17 abril, 2008

Sobre o texto do historiador Carlos Cavalheiro ("Só faltava essa")

Resgatar a história é uma atividade que engrandece o homem. Pretender manipulá-la para satisfazer obscuros propósitos é, ao contrário, cometer a mais severa injustiça com o passado, debochar do presente e confundir o futuro. Infelizmente, parece ser a esta segunda corrente que se aliam aqueles que, por emails disparados pela internet, pretendem censurar a iniciativa de se atribuir o nome de Francisco Moron Fernandes, saudoso cidadão sorocabano, a um viaduto da rodovia senador José Ermírio de Moraes.
No afã de atacar a história do homenageado, a memória seletiva e apressada dos “denunciantes” não poupou esforços. Foi pinçar uma pequena nota publicada em jornal no ano de 1937 (!) para, com base nessa única fonte, associar o nome de Francisco Moron a uma suposta agressão de um operário, num ato —prossegue a confabulação divulgada - motivado pela sua adesão ao movimento integralista de então.
Francisco Moron faleceu em 1988, ou seja, mais de 50 anos após a notícia de jornal que está sendo reproduzido com júbilo pela internet por aqueles que tentam manipular a nossa história. Portanto, não era necessário vasculhar depósito de jornal algum. Nem mesmo era preciso pesquisar nos arquivos judiciais —providência salutar mas que, aparentemente, passou despercebida pelos denunciantes—para constatar que Moron jamais foi condenado pela prática de qualquer crime. Bastava perguntar às diversas gerações de sorocabanos que puderam conviver com Moron para saber que a vida deste cidadão não pode ser julgada por um recorte de jornal.
Francisco Moron Fernandes sempre foi um homem compromissado com a nossa gente. Em 1932, quando tinha apenas 18 anos, alistou-se como combatente na Revolução Constitucionalista e lá, ao lado de tantos outros paulistas, defendeu as suas crenças e lutou com convicção. Um pouco mais tarde, recém-casado, inscreveu-se como recenseador do governo brasileiro na realização do grande Censo da década. Construiu uma grande e exemplar família. Estabeleceu-se como comerciante e marcou posição, em sua época, como respeitável empreendedor, contribuindo para o desenvolvimento de Sorocaba. Participou voluntariamente, até o fim de sua vida, como Vicentino em nossa cidade, numa mostra do homem que atuava firmemente em prol das causas que acreditava.
Se, durante uma época, simpatizou-se com o integralismo, o fez com essa mesma convicção e espírito público, convicto de que era isto o que demandava o seu desejo de ver consolidada uma verdadeira nação brasileira. Independentemente do mérito desse posicionamento, uma coisa é certa: não era o único humanista nesse movimento, pelo qual também passaram notáveis brasileiros como Gofredo da Silva Teles, Miguel Reale, San Tiago Dantas, Vinícius de Moraes ou Dom Hélder Câmara, entre tantos outros.
Não julgamos qualquer desses cidadãos por algum acontecimento isolado de suas vidas. O mesmo pedimos àqueles que se ocupam em difamar Francisco Moron: defendam-no ou critiquem-no, mas o façam pelo o que ele realmente foi, pela sua história de vida, pela contribuição que deixou às gerações futuras. Jamais por suposições e criações mentais baseadas em algumas linhas de jornal.
Dr. José Francisco Moron Morad – RG 4284547

4 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Família do saudoso Moron
Conheci e fui amigo da ilustre família do SR Moron.Só que não o conheceu pra escrever essas barbaridades....
Culto. Integro. Honesto.
Trabalhador e batalhador.
Veio e venceu.Famíla unida.Todas as qulaificações que eu escrever serão poucas para descrever o que acho dessa digna famíla.
Tentar escrever para quem nem aqui está ....... muito me admirou....
ELE vive como disse um amigo ai em nosso corações......
Não aos pontilhões sÃO de tijolos, caro Carlos, seu Moron era só coração.......
Ele vive em nossas CORAÇÕES, NÃO PRECISAMOS DE MUROS DE TIJOLOS COM NOME DE TÃO ILUSTRE PESSOA.
Á TODOS DA FAMÍLIA MEUS PARABÉNS POR TEREM TIDO ESSE GRANDE HOMEM COMO EXEMPLO.


SEU AMIGO E IRMÃO .

Anônimo disse...

Tomemos Moron como exemplo, morte aos comunistas, ditadura já!

Anônimo disse...

Tomemos já o "anônimo" como exemplo: morte aos que assinam o próprio nome.

Parabéns ao grande "historiador" que conseguiu seu intento, ao menos em sua patota, transformando meu avô em símbolo de facismo.

Tal "transformação" somente poderia sair da cabeça de um idiota (teria outros adjetivos, mas este pode). Naturalmente o historiador poderia ter lido Gramsci (no original, naturalmente, mas não o tenho em tal alta conta) e aprender a manipular os fatos com maior galhardia.

Por idiota preferiu usar Goebbels: repita até que se torne verdade.

Funciona no nível federal, deve funcionar nas pequenas picuínhas paroquiais.

Anônimo disse...

Não me admira tal violência. Afinal, ameaças de morte sob o anonimato, gritos de ordem bradando ódio e a velha surrada desculpa de que, “tudo isso é pelo bem da nação”, não passam de práticas muito comuns das mentes intolerantes e autoritárias que insistem em dominar o planeta. Só na cabeça de gente assim é que cabe um mundo tão uniforme e “perfeito” onde não há espaço para o outro (e menos ainda para o diferente)... Não me admira também o medo, pois a violência praticada por estes indivíduos (seja ela intelectual, verbal ou física) é proveniente do medo. O medo de aceitar que o outro e o diferente fazem parte do mesmo mundo que eles e que não há outra saída senão conviver com todas estas diferenças. Contudo, este medo gera ódio, e este ódio se espalha nas formas mais atrozes que a História nos fez conhecer.

Porém o que me chama mais atenção e me faz questionar é; por quê eles têm tanto ódio? Imediatamente tenho que recorrer a História e percebo que todos fascistas que saíram do anonimato defendiam apenas seus meios de exploração e que o resto do discurso é pura retórica na forma de lavagem cerebral para convencer a quem puder a abraçar suas idéias. Se observarmos o comportamento dos maníacos autoritários do século XX que lançaram seus povos em guerras sangrentas, logo vamos perceber que pouco importava o bem estar da nação, o futuro da mesma e de suas gerações, só lhes importava aumentar seus domínios planeta afora custe o que custar. Dessa forma só consigo chegar a uma única conclusão. Tudo isso não passa de uma fantasia burguesa desesperada...

Porém o mais admirável é ver, às luzes do século XXI, torpes idéias fascistas tão desgastadas serem defendidas ferozmente! Muito já nos foi ensinado pela História sobre os maníacos que tentaram dominar o mundo e de como o mundo sofreu com a violência e a intolerância propagada por eles e suas doutrinas! O saldo negativo que colhemos hoje no Brasil e no mundo vem de anos de ditaduras brutais nas Américas, de guerras étnicas espalhadas pelos continentes mais pobres do globo terrestre e principalmente pelo sentimento de intolerância que alguns ainda insistem em defender e propagar. Portanto, se há um lugar ideal para estas idéias torpes e seus hospedeiros, este lugar é abaixo de sete palmos, em solo que não germine nem erva daninha!
Aos fascistas nem água, que dirá homenagens!