16 novembro, 2007

Democracia Latino-americana: Chávez, Morales, Correa e Daniel Ortega

Hugo Chávez tem uma série de defeitos, no entanto defeitos muito aparentes em lideres políticos, principalmente os carismáticos, na maioria das vezes tendem a esconder a situação social em que estão inseridos.

Não é simples entender os fenômenos políticos latino-americanos da última década: Chávez, Morales, Correa e Daniel Ortega.

Venezuela, Peru, Nicarágua, Colômbia e Bolívia passaram o século XX por graves crises sociais e políticas, a interferência dos EUA foi fundamental para criar uma situação de miséria e impediu o fortalecimento de qualquer instituição republicana ou democrática no pais, nesses países democracia é sinônimo de discurso, um discurso bem vago - há uma guerra civil nesses países que perdura por mais de meio século.

Esses dias um amigo, o Daniel Lopes, perguntou o que eu achava sobre a reforma constitucional da venezuelana, se ela não seria uma ditadura dentro da democracia, visto que ela tornaria a reeleição perpetua.

Minha resposta foi um tanto desanimadora, eu acho: não sei se as reformas vão acabar com a democracia, assim como também não sei se algum dia houve democracia na Venezuela, por outro lado o conceito de democracia é muito relativo. Será que existe participação popular numa democracia de modelo burguês como a nossa?

Acho que o melhor regime possível para nosso país hoje é o democrático, mesmo que seja o democrático burguês, é difícil fazer considerações sobre outros pais sem conhecer a sua realidade social.

Ouvi falar que o movimento estudantil venezuelano é contra a reforma constitucional. Ora! Mas que movimento estudantil? Se for o que eu estou pensando, eles apoiaram a tentativa de golpe militar em 2000. Vi-os na televisão, um grupo de jovens brancos muito bem vestidos que destoa do resto da população. Na Venezuela, além da divisão entre classes existe uma excludente divisão racial, os apoiadores de Chávez além de serem os mais pobres formam um grupo de mestiços de índios e negros, que sempre estiveram alijados do processo político. Nas manifestações de rua contra Chávez em Caracas, vemos senhoras loiras, muito bem vestidas, muito provavelmente membros da elite, são a minoria da população que sempre estiveram no poder – é o cansei latino.

Voltando ao assunto, em se tratando de democracia, Chávez é um grande avanço para a história política da Venezuela. Ele tem ainda o mérito de incluir o povo venezuelano na ordem do dia, tenta reverter o processo de concentração de renda e usa o dinheiro do petróleo para desestabilizar o imperialismo dos EUA na América Latina.

Para o Brasil melhor se houvesse uma democracia de participação popular em uma nova República que mantivesse seus dispositivos para neutralizar o poder do capital. Talvez fosse o inicio do socialismo democrático. Quem sabe um dia chegaremos lá.

Mas não se iluda isto aqui não é uma democracia!

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