11 junho, 2009

Notas sobre o conflito na USP na blogosfera


O Biscoito fino e a massa - Serra não pode ser presidente: Notas sobre a barbárie na USP


Blog do Rovai - Violência na USP, um contrato, uma doce editora e um certo Duce...

Túlio Viana - A irresponsabilidade de se mandar polícia a um campus universitário

Professor Hariovaldo Almeida Prado - Debelado foco guerrilheiro na USP

11 comentários:

Anônimo disse...

Da página do aluno Rafael Sola de Paula de Angelo Calsaverini:

Manifesto dos alunos em repúdio ao incidente envolvendo a turma do período noturno da disciplina FLM0305 Introdução à Tradução do Alemão I no dia 09.06.2009

São Paulo, 11 de Junho de 2009.

Este último dia 09 foi um dia triste na história da Universidade de São Paulo. Presentes ou não, todos nós da comunidade USP vimos o poder da força tomando o lugar o poder das palavras: o diálogo foi negado a favor da violência.

O diálogo, entretanto, manteve-se presente na disciplina FLM0305 Introdução à Tradução do Alemão I durante todo o curso. A viabilidade para realização da prova no dia 09.06, marcada anteriormente ao estabelecimento da greve, e a própria disposição ou não dos alunos em a realizarem também estiveram inclusas em nossos diálogos por meio do fórum de discussões do sistema Moodle (http://moodle.stoa.usp.br). Várias possibilidades foram abordadas e a decisão final foi: quem quisesse ir fazer a prova, que fosse, e quem não quisesse ir ou tivesse o acesso impedido faria uma prova alternativavia Moodle em data ainda a ser definida. A escolha ficou a critério dos alunos, que de maneira alguma seriam prejudicados pelo não-comparecimento. Segundo consta no Júpiterweb há 24 estudantes matriculados nessa matéria no período noturno - 12 alunos compareceram para a prova.

Próximo ao término da prova, por volta das 20:44 horas, nós, estudantes, de dentro da sala, ouvimos alguém gritar “Hitler!” três vezes. Apesar de que pelo bom-senso ou conhecimento de mundo mínimo parecer desnecessário relatar tal atitude como ofensiva, parece-nos melhor esclarecer que a alusão a um dos maiores genocidas da história da humanidade para uma turma que por vontade própria está realizando uma prova é, para dizer pouco, repugnante. Mas, ainda, falar isso para uma turma de Alemão é de um generalismo absurdo, ignorante e inaceitável. Os estudantes de Letras poderiam lembrar-se (ou conhecer) as palavras do poeta judeu de língua alemã nascido em Czernowitz, que teve os pais mortos pelo regime nazista e foi submetido a trabalhos forçados no campo de concentração: “A língua permanece intacta, sim, apesar de tudo” (adaptação do original).

Pouco tempo após isso, diversos estudantes abriram a porta para “falar sobre o que havia ocorrido na universidade”. Não foi uma tentativa de dialogar ou argumentar sobre a legitimidade de nossa presença em sala: foi uma série de insultos, baderna e julgamentos de caráter. Os alunos da sala se manifestaram dizendo que estavam lá porque queriam e que aqueles que não estavam presentes, ao contrário do que se gritava (afirmando que estávamos lá “sob coerção de nota”), não sairiam no prejuízo. Cada umcomo indivíduo pensante, como adultos que somos, estávamos lá exercendo aquele direito que a nossa sociedade ocidental tem como supremo: o direito de livre-arbítrio. Não seria esse o momento dos alunos que se dizem “a favor da democracia” respeitarem o direito de seus semelhantes? O fracasso do diálogo fez com que alguns alunos do Alemão tentassem fechar a porta: medida irrealizável e tomada à flor das emoções.

Anônimo disse...

cont...

Por fim, o que puderam fazer doze alunos quando cerca de cem, mais ou menos, alunos histéricos (fazendo uso aqui da acepção proposta no Dicionário Houaiss “comportamento caracterizado por excessiva emotividade ou por um terror, pânico”) os obrigam, por meio de intimidação verbal e gritaria, a deixarem a sala de aula? - Sair.

Assim, saímos. Cinco alunos acompanharam a professora até a sala dela para discutir o que tinha acabado de acontecer e também porque temiam maiores retaliações direcionadas à professora. Ao perceberem isso, os estudantes chegaram a mais uma conclusão infundada: os alunos estariam indo para terminar a prova, “bando de puxa-sacos”. Eles vieram atrás desses alunos e da professora, que, temendo pela integridade física dos mesmos, trancou a porta de sua sala. Nisso, os estudantes começaram a bater com excessiva força na porta, como que tentando derrubá-la, e desligaram a luz do andar inteiro. Sentimento dos que estavam lá dentro? Perplexidade. Vinte ou trinta minutos depois os estudantes foram se dispersando e os vigilantes do prédio apareceram para ligar a luz e acompanhar os que estavam dentro da sala até a saída do prédio. Os alunos e a professora saíram, então, chocados, assustados, tristes.

Foi dada como justificativa da ação a alegação de uma suposta aluna do Alemão ter sido agredida (levado um tapa na cara) pela professora. Isso é uma mentira e uma calúnia. Quem era do Alemão, repetimos, estava lá porque queria: teve direito de escolha. O fato dos estudantes terem reagido sem o menor conhecimento de causa, sem tentar averiguar o ocorrido só mostra como uma inverdade é capaz de manipular muita gente.

O que fica dessa história toda? Repúdio. Repúdio pela ação autoritária, agressiva e ofensiva dos estudantes com a turma de FLM0305 Introdução à Tradução do Alemão I. Repúdio por no prédio de Letras da “maior universidade do Brasil” o diálogo não ter sido estabelecido, pelo valor da palavra como solucionadora de conflitos não ter sido aceito. E ainda: repúdio pela não-superação dos métodos autoritários e repressores por parte dos estudantes, que, alegando serem esses os métodos da PM, foram, neste caso, os próprios propagadores da irracionalidade e do desrespeito ao indivíduo. Tivesse vindo uma abordagem dessas de um grupo que se reconhece intransigente, seria outra coisa. Mas vindo de pessoas que dizem defender a democracia, o diálogo e, não obstante, os estudantes, é simplesmente inaceitável.

Os argumentos de que houve uma assembléia para votação da greve e que a maioria votou pelo “sim” não convencem. Assembléia em que algumas centenas de estudantes comparecem para um curso que tem mais de cinco mil estudantes não é representativa. Procuremos outros meios, usemos a tecnologia a nosso favor, há formas de incluir aqueles que não têm disponibilidade de estarem presentes em todas as assembléias. Mas não declarem o favoritismo a uma greve por contraste. E não nos obriguem a aceitar isso.

Anônimo disse...

cont...


Nós sabemos que ao optar por fazer a prova estávamos, inevitavelmente, nos posicionando contra esta greve, mas não tínhamos sido avisados que a mobilização em favor de uma determinada ideologia é compulsória. Preferimos acreditar na autonomia da escolha do indivíduo. Nós lamentamos a truculência da polícia com os estudantes e nos posicionamos, também, contra isso. Porém, não admitimos que o nosso direito de escolha seja desrespeitado. Quando se tira o direito de escolha de alguém, tira-se sua alma. E não aceitamos que ninguém, nem mesmo os estudantes da Universidade de São Paulo, faça isso conosco.

Este manifesto foi organizado e apoiado por parte dos alunos da disciplina em questão. Todos os alunos matriculados na matéria foram informados via e-mail sobre feitura do manifesto e receberam previamente uma cópia do mesmo. Nenhum aluno, até momento, se posicionou contrário à publicação desse texto.

Sem mais,
Alunos da disciplina Introdução à Tradução do Alemão

I Letras - FFLCH/USP

(Reiteramos que nem todos os alunos matriculados na disciplina quiseram comentar o caso. Dessa forma, não podemos afirmar que todos os alunos estão de acordo com este manifesto. Aqueles que estão de acordo optaram pela anonímia por temerem maiores retaliações.)

Reinaldo disse...

Caro Anônimo:

Seu esforço é louvável, mas inócuo.

Comparar o "trauma" de alguns alunos que se viram impedidos de fazer uma prova em razão de um "piquete" com a ação da polícia militar, ordenada pelo governador do estado, José Serra, é, para dizer o mínimo, sem sentido.

Não se trata de defender as razões da greve e das manifestações, nem mesmo a forma dos alunos e funcionários conduzirem a greve.

E nem mesmo se a greve de um setor público é válida ou eficaz.

Trata-se do seguinte:

José Serra, governador do estado e candidato a presidência da república, ordenou que forças policiais atacassem estudantes dentro da USP. Tal fato é gravíssimo e só ocorreu durante a ditadura militar.

Cumpre observar que não é o primeiro "deslize autoritário" de José Serra.

O referido cidadão já colocou as forças policiais do estado (civil e militar) em confronto.

Esse homem não pode e não deve governar o Brasil. É um candidato a ditador e pode nos levar a uma guerra civil.

Anônimo disse...

Reinaldo, você é tão primário que chega a dar dó. Você me faz defender Serra, o que é coisa realmente incrível. Então existe uma ordem judicial, emitida por um juiz, a pedido da reitora e você, grande luminar da ordem legal do Brasil, propõe que o Governador mande descumprir? É isso?

Veja que o gevrenador não precisa mandar cumprir, isso é automático. Ele precisa é mandar não cumprir, este é o caso. Esta então é a sua proposta? O Esatdo Democrático e de Direito só vale para as decisões com que você concorda? É isso? Você é escrivão de polícia? Não precisa saber um pouco sobre estes assuntos para ser escrivão?

Já que você gostou do Gravataí e do Reinaldo, segue uma entrevista repercutida pelos dois, com o Dalmo Dalari, na FSP:

"Para o professor Dalmo Dallari, é um radicalismo fora de moda

FOLHA - O que deu errado na terça?
DALMO DALLARI - Há um conjunto de erros. Em primeiro lugar, a maneira como estão sendo postas as reivindicações. Há um excesso de temas -tem a reivindicação salarial, a questão do ensino a distância, a readmissão de um funcionário demitido. São coisas completamente diferentes e cuja decisão depende de órgãos diferentes.
É preciso reduzir essa pauta a um temário coerente. Além disso, não posso admitir a prática de violência física contra a universidade, um patrimônio público. Fiquei indignado quando vi as fotografias de funcionários e alunos arrebentando a universidade. Essas pessoas não gostam da USP.

FOLHA - Elas dizem que é a reitora que não gosta.
DALLARI - Essas pessoas têm um radicalismo fora de moda.
Querem impor a adesão ao movimento por intermédio dos piquetes. É natural que quem reivindica procure obter adesão. Mas isso deve ser feito pelo convencimento. E não cerceando os direitos dos professores, funcionários e alunos que querem atividades normais. Não posso reivindicar o meu direito agredindo o dos outros.

FOLHA - É chamando a polícia que se resolve isso?
DALLARI - É claro que a presença da polícia no campus não é desejável. Mas isso é muito diferente da polícia que invadiu o campus na ditadura militar. A polícia naquela época impedia o exercício do direito de expressão, de reunião, de reivindicação. Era uma polícia arbitrária e violenta por natureza. Mas agora o que aconteceu é que a PM compareceu para fazer cumprir uma determinação judicial, visando à proteção do patrimônio público. E acho que a reitora agiu corretamente quando solicitou essa proteção.

FOLHA - Mas a polícia acabou jogando bomba em estudante contra a greve. Está certo isso?
DALLARI - A história está cheia de exemplos em que a polícia acaba se excedendo. Mas houve situações de um grupo de manifestantes cercando a polícia. É fácil de imaginar o temor dos policiais de serem agredidos, humilhados. Isso acabou precipitando ações violentas da polícia, também condenáveis.

FOLHA - As entidades alegam que a reitora fugiu do diálogo...
DALLARI - Eu, se fosse reitor, também não compareceria a uma reunião com esse tipo de radicalismo, até com risco de agressões físicas.

FOLHA - E agora, o que fazer?
DALLARI - É preciso definir uma pauta coerente de reivindicações. A reitora poderia designar uma comissão de membros do Conselho Universitário, com representantes de professores, estudantes e funcionários, que de maneira civilizada e coerente discutiria sem radicalismos.

FOLHA - E quanto à PM no campus?
DALLARI - Do jeito que as coisas estão, acho que pura e simplesmente retirar a polícia é temerário. É preciso manter a polícia e abrir a negociação.

FOLHA - As três entidades exigem a demissão da reitora...
DALLARI - Isso é um absurdo. Seria desmoralizante para a própria USP. A reitora foi legalmente escolhida. Está no exercício das suas funções. Nunca foi alvo de acusações de corrupção. É preciso respeitá-la."

Anônimo disse...

Reinaldo, já que você vai estar enrolado com o Dallari, aproveita e responde (questões formuladas por um juiz de direito no site do Gravataí Merengue. Aliás, um bom site para quem quer deixar de ser esquerdista miolo-mole. Acho que é tarde, no seu caso particular):

1) Mostrem-me alguma reintegração de posse em órgão público que foi feita de ofício pelo executivo, mesmo que ele tenha poderes para tal;

2) Mostrem-me alguma reintegração cumprida contra multidão feita por apenas um oficial de justiça, em vez de tropa de choque;

3) Mostrem-me qual norma torna estudantes, sindicalistas ou um espaço universitário inimputáveis a ordens judiciais;

4) Também agradeceria se me mostrassem qual regra constitucional que permitiria a uma Secretaria de Segurança Pública descumprir o que consta num mandado de reintegração, isto é, que a execução seja discricionária e não vinculada;

5) Também desafio a me demonstrarem que qualquer policial em cumprimento de mandado NÃO tenha poderes pra prender quaisquer que resistam, tentem resistir à ordem judicial, sobretudo seus LÍDERES.

Anônimo disse...

E não vale chamar o Fábio Cassimiro para escrever coisas sem sentido. Ele mais café com leite do que você.

ZÉ DIRCEU disse...

me desculpe anonimo, mas como vc é bebê, axo que nem saiu das fraldas, porque uma q tenha completado os cinco anos d idade nnão escreveria tanta besteira, axo que deve ser o fim do dragonbol!!! o serra é um inrresponsavel, mas deixou isso bem claros em outras oportunidades, realmente não é so cabelo que falta a ele, e sim bom senso, democracia é mandar policia burra combater a inteligente, mandar bater em professores, trabalhadores, estudantes, porque em bandido ele tem medo, porque o pcc manda no estado de são paulo. não seje tão idiota por favor!!!

Reinaldo disse...

Santo Espírito!

Esse anônimo está animado.

O "batman da direita" tenta ofender os colabores deste blog, mas não é tão burro como parece.

Já disse e repito, seu orelhudo:

Não se trata de defender as razões da greve e das manifestações, nem mesmo a forma de alunos e funcionários conduzirem a greve.

E nem mesmo se a greve de um setor público é válida ou eficaz.

Trata-se de aferir a responsabilidade do governador por uma ação desnecessária, violenta, prelúdio do ditador bufo que José Serra pretende ser.

A polícia foi chamada para cumprir uma ordem judicial? E quem pediu a ordem judicial, toupeira?

Até mesmo para alguém formado numa faculdade de direito de quinta categoria, é demais não ser capaz de perceber este "contorno" da legalidade.

A ordem judicial foi solicitada pela reitoria, que não agiria sem autorização expressa do Vampiro do Morumbi, uma vez, que a referida reitora é nomeada por ele!

De qualquer forma, o Bah!Caroço sempre foi um espaço democrático de debates. E continuará a ser.

Os comentários do "anônimo" são a prova disso.

Porém, não toleraremos mais ataques pessoais. Ativarei a moderação de comentários, censurando os que contiverem ataques pessoais.

Todos os outros comentários, ainda que completamente discordantes visceralmente da "linha" do Bah!Caroço, que sempre serão bem vindos.

Caro anônimo: já mencionei, há algum tempo, que seu problema é pessoal com um dos colaboradores deste blog.

Procure resolver seus problemas em outro lugar. Deixe de ser covarde.

Fábio Cassimiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fábio Cassimiro disse...

Não vou responder ao anônimo, somente ao Dalmo Dallare, pois este foi formado numa UNIVERSIDADE que, por enquanto, é descente.

Sempre respeitei o Prof. Dalmo Dallari, mas neste caso, acho que ele está louco ou comprou o que viu na imprensa.

Primeiro,

A polícia não foi chamada a universidade para proteger algum prédio invadido ou depredado. Houve um mandato de reintegração de posse, preventivo, ou seja, de um imóvel que não fora invadido ou depredado - isso aconteceu ha algumas semanas -, na terça-feira os políciais tentaram impedir uma manifestação pacífica, foram insultados pelos manifestantes que gritavam "fora coxinha!" e empurravam um ameaçador "carro de combate" azul e rosa feito de papelão; como resposta, a tropa que estava estacionada na Academia de Polícia, ha menos de mil metros entrou e atacou os manifestantes.


Segundo,

A pauta de reivindicações é bem menor que a aquela apresentadas por alunos e funcionários quando da ocupação da reitoria em 2007. Naquela ocasião o DALMO se mostrou bastante solidário com o movimento, que fora bem mais "violento".

O DALMO DALLARI deve estar se informando pelo Jornal Nacional, que disse que a palta dos manifestantes é aumento salarial, fim da Univesp e fim dos processos criminais.

Na verdade a pauta dos envolvidos é distinta:

PROFESSORES: aumento salarial (que a reitora fez encerrar as negociaçoes e saída da PM do campus.

ESTUDANTES: Fim da UNIVESP (Univ. Virtual), fim dos processos contra estudantes e funcionários e saida da PM do campus.

FUNCIONÁRIOS (professor não é funcionário): aumento salarial, fim dos processos em andamento contra lideranças sindicai, respeito ao direito de greve e saída da PM do Campus.

A pauta de 2007 tinha mais de 40 itens

A Globo apresenta todas as reivindicações como sendo de um conjunto indeterminado de manifestantes, além disso, não apresenta a principal reivindicação de todos – a saída da PM do campus.

Somente os funcionários haviam entrado em greve até a semana passada semana passada.

O restante entrou em greve depois que a polícia entrou no campus.

A única reivindicação comum a todas as categorias é "saída imediata da PM do campus para que que se negocie qualquer coisa".

O Prof. Dalmo Dallare ou desconhece os fatos ou enlouqueceu ou, o que não quero acreditar, entrou para a lista de alguma "Alston" ou "Camargo Correa".