Mais de 40 países pediram neste sábado a criação de uma nova organização nas Nações Unidas para discutir políticas ambientais. A proposta foi feita na cerimônia de encerramento da conferência internacional "Cidadãos da Terra", em Paris, como um grito mundial para o combate contra a degradação ambiental do planeta.
O medo da crescente ameaça do aquecimento global levou vários participantes da conferência a apoiar a criação de um novo organismo de regulação e fiscalização dos países que ainda adotam práticas que afetam o ambiente. "É nossa responsabilidade. O futuro da humanidade depende disso", afirmou o presidente francês Jacques Chirac, num apelo para que a questão ambiental esteja no centro das decisões e das iniciativas do planeta.
Chirac falou aos conferencistas um dia depois da divulgação do relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado na sexta-feira em Paris. O documento aponta a escalada do aquecimento global como conseqüência direta e inequívoca da ação do homem. Segundo o documento, a Terra terá um aumento real de temperatura de 1,8 a 4 graus centígrados apenas no século 21, e que por decorrência disso o mar terá um aumento de volume de até 58 centímetros.
O texto também prevê o aumento da incidência de fenômenos meteorológicos devastadores, como as fortes tempestades e os tornados inesperados que assolam a Flórida desde sexta-feira. O relatório afirma ainda que ações rápidas e de extensão global são, mais do que nunca, imprescindíveis.
Mas nem todos viram com bons olhos a idéia de uma agência global com poderes para definir e aplicar leis ambientais. Os principais poluidores do planeta - incluindo os Estados Unidos, China e Índia - não ofereceram apoio à idéia. Segundo eles, a Organização das Nações Unidas (ONU) já possui um órgão regulador dedicado à questão, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma), criado em 1972 e cuja sede fica na capital do Quênia, Nairóbi.
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