O advogado Ives Gandra Martins, em artigo publicado no Jornal do Brasil, em 14/08/07, e reproduzido no jornal Cruzeiro do Sul, de 16/08/07, procura justificar sua participação no movimento conhecido como "Cansei". Um cansaço seletivo.
Diz que trata-se de um movimento apartidário. Porém, após elencar uma série de desmandos históricos "dos governantes", acrescenta: "não resolvidos nesses quase 5 anos de governo Lula". Portanto, ele não está cansado de mais de uma década de governo tucano em São Paulo. Não está cansado da FEBEM, da situação caótica da segurança publica, da corrupção generalizada no governo paulista. Também não está cansado da péssima qualidade da educação oferecida aos nossos jovens. Principalmente depois da famigerada "progressão continuada". Também não está cansado da cratera do Metrô, também conhecida como "buraco do Serra".
Não. Ele só cansou do governo Lula.
O jurista procura defender a seccional paulista da OAB, promotora do "Cansei". Afirma que a entidade foi o "pulmão da sociedade" durante o regime militar. Tal afirmação me parece bastante pretensiosa.
Os "pulmões da sociedade" foram sufocados - estavam presos ou eram caçados nas ruas. A OAB – com honrosas exceções – fazia parte do status quo durante a ditadura militar. Era parte do ordenamento jurídico dos generais, de seu arcabouço institucional. Assim como o ministério público e o poder judiciário. Todos seguiam com suas vidas, apesar do AI-5, das torturas e prisões. Recebiam seus salários e indignavam-se em silêncio.
Ou alguém recusou-se a cumprir algum dos atos institucionais, ou julgá-los sem validade?
Portanto, cuidado ao se aproximarem da democracia. É uma dama honesta, mas de má-reputação, que ficará ruborizada com esse tipo de companhia.
Vocês, elite dominante, gostando ou não do termo, governaram esse país durante séculos e são responsáveis por nosso atraso, subdesenvolvimento e miséria.
Na verdade quem cansou foi a sociedade brasileira, que derrotou, em duas eleições, esse pensamento elitista. Tentem se reorganizar, disputar mais uma vez. Quem sabe em 2010?
Até lá, fiquem em Campos do Jordão, organizando exposições de cachorrinhos.
Descansem em paz.
20 agosto, 2007
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