19 novembro, 2006

O mundo virado de cabeça para baixo

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O cavalo selando o cavaleiro, o pato assando o churrasqueiro, o peixe fisgando o pescador, o rato perseguindo o gato... Isto não é arte pós-moderna, é a resposta dos gravuristas ingleses às reviravoltas do século XVII.
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Estas são gravuras que circularam pela Europa na segunda metade do século XVII, contemporâneas da revolução burguesa na Inglaterra. Os historiadores da arte têm relacionado estas peças com a crise secular de desarticulação da sociedade feudal pelo capitalismo. Datam desta época as primeiras leis contra as formas de vida não relacionadas com o trabalho assalariado: a vadiagem, o furto, o latrocínio, a mendigagem, o ciganismo, a quiromancia e os artistas populares - época de grandes mudanças.
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Se botões-de-ouro zumbissem atrás de abelhas
Se barcos ficassem em terra firme, igrejas no mar
Se potros montassem homens e a grama comesse as vacas,
E gatos fossem escorraçados para buracos pelo rato,
Se as mamães vendessem seus bebês aos ciganos por metade de uma coroa
Verão fosse primavera e vice-versa.
Então todo mundo estaria de cabeça para baixo.
(cantiga popular do século XVIII)

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