Há diversas formas de sustentar a tese de que o segundo mandato, seja ele de Prefeito, Governador ou de Presidente da República é sempre um risco. Isso porque a tentação de o próprio mandatário se considerar acima do bem e do mal, é grande.
Quando Fernando Henrique conseguiu, por meios impróprios, aprovar a emenda que permitiu sua própria reeleição, o PT promoveu diversos debates sobre os riscos que isso representava. O próprio presidente Lula chegou a colocar em debate com os seus mais próximos se deveria ou não lançar-se à reeleição, ocorrida em 2006, dada sua compreensão dos vícios desse instituto.
Até mesmo um dos tucanos mais respeitados da história do PSDB, Mário Covas, alertava sobre tais perigos, especialmente no que se refere ao excesso de autoconfiança dos reeleitos.
Pois que o governo Lippi dá uma verdadeira aula a respeito, no pior sentido. O início do segundo mandato tem sido marcado por equívocos e trapalhadas que demonstram um espírito conturbado para os próximos anos, seja pelos patéticos episódios de autoritarismo protagonizados pelo Secretário de Segurança do município, pela inércia da prefeitura frente aos inaceitáveis casos de agressões ocorridas em unidades de saúde, ou ainda pelo constrangedor caso do “Negócio da China”.
O início desse debate exige a recuperação do cenário em que a reeleição do prefeito Vitor Lippi se deu:
O ano de 2008 foi marcado por uma super exposição do candidato a reeleição, com um imenso conjunto de obras deixadas para o ano eleitoral e executadas a toque de caixa. Muitas delas, inclusive, pela forma apressada como foram tratadas já estão sendo reformadas, ou refeitas. É o caso, por exemplo, da UPH Zona Oeste que custou R$ 7mi e que já apresenta sérios problemas estruturais.
Além dessa super operação da máquina pública, houve também um grito de comoção orquestrado pelos líderes do PSDB que se emocionavam ao defender o prefeito candidato a cada crítica feita, legitimamente, aliás, por um dos candidatos de oposição. Tentaram a todo custo desqualificar e diminuir o debate, como se a cidade não precisasse de mais nada, atingira a perfeição naqueles quatro primeiros anos de Lippi. Quando dizíamos que a saúde pública ia mal, respondiam que as críticas eram injustas e que o prefeito médico havia feito muito pela cidade. Pois que expliquem isso agora aos médicos que sofrem agressões (foram três em duas semanas), ou aos agressores, que são tão vítimas quanto os funcionários da saúde pública, ou seja, dizíamos que a saúde caminhava para o caos, eles negaram, deu no que deu...
Agora, revelador mesmo é caso do escritório na China, não só pelas trapalhadas entre prefeito e secretário (um disse que o escritório existia e funcionava, outro que nada disso, o prefeito assina um documento dirigido a Câmara dizendo uma coisa e quando vai a imprensa diz outra, afirma ainda que não leu o que assinou e por aí seguimos...), mas por demonstrar o que podemos considerar uma filosofia da equipe de trabalho de Vitor Lippi.
Sim, a reeleição transformou aquele time em algo impossível de se questionar. A soberba atingiu até os mais humildes.
O Secretário de Desenvolvimento Econômico, Daniel de Jesus Leite, é também empresário e carrega consigo valores éticos e morais próprios da iniciativa privada e que, por vezes, não atendem as necessidades do Poder Público. Assim, por exemplo, ocorre quando ele afirma (sendo em seguida reafirmado pelo próprio prefeito) que o escritório na China funciona “informalmente”.
Mas, como assim informalmente? Isso não existe na figura do estado.
O estado existe justamente para regular “formalmente” a relação entre indivíduos, garantindo efetivamente seus direitos e editando seus deveres. Se a moda pega, as milícias armadas poderão se apresentar como “polícia informal”.
A iniciativa privada admite certas práticas que são abomináveis no Poder Público, além da informalidade. Outro exemplo, no mesmo caso, foi quando o Secretário afirmou que o funcionário do escritório na China exerce trabalho voluntário, gracioso. Deverá receber apenas “uma certa participação” sobre os negócios que “informalmente” intermediar. Institucionalizaram o lobby.
Outros tantos exemplos poderiam ser descritos, mas creio que isso seja desnecessário, pois o que busco demonstrar já está constatado nas linhas anteriores: há uma imensa dose de soberba e um altíssimo salto calçado por grande parte da equipe desse segundo governo Lippi, que os impede de enxergar a cidade em que vivem.
Esperemos que finalmente o governo Lippi desça do famoso helicóptero utilizado durante a campanha eleitoral.
Em tempo, seguindo a metodologia utilizada pelo Secretário de Desenvolvimento Econômico de Sorocaba, esclareço:
Soberba é o sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais. O termo provém do latim superbia. (...) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Soberba)
Paulo Henrique Soranz é presidente do PT-Sorocaba
Quando Fernando Henrique conseguiu, por meios impróprios, aprovar a emenda que permitiu sua própria reeleição, o PT promoveu diversos debates sobre os riscos que isso representava. O próprio presidente Lula chegou a colocar em debate com os seus mais próximos se deveria ou não lançar-se à reeleição, ocorrida em 2006, dada sua compreensão dos vícios desse instituto.
Até mesmo um dos tucanos mais respeitados da história do PSDB, Mário Covas, alertava sobre tais perigos, especialmente no que se refere ao excesso de autoconfiança dos reeleitos.
Pois que o governo Lippi dá uma verdadeira aula a respeito, no pior sentido. O início do segundo mandato tem sido marcado por equívocos e trapalhadas que demonstram um espírito conturbado para os próximos anos, seja pelos patéticos episódios de autoritarismo protagonizados pelo Secretário de Segurança do município, pela inércia da prefeitura frente aos inaceitáveis casos de agressões ocorridas em unidades de saúde, ou ainda pelo constrangedor caso do “Negócio da China”.
O início desse debate exige a recuperação do cenário em que a reeleição do prefeito Vitor Lippi se deu:
O ano de 2008 foi marcado por uma super exposição do candidato a reeleição, com um imenso conjunto de obras deixadas para o ano eleitoral e executadas a toque de caixa. Muitas delas, inclusive, pela forma apressada como foram tratadas já estão sendo reformadas, ou refeitas. É o caso, por exemplo, da UPH Zona Oeste que custou R$ 7mi e que já apresenta sérios problemas estruturais.
Além dessa super operação da máquina pública, houve também um grito de comoção orquestrado pelos líderes do PSDB que se emocionavam ao defender o prefeito candidato a cada crítica feita, legitimamente, aliás, por um dos candidatos de oposição. Tentaram a todo custo desqualificar e diminuir o debate, como se a cidade não precisasse de mais nada, atingira a perfeição naqueles quatro primeiros anos de Lippi. Quando dizíamos que a saúde pública ia mal, respondiam que as críticas eram injustas e que o prefeito médico havia feito muito pela cidade. Pois que expliquem isso agora aos médicos que sofrem agressões (foram três em duas semanas), ou aos agressores, que são tão vítimas quanto os funcionários da saúde pública, ou seja, dizíamos que a saúde caminhava para o caos, eles negaram, deu no que deu...
Agora, revelador mesmo é caso do escritório na China, não só pelas trapalhadas entre prefeito e secretário (um disse que o escritório existia e funcionava, outro que nada disso, o prefeito assina um documento dirigido a Câmara dizendo uma coisa e quando vai a imprensa diz outra, afirma ainda que não leu o que assinou e por aí seguimos...), mas por demonstrar o que podemos considerar uma filosofia da equipe de trabalho de Vitor Lippi.
Sim, a reeleição transformou aquele time em algo impossível de se questionar. A soberba atingiu até os mais humildes.
O Secretário de Desenvolvimento Econômico, Daniel de Jesus Leite, é também empresário e carrega consigo valores éticos e morais próprios da iniciativa privada e que, por vezes, não atendem as necessidades do Poder Público. Assim, por exemplo, ocorre quando ele afirma (sendo em seguida reafirmado pelo próprio prefeito) que o escritório na China funciona “informalmente”.
Mas, como assim informalmente? Isso não existe na figura do estado.
O estado existe justamente para regular “formalmente” a relação entre indivíduos, garantindo efetivamente seus direitos e editando seus deveres. Se a moda pega, as milícias armadas poderão se apresentar como “polícia informal”.
A iniciativa privada admite certas práticas que são abomináveis no Poder Público, além da informalidade. Outro exemplo, no mesmo caso, foi quando o Secretário afirmou que o funcionário do escritório na China exerce trabalho voluntário, gracioso. Deverá receber apenas “uma certa participação” sobre os negócios que “informalmente” intermediar. Institucionalizaram o lobby.
Outros tantos exemplos poderiam ser descritos, mas creio que isso seja desnecessário, pois o que busco demonstrar já está constatado nas linhas anteriores: há uma imensa dose de soberba e um altíssimo salto calçado por grande parte da equipe desse segundo governo Lippi, que os impede de enxergar a cidade em que vivem.
Esperemos que finalmente o governo Lippi desça do famoso helicóptero utilizado durante a campanha eleitoral.
Em tempo, seguindo a metodologia utilizada pelo Secretário de Desenvolvimento Econômico de Sorocaba, esclareço:
Soberba é o sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais. O termo provém do latim superbia. (...) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Soberba)
Paulo Henrique Soranz é presidente do PT-Sorocaba
Nenhum comentário:
Postar um comentário