11 março, 2008
Dilma chorou. Nós devemos chorar.
Dilma Rousseff chorou. Deu-se no Senado, durante uma homenagem às mulheres. A lágrima é, por vezes, associada à fragilidade. No caso de Dilma, o choro como que tonificou a sua fama de dama de ferro.
A emoção da ministra subiu-lhe às pálpebras no instante em que rendia homenagens a Terezinha Zerbini. Não é uma amiga qualquer. Presa em 16 de janeiro de 1970, sob a ditadura militar, Dilma encontrara Terezinha no calabouço.
Dilma era, já nessa fase, dura na queda. Amargou quatro anos de uma cana duríssima. Apanhou, foi ao pau-de-arara, levou choque. E não entregou um mísero companheiro de armas.
Deve-se ao repórter Luiz Maklouf a mais reveladora entrevista de Dilma sobre essa fase em que a ministra avistou-se com Terezinha.
“Eu agüentei”, disse Dilma ao repórter. “Não disse nem onde eu morava”. Instada a relembrar as agruras a que fora submetida, a ministra disse coisas assim: “Mandaram eu tirar a roupa. Eu não tirei [...]. Eles me arrancaram a parte de cima e me botaram com o resto no pau-de-arara. Aí começou a prender a circulação. Um outro xingou não sei quem, aí me tiraram a roupa toda. Daí depois me botaram outra vez.”
Ou assim: “[...] Fizeram choque, muito choque, mas muito choque. Eu lembro, nos primeiros dias, que eu tinha uma exaustão física, que eu queria desmaiar, não agüentava mais tanto choque. Eu comecei a ter hemorragia [...].” Choques “em tudo quanto é lugar. Nos pés, nas mãos, na parte interna das coxas, nas orelhas. Na cabeça, é um horror. No bico do seio. Botavam uma coisa assim, no bico do seio, era uma coisa que prendia, segurava. Aí cansavam de fazer isso, porque tinha que ter um envoltório, pra enrolar, e largava [...].”
Dilma, como se vê, chorou ao recordar dos efeitos de sua disposição de aço.
fonte: blog do Josias de Souza
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