(...)
Sempre tivemos essa ideia: o zapatismo sempre disse que não é o único movimento rebelde, nem o melhor. Nunca pensamos em criar um movimento que tivesse a hegemonia de toda a rebeldia no México, ou na América Latina ou no mundo. Nunca aspiramos a ser uma "Internacional", a 5ª ou já nem sei em que número andamos – Alejandro, qual é? A 6ª. Seja. – A nossa é outra. A nossa é A Outra Internacional.
Vou dizer-lhes coisas que, algumas, não são novidade para ninguém. Que a esquerda institucional é ficção, já é coisa bem clara para os espanhois, com Rodríguez Zapatero ou Felipe González; para o País Basco – Gora Euskal Herria –, está ainda mais claro; para a Italia rebelde, também não é novidade; a Grécia, sim, também sabe bem disso; e a França, desde Miterrand, el varón, também sabe que a esquerda institucional é ficção.
Mas o México, não. O México não sabe. Aqui continua a haver a expectativa de uma esquerda; há aqui quem espere que a esquerda sob a qual padecemos hoje, se chegar ao poder, chegará sem nada ter de pagar, chegará impunemente ao poder. Quero dizer: a esquerda mexicana ainda pensa que, se chegar ao poder, conseguirá governar sem deixar de ser esquerda. Não importa que Espanha, Itália, França, Grécia, praticamente todo o mundo, sejam prova do contrário: mesmo a esquerda consequente – não necessariamente radical –, no momento em que chega ao poder, deixa de ser esquerda. Sempre acontece. Pode acontecer mais rapidamente, em maior ou menor profundidade, mas a esquerda indefectivelmente se transforma, quando chega ao poder.
É o que os zapatistas chamamos "efeito estômago", do poder: ou o poder digere a esquerda; ou a converte em merda.
Bueno... Perdoem se mato alguma ilusão e parto algum coração, mas o centro não está no centro. O centro está à direita. Do outro lado... Não sei. Pode estar à esquerda de vocês. Olhadas as coisas de abaixo e da esquerda... tudo é direita.
(...)
O poder é um clube exclusivo, que impõe restrições a quem queira entrar na festa. Os zapatistas dizemos que há regras, para quem queira viver na "sociedade do poder". Só quem aceite as regras da "sociedade do poder" pode conviver com o poder. Quem busque a justiça, a liberdade, a democracia, o respeito à diferença e aos diferentes não pode pensar em se aproximar do poder... se não estiver disposto a desistir de todos os seus projetos e suas ideias.
Palavras do Subcomandante Insurgente Marcos, à Caravana Nacional e Internacional de Observação e Solidariedade às Comunidades Zapatistas
Sempre tivemos essa ideia: o zapatismo sempre disse que não é o único movimento rebelde, nem o melhor. Nunca pensamos em criar um movimento que tivesse a hegemonia de toda a rebeldia no México, ou na América Latina ou no mundo. Nunca aspiramos a ser uma "Internacional", a 5ª ou já nem sei em que número andamos – Alejandro, qual é? A 6ª. Seja. – A nossa é outra. A nossa é A Outra Internacional.
Vou dizer-lhes coisas que, algumas, não são novidade para ninguém. Que a esquerda institucional é ficção, já é coisa bem clara para os espanhois, com Rodríguez Zapatero ou Felipe González; para o País Basco – Gora Euskal Herria –, está ainda mais claro; para a Italia rebelde, também não é novidade; a Grécia, sim, também sabe bem disso; e a França, desde Miterrand, el varón, também sabe que a esquerda institucional é ficção.
Mas o México, não. O México não sabe. Aqui continua a haver a expectativa de uma esquerda; há aqui quem espere que a esquerda sob a qual padecemos hoje, se chegar ao poder, chegará sem nada ter de pagar, chegará impunemente ao poder. Quero dizer: a esquerda mexicana ainda pensa que, se chegar ao poder, conseguirá governar sem deixar de ser esquerda. Não importa que Espanha, Itália, França, Grécia, praticamente todo o mundo, sejam prova do contrário: mesmo a esquerda consequente – não necessariamente radical –, no momento em que chega ao poder, deixa de ser esquerda. Sempre acontece. Pode acontecer mais rapidamente, em maior ou menor profundidade, mas a esquerda indefectivelmente se transforma, quando chega ao poder.
É o que os zapatistas chamamos "efeito estômago", do poder: ou o poder digere a esquerda; ou a converte em merda.
Bueno... Perdoem se mato alguma ilusão e parto algum coração, mas o centro não está no centro. O centro está à direita. Do outro lado... Não sei. Pode estar à esquerda de vocês. Olhadas as coisas de abaixo e da esquerda... tudo é direita.
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O poder é um clube exclusivo, que impõe restrições a quem queira entrar na festa. Os zapatistas dizemos que há regras, para quem queira viver na "sociedade do poder". Só quem aceite as regras da "sociedade do poder" pode conviver com o poder. Quem busque a justiça, a liberdade, a democracia, o respeito à diferença e aos diferentes não pode pensar em se aproximar do poder... se não estiver disposto a desistir de todos os seus projetos e suas ideias.
Palavras do Subcomandante Insurgente Marcos, à Caravana Nacional e Internacional de Observação e Solidariedade às Comunidades Zapatistas
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