salvo engano, desaparecerão agora, tragados pela "crise".

O governo Lula tem boa vontade, deseja proteger os trabalhadores. Mas não é mágico. Prende-se aos limites de um neokeynesianismo messiânico.

Funcionou para os EUA na crise pós-1929. Mas apenas em razão da Segunda Guerra Mundial, que, além de milhões de mortos, arrasou a capacidade industrial da Europa e gerou gastos fantásticos na área militar.

Tal situação não se repetirá no Brasil.

O governo Lula, com muitas dificuldades, conseguirá amenizar os efeitos da crise, mas, em consequência, muito provavelmente, terá sua popularidade abalada, o que abre caminho para um novo governo tucano.

Um novo governo tucano repetirá as políticas neoliberais, possivelmente com maior empenho, e colocará os trabalhadores numa situação de miséria e desemprego tal que fará o governo FHC-II parecer conto de fadas.

Coloca-se para nós, da esquerda, desde já, a velha questão: socialismo ou barbárie.

Qualquer ilusão neokeynesiana atrasará a crise, mas não a impedirá.

Obama e Eliton


Barack Hussein Obama tomou posse hoje como primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

E já demorou para fechar a base militar americana em Gantanamo, para por fim ao embargo econômico imposto contra Cuba e para encerrar as guerras do Iraque e do Afeganistão.

De qualquer forma, faço minha homenagem ao nosso colaborador Eliton.

Há dois anos, parecia inevitável que Hillary Clinton fosse a candidata do Partido Democrata. Nós, Daniel, Eliton e eu, discutíamos se ela poderia ser um pouco melhor do que o eventual candidato republicano. E então, Eliton chamou a atenção para o então obscuro Barack Obama, dizendo que o Bah!Caroço deveria apoiá-lo, por ser mais à esquerda do que Hillary e representar, simbolicamente, um avanço maior.

Sinceramente, naquela época, a vitória de Barack Obama me parecia irreal.

A aposta do Eliton estava certa.

Esperemos que o presidente Obama satisfaça, nem que seja só um pouquinho, as esperanças que a humanidade depositou nele.

Em clima de guerra

Sob o título 12.000 tiros por minuto!, o Jornal Cruzeiro do Sul de 02 de Fevereiro de 1914 publicou um artigo onde noticiava o desenvolvimento de um novo modelo de espingarda, planejada pelo suíço Baugester, radicado nos Estados Unidos, a arma apresentaria uma cadência impressionante para a época:

Ao mesmo tempo que se escuta o ribombar do canhão, falla-se tambem de paz universal.

Quanto mais mortíferos forem os engenhos de guerra, mais de hevitará em declarar a guerra, e assim os pacifistas podem ter o aprazimento de ver que as guerras se vão tornando difíceis.

Um suisso estabelecido em New York, o Sr. Baugester, inventou uma espingarda que pode dar 12.000 tiros por minutos!

[...]

O que será uma guerra com taes espingardas, sobretudo se a esta arma se reunirem os aeroplanos e os dirigíveis carregados de bombas e de outras machinas infernaes...

O jornal esperava que o desenvolvimento de armas cada vez mais destrutivas contribuísse para a pacificação universal: com armamento tão poderoso de ambos os lados os países evitariam deflagrar conflitos armados.

Mas, como armas sempre são feitas para serem usadas, alguns meses depois começaria a 1ª Guerra Mundial.

19 janeiro, 2009

Sobre a extradição de CESARE BATTISTI

Há um artigo interessante do Prof. Dalmo Dallari explicando juridicamente as razões pelas quais Battisti não deve ser extraditado. Está na Folha de São Paulo de hoje.

Por que Cesare Battisti não pode ser extraditado

PARECER DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (03/09/2008)

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados manifesta seu apoio ao pedido de Refúgio Político ao CONARE, em que é requerente CESARE BATTISTI. Para melhor justificar as razões que levam este colegiado a compreender que esta é a posição que melhor se alinha com os preceitos do Direito Internacional Público e com os atos multilaterais de Direitos Humanos, faz-se necessário resgatar as circunstâncias histórico-políticas das quais emergiu este caso reconhecidamente complexo:

1. No contexto bipolar da Guerra Fria, Cesare Battisti, então com menos de 20 anos de idade, engajou-se na década de 70 na militância política da esquerda Italiana;

2. É reconhecido como fato histórico que o Estado Italiano exercia um papel persecutório a militantes de esquerda. Francesco Cossiga, ex-Ministro do Interior e Ex-Primeiro Ministro da Itália, durante esse período, foi ferrenho opositor das esquerdas. Décadas depois, Cossiga provocaria "a hostilidade do establisment político e da OTAN ao tornar pública a existência da Operação Gladio e seu papel nessa organização(...)".

3. "Foi apurado que os serviços secretos norte-americanos e da OTAN realizaram atividades terroristas "sob falsa bandeira", causando numerosas vítimas entre a população civil. O objetivo era culpar os grupos de esquerda pelos atos de terror, a fim de incitar a opinião pública contra os comunistas e assim justificar medidas de exceção, por parte do Estado."1 Era a implantação da "Estratégia da tensão". Nesse contexto, de 1969 a 1984, ocorreram diversos atentados na Itália incluídos na estratégia da tensão;

4. Foram editados vários instrumentos normativos de exceção: a Lei Reale, que dá poderes à polícia para que efetue buscas, e a prisão sem mandado judicial apenas por suspeição; a Lei Cossiga, que ampliou para 11 anos a prisão preventiva em casos de subversão, e a criação do programa de arrependimento que conferia impunidade àqueles que "confessassem" e, na prática, incriminassem as pessoas que o Estado Italiano indicasse como culpados; o artigo 270 bis, do Código Penal Italiano que possibilita a acusação de pessoas por participação em movimentos subversivos sem que o Estado necessite provar o alegado;

5. Neste contexto de excepcionalidade política e jurídica, Cesare Battisti foi preso em 1979 e condenado a uma pena de 12 anos e 10 meses, por participação em ações subversivas e contrárias à ordem do Estado. Não lhe foi imputado nenhum homicídio ou ação terrorista, e em sua sentença foi considerado um militante cujas atividades não redundaram em mortes ou em qualquer ato terrorista. Em 1981, Battisti fugiu da prisão. Esteve na França e fugiu para o México onde passou a viver como escritor e editor de uma revista;

6. Em 1982, Pietro Mutti, fundador do PAC (Proletários Armados para o Comunismo), utiliza-se dos benefícios da Lei dos Arrependidos para imputar a Cesare Battisti a responsabilidade pelas atividades do grupo;

7. A partir da Doutrina Mitterrand, que garantia o asilo e a não extradição de perseguidos políticos, Battisti solicitou e obteve asilo na França. Lá constituiu família e continuou a escrever e a denunciar as ações perpetradas pela extrema-direita da Itália, durante os anos de chumbo. A Itália solicitou à França a extradição de Cesare Battisti. O pedido foi denegado;

8. Já com cidadania francesa, Cesare Battisti teve novo pedido de extradição feito pelo governo de Silvio Berlusconi, sob o argumento de que havia sido condenado à prisão perpétua na Itália e à revelia, por homicídios que teria praticado quando integrava o grupo de ações armadas;

9. A imprensa Italiana noticiou que o Governo Francês teria trocado a extradição dos refugiados políticos italianos pelo voto da Itália no Tratado Constitucional Europeu, pela autorização de que a TGV operasse no trecho Lyon-Turim e pela aquisição de Airbus pela Itália.

10. O segundo pedido de extradição foi deferido e, com receio de vir a ser morto nas prisões italianas, Cesare Battisti fugiu para o Brasil.

11. Atualmente responde a Processo de Extradição junto ao STF.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias compreende que o pedido de extradição de CESARE BATTISTI rompe com todo o garantismo penal.


Abaixo-Assinado contra a extradição de Battisti

16 janeiro, 2009

O legado de Bush


O Presidente Bush encerra seu mandato em poucos dias. Rendemos nossa homenagem a esse homem, tão desastrado, tão incapaz, que permitiu que o povo americano escolhesse um negro, levemente de esquerda, para sucedê-lo. Se não fosse por Bush, isso jamais teria ocorrido.

Seguem algumas brilhantes frases deste sábio neocon:

"Eles me mal-subestimaram."
Bentonville, Arkansas, 6 de novembro de 2000

"Eu quero agradecer ao meu amigo, o senador Bill Frist, por se juntar a nós hoje. Ele se casou com uma menina do Texas, eu quero que vocês saibam. Karyn está conosco. Uma menina do Oeste do Texas, exatamente como eu."
(Uma menina do Texas? Ui!)
Nashville, Tennessee, 27 de maio de 2004

"Há um século e meio, os Estados Unidos e o Japão formam uma das maiores e mais duradouras alianças dos tempos modernos."
Tóquio, 18 de fevereiro de 2002
(Bush se esquecendo da Segunda Guerra Mundial e que os EUA incineraram milhares de japoneses, lançando duas bombas atômicas sobre aquele país)

"A guerra contra o terror envolve Saddam Hussein por causa da natureza de Saddam Hussein, da história de Saddam Hussein, e a sua determinação de aterrorizar a si mesmo." Grand Rapids, Michigan, 29 de janeiro de 2003

"Eu acho que a guerra é um lugar perigoso."
Washington, 7 de maio de 2003
(Os Iraquianos que o digam)

"O embaixador e o general estavam me relatando sobre a – a grande maioria dos iraquianos querem viver em um mundo pacífico e livre. E nós vamos achar essas pessoas e levá-las à Justiça." Washington, 27 de outubro de 2003

"Ler é básico para todo o aprendizado." Reston, Virginia, 28 de março de 2000

"Eu entendo o crescimento dos negócios pequenos. Eu fui um." Entrevista ao New York Daily News, 19 de fevereiro de 2000

"É claramente um orçamento. Tem muitos números nele." Entrevista à agência de notícias Reuters, 5 de maio de 2000

"Primeiro, deixe-me esclarecer bem, pessoas pobres não são necessariamente assassinos. Só porque você não é rico, não significa que você está disposta a matar." Washington, 19 de maio de 2003
(Não. Eu não sou rico e não é por isso que tenho vontade de matar o Bush. É pela burrice dele.)

"Seria um erro para o Senado americano permitir que qualquer tipo de clonagem humana saísse daquela sala."
Washington, 10 de abril de 2002
(Nesse caso ele está com a razão. E a situação também se aplica ao Brasil.)

"A informação está em movimento. Você sabe, o noticiário da noite é uma forma, é claro, mas também está se movimentando pela blogosfera e através das internets."
Washington, 2 de maio de 2007
(Gênio.)

"Eu sou o decisor, e eu decido o que é melhor." Washington, 18 de abril de 2006

"Eu sei que os seres humanos e os peixes não podem coexistir pacificamente." Saginaw, Michigan, 29 de setembro de 2000
(Também acho que não. E viva os peixes!)

"Famílias são onde a nossa nação encontra esperança, onde as asas viram sonhos." LaCrosse, Wisconsin, 18 de outubro de 2000
(É uma frase digna de uma garotinha do Texas)

fonte: BBC

15 janeiro, 2009

Apelo para mobilização

Brasil não deve extraditar Cesare Battisti

por Rui Martins

Existem momentos em que uma decisão da Justiça brasileira pode transmitir ao mundo uma mensagem de serenidade, equilíbrio e ponderação. Esta coluna hoje quer ter mais uma função de manifesto para propor às personalidades brasileiras, muitas das quais viveram o exílio político, uma mobilização para pedir ao nosso Supremo Tribunal a rejeição do pedido de extradição do antigo militante da extrema-esquerda Cesare Battisti, preso no Rio de Janeiro.
Condenado à revelia à prisão perpétua, na Itália, por quatro crimes dos quais nega ser o autor, Cesare Battisti tinha se beneficiado, na França, de uma decisão do presidente Mitterrand contrária à extradição de antigos militantes revolucionários italianos. Julgando-se em lugar seguro, depois de ter fugido para o México, onde sobreviveu com pequenos empregos, Battisti começou ali a escrever livros policiais, talvez obcecado pela sua própria história de foragido – uma espécie de Jean Valjean italiano perseguido todo tempo por um obsessivo Javert.
Para ter do que sustentar a esposa, conhecida na primeira fuga da Itália à França, quando atravessou a pé os Alpes, e as duas filhas, se tornou zelador de um prédio em Paris. Zelador-escritor, o antigo militante italiano do PAC, Proletários Armados pelo Comunismo, pequeno grupo italiano que "caiu na cilada da luta armada" na luta contra o poder, como ele próprio diz, assim esperava viver o resto de sua vida. Sua primeira prisão ocorreu quando tinha 25 anos (hoje tem 53), tendo sido libertado dois anos depois por uma operação comandada por seu companheiros.
Entretanto, o fim do governo Mitterrand, pos fim à sua anistia política. Um novo pedido de extradição pela Itália acabou sendo acatado pelo governo francês de Jacques Chirac. Não querendo ser extraditado para a Itália e ali passar o resto da vida na prisão, Cesare Battisti retomou sua vida de foragido. Na sua defesa, no julgamento da extradição, Battisti, além de negar os crimes, destacou a desumanidade da pena – "o que será de minha mulher e minhas filhas, que não poderei mais ver e nem sustentar ? Na verdade, serão elas também condenadas comigo".

Por que o Brasil não deve extraditar Cesare Battisti ? http://carosamigos.terra.com.br/nova/ed120/extradicao.asp

http://cesarelivre.org/

E na bundinha, Paulo Skaf, não vai nada?

As grandes indústrias brasileiras, lideradas pelo presidente da FIESP, Paulo Skaf, defendem que que a maioria dos trabalhadores tenha seus salários reduzidos, com redução proporcional da jornada de trabalho.

Em contrapartida não oferecem nada. Nem mesmo garantia de emprego para os trabalhadores.

A proposta dos empresários só serviria para aumentar a crise. Com a redução de salários e demissões, haverá redução do mercado consumidor, ampliando ainda mais os efeitos da crise.

No mundo todo, os economistas apontam no sentido inverso. Manutenção do emprego e ampliação do investimento público, políticas "anticiclícas" para conter a crise.

E quem diz isso não são os marxistas. São economistas neokeynesianos e ex-neoliberais, que perceberam que a vaca está indo pro brejo.

Holocausto em Gaza



Prossegue o ataque "preciso", "cirúrgico" das forças israelenses contra os terroristas do Hamas, na faixa de Gaza.

Hoje foram bombardeados e completamente destruídos três hospitais. Segunda a organização britânica Medical Aid for Palestinians, foram atacados os hospitais Al Wafe, no leste da Cidade de Gaza, e Al Fata, em Tal El Hawa, a oeste da Cidade de Gaza.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o hospital Al Quds, também foi atingido em um ataque israelese e teria ficado em chamas.

Também hoje, a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou que o prédio da sede de sua Agência de Ajuda aos Refugiados Palestinos (UNWRA) foi atingido por um bombardeio israelense na Faixa de Gaza.

Como crueldade pouca é bobagem, fósforo branco foi usado no ataque atribuído a Israel contra a sede da agência de ajuda humanitária.

O fósforo branco é uma substância incendiária cujo uso em armas é proibido por leis internacionais.

As chamas provocadas pelo bombardeio são difíceis de apagar e ainda ameaçam as cerca de 700 pessoas que estão abrigadas no complexo da agência.

“Nós não podemos usar extintores convencionais, porque acreditamos que há fósforo branco. Você só consegue apagar fósforo branco com areia e nós não temos areia em quantidade suficiente para fazer isso.”

“Setecentas pessoas estão lá. Não há nenhum lugar seguro para elas irem. Não podemos evacuá-los porque há confrontos do lado de fora”, afirmou um porta-voz da ONU.

Outro porta-voz, Johan Eriksson, disse que a ONU entrou em contato com as forças de defesa de Israel e eles garantiram que não iriam disparar contra os prédios da agência enquanto um grupo de funcionários tentava colocar os veículos com combustíveis em um lugar mais seguro.

“Quando nós estávamos começando a fazer isso, mais fósforo branco atingiu o complexo, e nós tivemos que abortar essa tentativa de mudar os tanques.”

"Eles (israelenses) têm as coordenadas de GPS exatas de todos os nossos escritórios na Faixa de Gaza, eles estão disparando contra a parte mais frágil de nosso complexo e (...) esta conduta é imperdoável"

As informações são da BBC.

Diante do holocausto promovido contra a população indefesa de Gaza, o governo da Bolívia, anunciou que rompeu relações diplomáticas com Israel em solidariedade com a população palestina.

E o Brasil, quando irá romper relações diplomáticas com Israel?

14 janeiro, 2009

De que lado você está?

Quando o governo Lula, do PT, vetou a emenda três, vibrei!
Seria o fim dos direitos da classe trabalhadora. Era a famosa "pejotização", defendida pelo PSDB e Democratas. Todos nós nos tornaríamos pessoas jurídicas e estabeleceríamos relações contratuais, facilitando ao contratante - antigo patrão -, que evitaria de pagar décimo terceiro, férias etc etc etc.
Naquele momento, orgulhei-me do Governo, do PT e do Lula.
A crise chegou ao Brasil. E com ela: demissões. As empresas pedem socorro financeiro ao governo. Este, pelo bem do Brasil, ajuda. Mas com uma condição, em parceria com as centrais sindicais, exige a garantia do emprego dos trabalhadores e, portanto, fim das demissões.
O vice-presidente da GM alega que o mercado deve dizer quando demitir e contratar, não sendo papel do governo impor algo. Vi no Jornal da Globo de ontem, com o narigudo direitista William Wack.
O não menos narigudo Paulo Skaf, da Fiesp, concorda com a GM. E critica a política de juros do Banco Central, com um detalhe: responsabilizando o governo Lula.
Qual o debate apresentado: o Estado deve intervir ou não na economia?
Sim, defende a esquerda.
Não, a direita. A moda agora é o neoliberalismo.
Entretanto, quando a crise chega, ditada pelas regras do mercado neoliberal, a GM quer o socorro do Estado. E ainda não quer que o Estado proteja a classe trabalhadora.
E começam os "pero que si, pero que no".
Então vem o Paulo Skaf, neoliberal convicto, e responsabiliza o governo Lula pelos juros, esquecendo-se de que a autonomia do Banco Central e, portanto, do Copom, é preceito fundamental do neoliberalismo.
Enquanto isso, o Willian Wack aplaude!
Em meio a este emaranhado de pressão empresarial, de poderosos, o Governo escolheu seu lado.
Posicionou-se ao lado dos que mais precisam. E mais uma vez, deixando-me muito orgulhoso!!!
É o Governo Lula. Do PT.
Contra o desemprego, defendendo o trabalhador.
É o governo que eu defendo!
É o meu Governo!!!

13 janeiro, 2009

Onde não há utopia não há futuro

Para dom Pedro Casaldáliga, somente a construção de um mundo só (e não dois ou três ou quatro) poderá salvar a Humanidade. Segundo ele, é utopia, mas uma utopia "necessária como o pão de cada dia"
Brasil de Fato - Como o senhor tem visto a devastadora crise que já afeta todos os países e principalmente a classe trabalhadora?
Dom Pedro Casaldáliga - Com muita indignação e revolta; com uma sensação de importência e ao mesmo tempo a vontade radical de denunciar e combater os grandes causantes dessa crise. Esquecemos, fácil demais, que a crise fundamentalmente é provocada pelo capitalismo neoliberal. Irrita ver governantes e toda a oligarquia justificando que as economias nacionais devam servir ao capital financeiro. Os pobres devem salvar economicamente aos ricos. Os bancos substituem a mesa da familia, as carteiras da escola, os equipamentos dos hospitais...
Eu estava comentando ontém (19 de dezembro) com uns companheiros de missão que a avalanche de demissões acabará justificando uma avalanche de assaltos, por desespero. Está crescendo cada dia mais o absurdo criminal de constituir a sociedade em duas sociedades de fato: a oligarquia privilegiada, intocável, e todo o imenso resto de humanidade jogada à fome, ao sem-sentido, à violência enlouquecida. Fecham-se as empresas, quando não conseguem um lucro voraz, e se fecha o futuro de um trabalho digno, de uma sociedade verdadeiramente humana.

Como o senhor analisa o papel dos movimentos sociais frente a atual conjuntura?
Já faz um bom tempo que, sobretudo no Terceiro Mundo (concretamente no nosso Brasil, na Nossa América), se vem proclamando por cientistas sociais e dirigentes populares que hoje só a participação ativa, pioneira, de movimentos sociais pode retificar o rumo de uma política de privilégio para uns poucos e de exclusão para a desesperada maioria. Os partidos e os sindicatos têm ainda sua vez; devem conservá-la ou reivindicá-la. Sindicato e partido são mediações políticas indispensáveis; mas o movimento social organizado, presente no dia-a-dia do povo, é sempre mais urgente, como uma espécie de "vanguarda coletiva".
Diante deste cenário, na sua avaliação, quais são as alternativas para os pobres do mundo hoje?
A alternativa é acreditar mesmo, que "Outro Mundo é Possível" e se entregar individualmente e em comunidade ou grupo solidário a ir fazendo real esse "mundo possível". O capitalismo neoliberal é raiz dessa crise e somente há um caminho para a justiça e a paz reinarem no mundo: socializar as estruturas contestando de fato a desigualdade socio-econômica, a absolutização da propriedade e a própria existência de um Primeiro Mundo e um Terceiro Mundo, para ir construindo um só Mundo, igualitário e plural. Com frequência respondo a jornalistas e amizades do Primeiro Mundo que somente a construção de um mundo só (e não dois ou três ou quatro) poderá salvar a Humanidade. É utopia, uma utopia "necessária como o pão de cada dia". Onde não há utopia não há futuro.

12 janeiro, 2009

OCDE: Brasil é o único país a "escapar de forte desaceleração"

As perspectivas econômicas para o Brasil continuam mais positivas do que para os países ricos e outras grandes economias emergentes, como a China, Índia e Rússia, segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgada nesta segunda-feira em Paris. A organização prevê que o Brasil é o único dos 35 países analisados no novo Indicador Composto Avançado que não deverá registrar forte desaceleração econômica nos próximos seis meses.

fonte: invertia

10 janeiro, 2009

Shministim




Os Shministim são jovens estudantes israelenses, todos com idade entre 16 e 19 anos, no final do segundo grau. Eles recusam o alistamento no exército de Israel por objeção de consciência. Estão presos por isso. Esses estudantes defendem um futuro de paz para israelenses e palestinos e negam-se a pegar em armas. Além da prisão, enfrentam uma enorme pressão da família, de amigos e do governo de Israel. No dia 18 de dezembro foi iniciada uma campanha mundial pela libertação desses jovens.

Meu coração está em Gaza



Um amigo, o Edi, ligou ontem e perguntou por que, há dias, não escrevo, não faço postagens no blog. Confessei: não consigo.

A agressão Israelense contra o povo palestino é tão mesquinha, tão covarde, tão intolerável, que me faz sentir a presença do mal absoluto.

Para o filósofo Adorno, depois dos horrores dos campos de concentração nazistas, não seria mais possível se escrever poesia. Nos últimos dias passei a entender exatamente o que Adorno queria dizer com isso.

O governo Israelense é um governo de ladrões, cujo primeiro ministro, Ehud Olmert, foi obrigado a se afastar após sofrer várias denúncias de corrupção. Sua sucessora, Tzipi Livni, do partido Kadima, deverá enfrentar eleições em breve e, para recuperar o prestígio de seu partido, decidiu atacar indiscriminadamente toda a população da faixa de gaza, onde vivem os combatentes do Hamas.

O Hamas é acusado de lançar misseis caseiros contra o território de Israel que, até o início da ofensiva israelense, não haviam causado qualquer morte. O Hamas justifica tais ataques em razão do cerco imposto por Israel à faixa de Gaza, cuja população foi privada até mesmo de ajuda humanitária.

Assim, o governo de ladrões assassinos de Israel, decidiu atacar a população civil da faixa de Gaza. Em poucos dias causou milhares e feridos e quase mil mortes, dentre os quais centenas de crianças. E colocou centenas de milhares de pessoas em situação insustentável, privados de agua, de energia elétrica, de comida, de remédios, de socorro, além de serem submetidos a bombardeios incessantes.

Israel foi condenado pela ONU e até mesmo seu principal aliado, os Estados Unidos, não tiveram coragem de vetar a resolução que exigia o cessar-fogo imediato. Apesar disso, Israel ignorou a resolução da ONU.

E segue cometendo toda natureza de crimes de guerra e contra à humanidade.

Em razão disso, este blog, dedicado em primeiro lugar as coisas de Bah!Caroço, nos próximos dias se ocupará basicamente de Gaza.

Porque meu coração está em Gaza.

05 janeiro, 2009

Era meia noite em ponto
quase 6 da manhã
um velho jovem
de pé sentado
numa pedra de pau
mudo dizia:
comi banana
e vomitei melancia