Estou postando de dentro da reitoria ocupada da USP, durmirei por aqui esta noite.
Até a última semana o prédio permanecia o tempo todo repleto de alunos, toda noite palestras muito boas no prédio do Conselho Universitário, chamado de CO (deveria ser CU, mas a universidade o considera um monossílabo ofensivo) - agora mesmo, acabou uma aula sobre arte e cultura islâmica.
Hoje o prédio está esvaziado, uns 60 alunos estão neste momento discutindo questões práticas da ocupação, já foram mais de 700 e a expectativa é o que o movimento se esvazie cada vez mais.
O DCE da USP, PCdoB e PT, abandonaram o barco, últimamente PSTU e PSOL também o fizeram, no momento apenas o Partido da Causa Operária (o PCO de Rui Costa Pimenta) e os independentes (anarquistas) defendem a permanência na reitoria.
Na universidade paira um ar de decepção, a sensação de que o momento de abandonar o prédio de maneira vitoriosa passou, exatamente, quando o governador editou o Decreto Declaratório - era aquele o momento de dizer: vencemos, o Serra perdeu!
Precionado pela opinião pública, Serra reeditou o texto de Janeiro dos famigerados decretos, justamente no ponto que mais alarmava os estudantes, onde se vinculava 75% das pesquisas realisadas nas universidades paulistas à pesquisas do tipo operacional e 25% à pesquisa de ponta - voltou atrás.
Os cursos da FFLCH (História, Geografia, Letras, Filosofia e Ciencias Sociais), além de Física e Matemática, seriam os mais atingidos - nada de física quântica nem reflexões sobre a História do Brasil e literatura.
Os departamentos de Agronomia, Escola Politécnica, Economia e Química seriam os maiores "beneficiados", devido a invasão de empresas privadas que se beneficiam de suas pesquisas, como no Departamento de Química que mantém uma grande produção "acadêmica" na área de cosméticos (pesquisa operacional) para a indústria de beleza Avon.
Até mesmo a reitora Suely Vilela, aceitou mais da metade dos pontos da pauta de reivindicações, entre eles, contrução de novas moradias estudantis - até aquele momento inédito.
O tempo passou, o Serra já esta tranquilo e a reitora voltou a sua posiçao inicial. A ocupação perdeu força e deve acabar na próxima segunda-feira, no máximo.
Mesmo assim, com ou sem ocupação a greve dos estudantes deve continuar, os professores encerraram a sua greve na semana passada depois que o governador ofereceu-lhes um bônus de R$ 200,00 (pouco pra quem recebe cerca de R$ 5.000,00) - "o preço de um intelectual" -, isso me fez lembrar o Mangabeira Unger.
O prédio da História, onde estudo esta todo cheio de cadeiras nos corredores para impedir que os professores tentem dar aula, alguns professores ameaaram punir alunos enquanto outros se propuseram a não dar aula enquanto a greve estudantil continuar.
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