19 junho, 2008

Aos representantes do parquet

A pré-candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, foi multada na última terça-feira em R$ 42,5 mil por propaganda eleitoral antecipada por entrevistas concedidas ao jornal "Folha de S.Paulo", do grupo Folha da Manhã, e à revista "Veja São Paulo", da Editora Abril.

As empresas que veicularam as entrevistas foram multadas em R$ 21,2 mil cada, segundo informações do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo.

A multa não faz sentido. Marta concedeu entrevistas à revista e ao jornal, cujo conteúdo é editado pelos jornalistas. Por sinal, quando foi anunciado que a multa era extensiva às publicações, diversas "lideranças" se manifestaram contra o "atentado à liberdade de imprensa". Nenhuma palavra sobre a pré-candidata que foi punida.

De qualquer forma, se a multa está correta, então também deve ser punido o prefeito Vitor Lippi faz campanha há meses, todas as semanas, nas rádios Cruzeiro de Sul e Jovem Pan, às quartas-feiras, quando concede entrevistas, fala de suas obras, anunciou que é candidato a reeleição e faz campanha de forma explícita.

Mais grave: segundo Carlos Veloso, ex-presidente do TSE, o rádio e a TV são concessões públicas; a revista e o jornal, não. Dessa forma, Marta não poderia ser punida, a não ser que tivesse feito uso de programas de rádio ou TV. Exatamente o que o prefeito Vitor Lippi fez.

Deve ser punido o candidato Lippi e as rádios Jovem Pan e Cruzeiro do Sul, multados com o rigor da lei.

Caso contrário, ficará demonstrado que a Justiça não brilha para todos da mesma forma.

Com a palavra nossos ilustres representantes do parquet, que agirão, certamente, da mesma forma que seus colegas, autores da representação contra Marta.

Ou deixarão claras suas simpatias tucanas.

Um comentário:

Reinaldo disse...

Em tempo: A menção “Parquet” (termo traduzido para o português como “assoalho”), usada com referência ao Ministério Público, provém da tradição francesa, assim como as expressões “magistrature débout” (magistratura de pé) e “les gens du roi” (as pessoas do rei). Com efeito, os “procuradores do rei”, antes de adquirirem a condição de magistrados e conquistarem assento ao lado dos juízes, tiveram inicialmente, lugar sobre o assoalho (parquet) da sala de audiências, ao invés de ocupar posição sobre o estrado, lado a lado à “magistrature assise” (magistratura sentada). Entretanto, a história culminou por consagrar o uso dos termos “Parquet” e “Magistrature Débout”, utilizados até hoje para identificar a instituição ministerial.