Por Maíra Fernandes
Quando Gilberto Gil disse na primeira estrofe de sua música "Cultura e a civilização" - "A cultura e a civilização, elas que se danem, ou não..." - a intenção, explícita no decorrer da letra possibilita o entendimento de que tratava-se de um desabafo contra a forma burocrática e equivocada na classificação sobre ambas, que, em muitas vezes, acabam por ser vistas de forma estanque.
Ainda na mesma música, que compõe o álbum de 1969, ele expressa nas demais estrofes que o que o interessa é seu licor de jenipapo, o papo e as noites de São João - manifestações e características típicas da (sua) cultura nordestina, que contrapõe-se à primeira frase, afirmando que a cultura é resultado da civilização e, a civilização, reflexo de sua cultura. Assim como Gil, o músico e pesquisador sorocabano, Maurício Sérgio Dias, acredita que vê-las separadamente, é não compreender, de fato, nem uma, tampouco outra."O que falta é entendimento sobre o que é cultura".
Entender a cultura é um desafio moderno, pois ela não se restringe apenas a determinadas atividades e manifestações artístico-culturais. Muito mais ampla, ela comporta valores, pensamento, arte, ética, estética, sociedade.
Para uma gama de artistas sorocabanos, falta ao poder público esse entendimento, que vislumbre a cultura em um contexto social mais profundo, considerando-a como necessidade básica assim com saúde, moradia e saneamento básico, e compreendendo a importância da cultura para a formação da identidade tanto de uma nação, quanto de um vilarejo.
Publicado na Revista Revista Cidade, do dia 15 de agosto
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