A Crise não é um elemento destruidor do capitalismo ipso facto, crises econômicas são recorrentes desde os seus primórdios e, por mais que possam colocar em risco a hegemonia de um país dentro do sistema, ela produz antes a miséria e a fome, quem mais sofre são os pobres, pois os prejuízos são sempre descontados socialmente. O contrário acredita a economia política liberal, que não admite que o capitalismo possui uma tendência irrefutável para a crise, no que adquiri lógica a afirmação corrente, de que a crise poderá trazer o fim do mundo. Agradável equivoco liberal, não fosse sabermos que o fim vem apenas para aqueles que morrem, e que nesse caso, quem morre são os mais pobres. Fico ainda aliviado ao saber que, entre os liberais há uma desconfiança muito grande para com a história, e que por isso, eles temem a crise como nós tememos a morte.
Das teorias sobre o capitalismo, tanto a teoria keynesiana quanto a marxista admitem que o capitalismo possui esta tendência autodestrutiva, na economia liberal, pelo contrário, os inimigos da "liberdade" são sempre de ordem externa, entrando o sistema em equilíbrio quando deixado livre, a cargo de sua autoregulamentação. Para a teoria Keynesiana, o Estado deveria estabelecer mecanismos de regulamentação para salvar o capitalismo, havendo portanto, uma saída para o impasse que não passa pela negação do sistema, o que culminaria nas políticas do chamado “estado bem estar social”, propagadas após a crise de 1929 e a segunda guerra mundial.
Na teoria marxista, o próprio comportamento da produção, desregulada, tendo como único objetivo o lucro máximo e a máxima exploração do trabalho, teria como resultado, a longo prazo, a queda gradativa da taxa de lucro, além de uma crise de superprodução; a proposta marxista, diferente da Keynesiana, considera a superação pela negação do sistema capitalista, ou seja, pela revolução que transformaria as bases individualistas e irracionais do capitalismo, e que pela tomada do poder pelos trabalhadores.
O Capital, de Karl Marx, foi escrito em 1867 (livro I), antes da crise financeira que se abateu sobre o penúltimo quartel do século XIX; entre 1848 e 1875, o historiador Eric Hobsbawm, delimitou o que ele chamou de A Era do Capital, período em que se fortificaram as bases do capitalismo industrial e se propagou o liberalismo como a ideologia dominante da burguesia. Este foi o período onde o capital dominou inconteste, mas, após a crise financeira, com a Europa quase quebrara, a liberdade de comércio passou a ser combatida como medida para sair da crise, no final do século as nações européias lançaram-se aos monopólios e a concorrência deixou de ser inter-capitalista e passou a se estabelecer entre Estados, o que culminaria, mais tarde, com a primeira-guerra mundial.
Esta crise marcou a substituição da Inglaterra pela Alemanha (temporariamente), como grande potência capitalista, seguida de perto pelos EUA. Acreditava-se, na época, que a concorrência entre capitalistas individuais atingiria, em escala, todo o globo, mas o que se deu após 1875 foi exatamente o contrário, como pode perceber Lenin, em seu livro Imperialismo fase superior do capitalismo (1916), Estados passaram a concorrer entre si e o liberalismo foi perdendo força, a estratégia revolucionária leninista levaria esta característica em conta - sair da guerra era uma necessidade urgente e com este propósito se lançaram os bolcheviques.
Esta crise marcou a substituição da Inglaterra pela Alemanha (temporariamente), como grande potência capitalista, seguida de perto pelos EUA. Acreditava-se, na época, que a concorrência entre capitalistas individuais atingiria, em escala, todo o globo, mas o que se deu após 1875 foi exatamente o contrário, como pode perceber Lenin, em seu livro Imperialismo fase superior do capitalismo (1916), Estados passaram a concorrer entre si e o liberalismo foi perdendo força, a estratégia revolucionária leninista levaria esta característica em conta - sair da guerra era uma necessidade urgente e com este propósito se lançaram os bolcheviques.
Keynes, que escreveu após a emergência dos impérios e durante a segunda grande guerra, viu as bolsas de valores despencarem em 1929, e no momento em que o capitalismo sofria uma recessão sem fim (1944), ele propôs que a intervenção do Estado na economia seria a solução. Através do manejo da taxa de juros e com o consumo assegurando pelo Estado, o economista inglês, ofereceria, pela primeira vez, uma teoria capaz de responder ao incomodo Marx. Em sua proposição, a produção seria capaz de obedecer a uma curva de crescimento contínuo, desde quer a demanda fosse sempre garantida. O agente econômico teria uma tendência a manter a liqüidez de seu capital, caso não fosse assegurada uma expectativa de lucro a longo prazo. O Estado garantiria esta lógica ao incentivar que a massa de trabalhadores ingressasse no mercado de consumo.
O consumo de massa seria uma característica da segunda metade do século XX e a crise 1929-32 encerraria o período de substituição da hegemonia britânica. Derrotada a Alemanha, os EUA passaram ao papel de potência hegemônica do capitalismo.
A garantia estatal do consumo esta dentro das chamadas políticas de “bem estar”. Ao fazer isto, os países capitalistas davam uma resposta também a ameaça do socialismo, que há tempos amedrontava as burguesias nacionais européias, que crescia espantosamente.
Mas, na década de 1970, o avanço soviético tinha se mostrado um medo do passado, os países comunistas continuavam restritos a Europa central e oriental, além de Cuba e Coréia do Norte, a influência soviética ia um pouco mais longe, oriente médio e partes da Ásia, a China, apesar de comunista, aproximava-se dos EUA e se mostrava hostil a URSS. Apesar da guerra fria e do grande número de conflitos armados envolvendo EUA e URSS, a tranquilidade parecia garantida.
A garantia estatal do consumo esta dentro das chamadas políticas de “bem estar”. Ao fazer isto, os países capitalistas davam uma resposta também a ameaça do socialismo, que há tempos amedrontava as burguesias nacionais européias, que crescia espantosamente.
Mas, na década de 1970, o avanço soviético tinha se mostrado um medo do passado, os países comunistas continuavam restritos a Europa central e oriental, além de Cuba e Coréia do Norte, a influência soviética ia um pouco mais longe, oriente médio e partes da Ásia, a China, apesar de comunista, aproximava-se dos EUA e se mostrava hostil a URSS. Apesar da guerra fria e do grande número de conflitos armados envolvendo EUA e URSS, a tranquilidade parecia garantida.
O período que vai do pós-guerra a década de 70 é considerado a era de ouro do capitalismo - ainda que possamos contar um grande número de pequenas crises -, no final dele, as contradições do sistema, atenuadas até então pelas políticas de “bem estar”, mostravam-se mais agudas, e, apesar disso, a confiança na vitória do capitalismo, fez com que o fordismo (produção em massa) e o keynesianismo (regulamentação estatal) fossem superados. As políticas econômicas voltaram-se para os pilares da economia clássica liberal outra vez, esse revigoramento liberal ficou conhecido desde então como neoliberalismo, buscou-se destruir todas as políticas sociais implementadas até o momento, e um novo discurso privatista e anti-social tomou conta dos economistas.
Com a queda do muro de Berlim o discurso neoliberal (chama-se disrcurso neoliberal porque não se trata de uma nova teoria econômica, mas um apelo a retomada do liberalismo) ganhou ainda mais força, em 1989 as potências mundiais se reuniram em Washington, ali traçaram os parâmetros que os países deveriam adotar, individualmente, para fortalecer o livre mercado, as medidas proporcionavam ao capital financeiro liberdades quase ilimitadas. O apelo liberal foi tão grande que aquele conjunto de medidas foi chamado de “o consenso de Washington”.
Mas, se por um lado a receita liberal era colocada como norteadora do progresso, os políticos e economistas neoliberais, simplesmente ignoraram as crises que se ocorreram no mundo capitalista, principalmente naqueles países que haviam seguido o consenso: o México quebrou em 1995, a chamada crise asiática de 1997, quebrou a Rússia (perdendo 30% do PIB), e a Argentina, que até hoje não se recuperou. E os economistas liberais culparam (pasmem!) o México e a Rússia por incompetência, por não seguirem corretamente o consenso. No Brasil, o presidente Fernando Henrique Cardoso, conseguiu se reeleger em 1998, vendendo o discurso de que as reformas liberais ainda não haviam sido implementadas, e que o Brasil, correria também o risco de cair numa grave crise, caso não se obedecesse as determinações do FMI, ou seja, caso não fosse reeleito.
O capitalismo foi vendido como o fim último da humanidade. O mercado livre, por si só, levaria o mundo para mais uma temporada de prosperidade, a história teria agora o seu fim. Além disso, anunciou-se o fim das utopias e do socialismo. Não sem razão, pois, se no final do século XIX o chanceler alemão, Otto von Bismarck, não tinha dúvidas que, num futuro próximo, o socialismo dominaria o planeta, e se os empreendedores do “Estados de bem estar social” viam no comunismo uma ameaça eminente, hoje, o socialismo não é mais a base dos movimentos de esquerda, o keynesianismo tornou-se a base da social-democracia, corrente majoritária na esquerda mundial.
Hoje vemos esse sistema ruir mais uma vez diante de nossos olhos, e nos perguntamos: Será esta mais uma crise cíclica do capitalismo, mais uma troca de hegemonia, ou a sua queda final?. Marx talvez dissesse que, uma crise, como a que nos ronda, levaria a superação do capitalismo se houver uma consciência de classe capaz de fazer a revolução socialista.
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