As colaborações do Grupo Folha com a ditadura militar (1964-1985) foram além do já revelado apoio logístico. Durante o período de maior repressão do regime, José Ramos, da Folha da Tarde, era o repórter da confiança do Dops (Departamento de Ordem Pública e Social), um dos mais temidos órgãos da repressão, e sugeria a presos políticos que delatassem seus companheiros.
Ramos fazia plantão no Dops, à espera de notícias sobre captura de militantes da luta armada. Tinha acesso ao transporte de presos políticos — invariavelmente em peruas do Grupo Folha, que serviam como fachada para diligências da Oban (Operação Bandeirantes). Mesmo se apresentando aos presos como jornalista, estimulava-os “a abrir a boca para os torturadores”.
“Ele era o setorista da Folha dentro do Dops — aliás, o único setorista aceito — e me disse que sabia o que podia acontecer comigo. Então ele chegou até mim e disse: ‘Acho melhor você falar’”, lembra o jornalista e escritor Rui Veiga, ex-militante da ALN (Ação Libertadora Nacional). “Ele praticamente iniciou o meu processo de tortura”, agrega o ex-preso político, em depoimento exclusivo ao Vermelho.
O Dops, no período, tinha na linha de frente o delegado Sérgio Paranho Fleury, ex-líder do Esquadrão da Morte e um dos torturadores mais frios e truculentos do regime. “Para me pressionar, ele (José Ramos) dizia: “Quem vai te pegar é o Fleury”, conta Veiga.
fonte: Vermelho.org
2 comentários:
A verdade é que a imprensa da época, quase toda, compactuou de alguma forma com o regime. Não há santos nem guardiãs da liberdade nesse velho filme que todos dizem não ter assistido.
Afinal de contas, quem não foi exilado ou cassado estava "nos conformes".
Arthurius:
compactuar é uma coisa. Participar do interrogatório de presos políticos, que seriam torturados, é outra.
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