24 junho, 2007

Gestores da confiança tucana


Recentemente o vereador Arnô Pereira (PT) pediu explicações à prefeitura pelo exagero na contratação de funcionários em cargo comissionado, os famosos "cargos de confiaça".

O Ministério Público, em março deste ano, investigou a contratação de 12 "gestores de educação" comissionados com vencimentos de R$ 4.501,00. O procedimento atendeu a representação apresentada pelo vereador Moacir Luís (então no PSDB); mas o promotor Jorge Marum afirmou não ter encontrado irregularidades.

Em Sorocaba, diretores e vice-diretores de escolas são portadores de "cargos de confiança", o que é um absurdo, pois trata-se de um cargo técnico, só recentemente a prefeitura realizou o concurso público para compor quadros de diretores e vices. Na prática, muitos diretores não tem nem formação pedagógica específica.

Na escola municipal onde conclui o ensino médio, "Flávio de Souza Nogueira", a diretora tinha apenas licenciatura em História. Sua incapacidade técnica era reforçada por sua burrice, ela me proporcionou uma das cenas mais bizarras da minha adolescência.

Eu tinha de 15 para 16 anos e era membro do grêmio estudantil e, para realizar um ato público em defesa do Passe Livre, passamos uma lista de adesão de alunos que não entrariam na aula e seguiriam para o ato - a diretora ameaçou dar suspenção aos alunos que fossem e nos chamou em sua sala - tentamos argumentar que era um ato pacífico e coisa e tal, o que foi inútil, no final, ameaçamos fazer "paredão" e paralisar todas as aulas, a pobre cupincha se desesperou e aos prantos expôs-nos sua condição de "gestora" tucana:
"pelo amor de Deus, sou uma mulher sozinha no mundo, meu pai morreu e meu marido me largou, a única coisa que eu tenho na vida é este cargo de confiança e o Sr. prefeito me mandará embora se houver qualquer manifestação política contrária a ele aqui na escola"

Na época eu nem sabia o que era cargo de confiança, mas logo depois soube que, em Sorocaba, isto era sinônimo de Tucano ou puxa-saco.

Existe um cargo na prefeitura chamado de Administrador de Próprios, organismos do município que possuam instalação física precisam deste "gestor" (zelador) - sua provisão é feita por indicação e o Ministério Público não acha que isto seja irregular.

A forma mais comum de se conseguir um cargo desses e ser parente ou cabo eleitoral de vereadores governistas e do prefeito em exercício.
Concordo que muitos cargos de coordenação na administração pública devam ser preenchidos em cargos comissionados, são cargos ligados a uma determinada lógica política, uma tal política de saúde ou educação. Mas existem centenas de cargos técnicos que são tratados de maneira política.

Diretor de escola não pode ser um cargo político, da mesma forma, um administrador de centro esportivo deveria ser alguém que tivesse conhecimentos de administração e de esportes - no entanto, muitos destes cargos estão no poder ex-candidatos e pré-candidatos a vereador que conseguiram mostrar um determinado valor eleitoral ao partido do governo.

Um comentário:

L. Archilla disse...

AHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAH!!!

ri alto aqui no trabalho quando li a fala desesperada da diretora!!!