21 setembro, 2007

Strangelove, Bush e o Dr. Fantástico

Sempre gosto de assistir o filme Doutor Fantástico de Stanley Kubrick, diretor de Laranja Mecânica, Lolita, Spartacus, 2001, De Olhos Bem fechados... Nesse filme ambientado na guerra-fria, vimos como a humanidade pode correr o risco de ser riscada do planeta pela simples ação de uns poucos homens de muito poder.

OS EUA mantinham naquela época e mantém ainda hoje uma esquadrilha de 16 bombardeiros B52 carregados com ogivas nucleares, cada avião permanece voando fora da fronteira russa, mas sempre a menos uma hora de um alvo dentro daquele país. A esquadrilha recebe ordens de comando de uma base dentro do território estadunidense e, em caso de guerra total, essa base cortaria todo o contato com o mundo exterior, os bombardeiros atingiriam seus alvos muito antes que os misses ICBMs (nuclear de longo alcance), de ambos os lados fossem lançados - seriam sempre o primeiro disparo de uma guerra total.

No filme o coronel que comandava a base militar e dava a ordem de ataque aos B52 enlouqueceu, fez com todos os seus soldados pensassem que estavam sob ataque soviético e ordenou que os bombardeiros atingissem a URSS, sua intenção era que os EUA deveriam dizimar os russos, fez-se uma conta de que pelo menos umas 10 mil pessoas sobreviveriam em câmaras subterrâneas com belas mulheres reproduzindo constantemente para dar seguimento a uma nova humanidade... o resto do filme é espetacular e eu não conto, uma tragicomédia no melhor estilo do Kubrick.

A melhor cena do filme é quando o capitão do bombardeiro precisa trepar na bomba para solta-la, pois o dispositivo automático falhou, ele é lançado junto com a bomba e naquele momento grita de tanto êxtase

Mas por que resolvi postar isto agora?

A semana passada o presidente russo anunciou que vai retomar os vôos de bombardeiros estratégicos próximos aos alvos nos EUA e na atual União Européia, o mundo mudou muito mas a beligerância continua, vôos que tinham sido encerrados com o fim da URSS em 1992 (por contensão de despesas), ajudando a manter o ambiente de segurança pós guerra-fria, agora são retomados. Em todo o mundo se pensa que vivemos, desde a queda do muro de Berlim, uma era de paz e tranqüilidade, só interrompida de evz enquando por ataque de bárbaros terroristas.

Não sou pessimista, mas todo esse ambiente pacífico me faz lembrar a Belle Époque, momento ligeiramente anterior a primeira guerra mundial de euforia e paz e que nas palavras Erick Hobsbawm, um dos mais sensíveis historiadores do século XX, “foi uma era de paz sem precedentes que antecedeu uma era de guerras igualmente sem precedentes”

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