04 fevereiro, 2007

Apenas uma missa

A Assembléia Legislativa de São Paulo está investigando os detalhes da contratação das empreiteiras que compõem o Consórcio Via Amarela, responsável pelo desastre na Linha 4 do metrô paulistano. Uma curiosidade salta à vista: vários deputados da comissão responsável pelos trabalhos receberam doações financeiras daquelas construtoras na última campanha eleitoral. São todas doações legais e os dados estão disponíveis nas prestações de contas junto ao TSE.

Da base governista: Orlando Morando (PSDB), vice-presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, Arnaldo Jardim (PPS, agora eleito deputado federal), vice-presidente da Comissão de Transportes e Comunicações, Roberto Morais (PPS) e Jorge Caruso (PMDB). A oposição tem também quatro representantes que receberam dinheiro: Sebastião Arcanjo (PT, não reeleito), presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, José Zico Prado (PT), Simão Pedro (PT) e Adriano Diogo (PT).

Apesar da coloração partidária indicar um possível equilíbrio político, quem mais arrecadou foram os governistas. O deputado que recebeu a contribuição mais expressiva foi Jorge Caruso (PMDB), da Comissão de Transportes e Comunicações. Ele arrecadou R$ 200 mil das empreiteiras. O valor representa 57% do total recebido pelo parlamentar, que teve R$ 349,89 mil como receita bruta de campanha.

Orlando Morando (PSDB) recebeu R$ 150 mil da OAS. Arnaldo Jardim (PPS) arrecadou R$ 50 mil da Camargo e R$ 100 mil da OAS. Por último, Roberto Morais (PPS) obteve R$ 40 mil da Camargo Corrêa. No total, a bancada ligada ao palácio dos Bandeirantes recebeu R$ 540 mil.

A ala petista arrecadou R$ 270 mil no total, assim divididos: Adriano Diogo R$ 140 mil (R$ 90 mil da Camargo Corrêa e R$ 50 mil da OAS), José Zico Prado R$ 90 mil da Camargo Corrêa, Simão Pedro, R$ 20 mil da Braskem (Odebrecht) e Sebastião Arcanjo R$ 20 mil da Braskem (Odebrecht).

fonte: Agência Carta Maior

A tal comissão foi criada para substituir uma CPI, proposta pelo PT e que teria maiores poderes e condições de apurar as causas do famigerado "buraco do Serra".

Diante de tais revelações, a investigação já acabou. Os deputados mencionados não têm condições políticas ou éticas para investigar as construtoras.

Reze-se uma missa pelas vítimas e esqueça-se do resto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Haverá um missa pelas vítimas da cratera do metro se o padre ou o bispo também não estiveram na folha de pagamentos da OAS.

Anônimo disse...

Para os petistas, saber dessas doações é uma vergonha. Muito muito triste.