Carlos Marighella foi um dos maiores símbolos da luta política contra a ditadura iniciada no país com o golpe militar de 1964. De militante a um dos líderes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundou a organização clandestina Aliança Libertadora Nacional (ALN) e instaurou a guerrilha urbana, no período mais violento da história contemporânea do Brasil, os chamados "anos de chumbo" (1964 a 1979).
Considerado o "inimigo número 1 da ditadura", foi perseguido, preso várias vezes e torturado barbaramente.
No fatídico dia 4 de novembro de 1969, foi assassinado a tiros numa emboscada policial, no cruzamento das Alamedas Lorena e Casabranca, em São Paulo. Filho de imigrante italiano e de uma negra baiana, ligou-se cedo à vida política no PCB.
Em 1932, foi preso pela primeira vez com um grupo de estudantes e professores que protestavam contra a decisão do interventor da ditadura Vargas no governo da Bahia, Juracy Magalhães. Enviado ao Rio de Janeiro para articular no partido, em 1936, voltou às celas, onde foi torturado por participar da Intentona Comunista (1935).
As prisões, incluindo sete anos nos presídios de Fernando de Noronha e da Ilha Grande, terminaram em 1945 com a anistia. Ao sair da cadeia, elegeu-se deputado federal pela Bahia, em 1946, mas perdeu o mandato em 1948 com a cassação do registro do PCB. De volta à clandestinidade, ficou em São Paulo, onde se tornou o comandante máximo do PCB.
Após viajar à China, em 1953, insistiu na tese da luta armada e na formação de um exército de libertação nacional, tendo como modelo as idéias de Mao Tsé-tung e o Exército Popular Chinês, que promoveu a revolução de 1949 no país. As revelações dos horrores cometidos por Stálin, no XX Congresso da URSS, realizado em 1965, abalaram o partido, causando profundas divergências.
Após o golpe de 1964, Marighella recebeu voz de prisão dentro de um cinema no Rio: reagiu, foi baleado, espancado e preso. Liberado em 1965, por decisão judicial, escreveu Por que Resisti à Prisão, expondo com detalhes sua prisão, sua visão sobre a situação brasileira e, de encontro ao pensamento do partido, defendendo avidamente a luta armada. Expulso do partido em 1987, organizou a ALN.
Participou de atos revolucionários como roubos a bancos, assalto ao trem-pagador da Estrada de Ferro Santos–Jundiaí, com o Grupo Tático Armado (GAT), e o seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8).
Escreveu, pouco antes de morrer, o Pequeno Manual do Guerreiro Urbano – uma explicação sobre guerrilhas.
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