Depois de entrar em confronto com Policiais Civis em greve, a polícia militar de São Paulo comete mais uma insanidade. Devolveu uma refém para o sequestrador!
Rezem pela pobre garota. Se depender da PM e de seus coronéis, ela está ferrada.
Abaixo, segue uma narrativa do episódio, do blog do Noblat.
A Polícia Militar, em Santo André, na região do ABC paulista, está psicologicamente abalada, decorridas mais de 90 horas do sequestro de Eloá Cristina Pimental da Silva, de 15 anos de idade, mantida refém em seu próprio apartamento pelo ex-namorado Lindemberg Fernando Alves, de 22 anos.
- É muita pressão. Já não aguento mais - admitiu há pouco um dos oficiais encarregados do caso.
Eloá havia terminado há algum tempo o namoro com Lindemberg. Inconformado, ele invadiu seu apartamento armado com dois revólveres e portando uma caixa de balas. Encontrou Eloá estudando na companhia de três amigos da escola - um deles, Naiara Rodrigues Vieira, também de 15 anos.
Lindemberg mandou os outros embora e deteve Eloá e Naiara. Espancou Eloá várias vezes. Avisada, a polícia cercou o local.
Foi convocado um especialista em negociações com sequestradores. Seu nome não foi revelado. É um coronel. Que pareceu bastante confiante quando conversou pela primeira vez com Lindemberg.
Ligou para o celular dele. Tratou de acalmá-lo. Não, a polícia não invadiria o apartamento. Não, seus desejos seriam satisfeitos desde que fossem razoáveis.
Lindemberg disse ao negociador que não faria mal a Eloá e Naiara. Mas advertiu-o que não hesitaria em fazê-lo se polícia tentasse resgatá-las. E assim se passaram as primeiras 24 horas. Havia comida no apartamento. E a energia ainda não fora cortada. Acabou cortada como manda o manual do negociador.
De acordo com o manual, o passo seguinte caberia a Lindemberg. E de fato coube. Primeiro ele disparou quatro vezes na direção da polícia. Não pareceu interessado em acertar ninguém. Foi só para assustar.
Em seguida, avisou ao negociador que soltaria Naiara em troca de luz e de comida. Deram-lhe o que pediu. Lindemberg soltou Naiara na 33a. hora do sequestro.
Os contatos entre Lindemberg e o negociador ficaram suspensos por mais de 10 horas. Era preciso cansar o sequestrador, segundo o manual.
Procurado por jornalistas, Lindemberg conversou com vários deles ao telefone. E foi a estrela de programas de rádio e de televisão. A notoriedade alcançada reforçou sua autoconfiança.
Do lado da polícia, depois da 65a. hora do sequestro, dava-se como certo que Lindemberg estava pronto para abandonar o apartamento, rendendo-se mediante a garantia de que não sofreria violência e de que os jornalistas teriam acesso imediato a ele.
Foi então que Lindemberg fez um pedido para lá de inusitado: queria Naiara de volta.
Como? Naiara de volta? Naiara, a refém libertada que àquela altura estava em casa, segura, aos cuidados da mãe? Para quê Lindemberg queria Naiara de volta?
A exigência não fazia o menor sentido. Sequestrador costuma pedir dinheiro, helicóptero para escapar, a presença de jornalistas para garantir sua segurança, mas a devolução de ex-refém?
Lindemberg justificou seu pedido. Naiara funcionaria como uma espécie de negociador do seu lado para se entender com o negociador da polícia.
De tão estapafúrdio, o pedido não consta de nenhum tipo de manual de negociador de sequestro. Talvez tenha sido por isso que terminou atendido. Naiara foi convencida pela polícia a voltar a ser refém.
O negociador da polícia deve ter pensado: a um movimento esdrúxulo do sequestrador deve corresponder outro igualmente esdrúxulo. E haveria algo mais esdrúxulo do que restabelecer a cota original de pessoas em poder de um sequestrador?
Ocorre que depois de recepcionar Naiara à porta do apartamento, Lindemberg desligou o celular. E tudo indica que mudou de idéia, engabelando o negociador. A essa hora, possivelmente dorme no lugar mais seguro de Santo André.
Rezem pela pobre garota. Se depender da PM e de seus coronéis, ela está ferrada.
Abaixo, segue uma narrativa do episódio, do blog do Noblat.
A Polícia Militar, em Santo André, na região do ABC paulista, está psicologicamente abalada, decorridas mais de 90 horas do sequestro de Eloá Cristina Pimental da Silva, de 15 anos de idade, mantida refém em seu próprio apartamento pelo ex-namorado Lindemberg Fernando Alves, de 22 anos.
- É muita pressão. Já não aguento mais - admitiu há pouco um dos oficiais encarregados do caso.
Eloá havia terminado há algum tempo o namoro com Lindemberg. Inconformado, ele invadiu seu apartamento armado com dois revólveres e portando uma caixa de balas. Encontrou Eloá estudando na companhia de três amigos da escola - um deles, Naiara Rodrigues Vieira, também de 15 anos.
Lindemberg mandou os outros embora e deteve Eloá e Naiara. Espancou Eloá várias vezes. Avisada, a polícia cercou o local.
Foi convocado um especialista em negociações com sequestradores. Seu nome não foi revelado. É um coronel. Que pareceu bastante confiante quando conversou pela primeira vez com Lindemberg.
Ligou para o celular dele. Tratou de acalmá-lo. Não, a polícia não invadiria o apartamento. Não, seus desejos seriam satisfeitos desde que fossem razoáveis.
Lindemberg disse ao negociador que não faria mal a Eloá e Naiara. Mas advertiu-o que não hesitaria em fazê-lo se polícia tentasse resgatá-las. E assim se passaram as primeiras 24 horas. Havia comida no apartamento. E a energia ainda não fora cortada. Acabou cortada como manda o manual do negociador.
De acordo com o manual, o passo seguinte caberia a Lindemberg. E de fato coube. Primeiro ele disparou quatro vezes na direção da polícia. Não pareceu interessado em acertar ninguém. Foi só para assustar.
Em seguida, avisou ao negociador que soltaria Naiara em troca de luz e de comida. Deram-lhe o que pediu. Lindemberg soltou Naiara na 33a. hora do sequestro.
Os contatos entre Lindemberg e o negociador ficaram suspensos por mais de 10 horas. Era preciso cansar o sequestrador, segundo o manual.
Procurado por jornalistas, Lindemberg conversou com vários deles ao telefone. E foi a estrela de programas de rádio e de televisão. A notoriedade alcançada reforçou sua autoconfiança.
Do lado da polícia, depois da 65a. hora do sequestro, dava-se como certo que Lindemberg estava pronto para abandonar o apartamento, rendendo-se mediante a garantia de que não sofreria violência e de que os jornalistas teriam acesso imediato a ele.
Foi então que Lindemberg fez um pedido para lá de inusitado: queria Naiara de volta.
Como? Naiara de volta? Naiara, a refém libertada que àquela altura estava em casa, segura, aos cuidados da mãe? Para quê Lindemberg queria Naiara de volta?
A exigência não fazia o menor sentido. Sequestrador costuma pedir dinheiro, helicóptero para escapar, a presença de jornalistas para garantir sua segurança, mas a devolução de ex-refém?
Lindemberg justificou seu pedido. Naiara funcionaria como uma espécie de negociador do seu lado para se entender com o negociador da polícia.
De tão estapafúrdio, o pedido não consta de nenhum tipo de manual de negociador de sequestro. Talvez tenha sido por isso que terminou atendido. Naiara foi convencida pela polícia a voltar a ser refém.
O negociador da polícia deve ter pensado: a um movimento esdrúxulo do sequestrador deve corresponder outro igualmente esdrúxulo. E haveria algo mais esdrúxulo do que restabelecer a cota original de pessoas em poder de um sequestrador?
Ocorre que depois de recepcionar Naiara à porta do apartamento, Lindemberg desligou o celular. E tudo indica que mudou de idéia, engabelando o negociador. A essa hora, possivelmente dorme no lugar mais seguro de Santo André.
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