17 abril, 2009

Quem paga a conta da crise na Casa Grande?

O PSDB criou ao longo do tempo uma série de marcas que acabaram por constituir o que é hoje sua identidade. Em geral, privatiza, diminui investimentos em programas de cunho social, desvaloriza servidores e sucateia serviços públicos, ao mesmo tempo em que investe em obras paisagísticas e prédios com estruturas de encher os olhos.

Ao final, os tucanos dizem ser isso o tal “choque de gestão”. Diminuem o tamanho do estado e entregam em contrapartida algo esteticamente bonito, mas do ponto de vista prático, de menor importância. Há nessa conduta algo muito semelhante ao malufismo, mas com roupinha da moda.

No entanto, quando surgem pedras no caminho é que se espera que uma administração tenha capacidade de superá-las e ao que parece o governo Vitor Lippi está longe disso.

PSDB e PT polarizam a discussão sobre duas formas de governar e de enfrentar a crise econômica. De um lado, o governo Lula segue uma lógica bastante simples, qual seja, busca a todo tempo diminuir sua dependência das grandes potências, deixando no passado as temidas siglas FMI e ALCA, apostando na distribuição de renda como mola propulsora da economia interna e agindo como indutor do desenvolvimento nacional.

Não por acaso, as duas maiores marcas do governo Lula são o Bolsa Família e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O primeiro teve o mérito de num só movimento garantir a dignidade dos brasileiros mais afetados pela miséria e promover o aquecimento da economia com uma volumosa injeção de recursos a milhões de famílias que passaram a integrar o mercado de consumo. A partir desse primeiro movimento da roda da economia, toda a cadeia produtiva se aqueceu.

Já o PAC tem permitido ao país se preparar para um longo período de crescimento. Sem o risco dos apagões da era tucana, já que reúne um extraordinário pacote de medidas e obras estruturais tão necessárias ao desenvolvimento.

Por conta de tal postura, o Brasil tem sofrido hoje muito menos com a crise internacional do que sofreu em crises anteriores. E mais, o enfrentamento tem sido ousado. O governo Lula lançou o programa “Minha Casa, Minha Vida”, que pretende construir um milhão de novas moradias em todo o país, diminuindo o déficit habitacional e gerando mais de três milhões de novos empregos. Garantiu ainda os investimentos nas áreas sociais, ampliando-os inclusive, além de manter os aumentos do salário mínimo e os reajustes de servidores.

E qual a postura do PSDB no enfrentamento a crise? Bem, a princípio é preciso esclarecer que os pais dessa crise tem nos tucanos o seu parentesco brasileiro. A cartilha que seguem é a mesma.

O governador Serra já avisou que não aumentará salário de servidor, chamou Lula de irresponsável por fazê-lo, uma boa amostra do que se pode esperar.

Em Sorocaba, o prefeito Vitor Lippi anunciou que cortará drasticamente os investimentos, adiou as discussões sobre a data-base do funcionalismo e tem dito que pode até demitir.

É bom lembrar que nenhuma ação concreta foi tomada pelo governo municipal para amparar as famílias daqueles que, por conta da crise, perderam seus empregos este ano. Até mesmo os pedidos de isenção de impostos municipais permitidos pela Lei Orgânica têm caído no esquecimento do poder público. Segundo noticiado na imprensa local, idosos que pediram isenção de IPTU aguardam resposta há três anos. Enquanto isso, empresas pertencentes a parentes de Secretário recebem tal benefício.

O governo Vitor Lippi é composto em sua maioria por tecnocratas que desconhecem a pobreza, o desemprego e a luta pela sobrevivência. Por isso quando se depara com uma crise usa a lógica de um empresário que vê seus lucros diminuírem: cortar na carne dos outros para que a dele próprio não sofra qualquer arranhão.

Além de injusta, essa lógica é burra. Não percebe que quanto menor o volume de recursos em circulação no município, menor a sua arrecadação.

Lamentavelmente, em Sorocaba tem sido assim, aos amigos da “Casa Grande”, isenção de impostos, tolerância a pequenos atos imorais entre membros do governo e empresas, socorro financeiro a empresa de transporte que descumpre obrigações. Aos restritos à “Senzala”, nada.


Paulo Henrique Soranz
Presidente PT Sorocaba

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