No dia 05 de Maio os funcionários da USP entraram em greve, reivindicavam aumento salarial e o fim dos processos criminais contra as lideranças do sindicato, sendo que um deles acaba de ser demitido.
Estudantes e professores, numa atitude completamente individualista estavam, em sua maioria, dispostos a não aderir as mobilizações dos funcionários. Não que estivessem todos satisfeitos com a situação da universidade: a reitora Suely Vilela paralisou as negociações por aumento salarial com os professores e os alunos vinham se mobilizando desde o início do ano por conta da criação da UNIVESP, que cria cursos virtuais realizados à distância, o que ocorreu sem discussão durante as férias de fim de ano.
Entretanto, só a demissão de um funcionário, a do Brandão, liderança do sindicato, já seria motivo de sobra para desencadear uma onda de protestos, mas não foi assim, as lideranças estudantis e os professores deram as costas para os funcionários, os alunos se mostravam arredios a qualquer tipo de ato em defesa do funcionário demitido.
Há uma semana ninguém achava possível que ocorresse uma greve ainda neste semestre.
Mas, na semana passada a reitora conseguiu uma liminar e, “preventivamente”, a polícia ocupou o prédio da reitoria e cercou os portões da USP, a imprensa divulgou que houve uma tentativa de invasão do prédio, mas polícia havia chegado as 6h da manhã na faculdade, quando não havia quase ninguém no campus.
Toda a comunidade ficou alarmada, os estudantes resolveram entrar em greve e logo depois os professores, exigem agora a saída da PM do campus, a volta das negociações salariais, o fim dos processos criminais contra funcionários e estudantes, o fim da UNIVESP e a contratação de professores.
A entrada da polícia no campus não ocorria desde a década de 80, ela uniu estudantes, funcionários e professores.
Ontem um ato pacífico foi atacado uma truculência inacreditável, o governador José Serra está desesperado, é só uma amostra do que virá pelo próximo ano, que é de eleições.
Quem na semana passada era contrário a qualquer possibilidade de greve, agora, disputa a linha de frente.
Para hoje, está programada uma passeata pela paulista - se a chuva deixar.
Um comentarista da BandNews pediu, hoje de manhã, que a polícia atue duramente contra os manifestantes, pois o trânsito desta quinta-feira está muito complicado, véspera de feriado prolongado com chuva, se a passeata conseguir sair da USP, hoje São Paulo para!
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13 comentários:
e ai daniel...estou reativando meu blog há um mês. dá uma olhadinha lá..tem um video sensacional da ECA sobre o fascismo do "porco" Serra
martinho
Tudo muito pacífico, como se pode ver no vídeo. Dá para notar a postura belicista e radical da PM, que fica olhando com provocadores olhos assustados enquanto os estudantes buscam o diálogo. Só vendo mesmo:
http://www.youtube.com/watch?v=zYnvT4nqK3M
RELATO DE UMA JORNALISTA PRESENTE NA USP - E UM VÍDEO ESCLARECEDOR
do Imprensa Marrom de blogs@interney.net (Fernando Gouveia)
Recebi, há pouco, email de uma jornalista que estava ontem na USP (ela também é blogueira e, por razões pessoais e profissionais, pediu sigilo - mais do que ninguém, eu a entendo; e a atendo). Leiam:
"Meu caro,
Acabei de ler seu post - e me deu vontade de desabafar, por isso to te escrevendo.
O debate sobre autonomia não está em questão, porque foi a reitora quem chamou a polícia. E a polícia não invadiu nem ocupou o campus, como eles colocam - ela ficou de prontidão na porta do prédio que estava bloqueado - e não estou aqui nem defendendo essa presença
Há alguns anos eu cubro educação - e há alguns anos todo mês de maio, quando rola as negociações do dissídio salarial, tem paralisações, fechamento do portão e alguma confusão envolvendo os sindicatos e a FFLCH - que é a única que realmente adere a essas paralisações - o que aí abre margem pra outras leituras do porquê da falta de envolvimento de todas as outras unidades com essas reivindicações.
Na invasão de 2007 fui para lá todos os dias, até que o último dia, quando os alunos jogaram água nos jornalistas. Ontem, também estava ali e vi tudo começar.
A questão é que há um anacronismo gigantesco em uma parte desses alunos, que chega a ingenuidade. Tem tanta coisa errada na usp e tantos motivos que valeriam a pena protestar - como a forma de escolha do reitor, por exemplo. E eles ignoram tudo isso. É triste de ver, e é impossível debater, até porque qualquer questionamento é visto como crítica - e logo você é da burguesia comprada pelo governo.
Enfim, isso dá um livro.
Ah, só pra complementar. Uma cena patética que aconteceu ontem:
Lá pelas 16h30, quando o protesto na rua alvarenga, ali no portão da usp, estava acabando, os caras do carro de som, que conduziam a manifestação, decidiram colocar em votação duas possibilidades: voltar para reitoria (vontade dos funcionários que queriam pegar o ônibus para voltar para suas cidades, muitos eram da unicamp e da unesp) ou fazer uma passeata pela Vital Brasil, a rua ali do lado (defendida pelo representante do DCE que estava no carro de som e por alguns alunos).
Os caras votaram quatro vezes. Em todas, deu uma grande maioria querendo voltar pra reitoria. Era visível. Tinha dez por cento das pessoas querendo a passeata. Mas, a cada votação, o cara do carro de som dizia: "Gente, não tá dando contraste, não tá dando pra ver direito". Depois de quatro dessas, o cara me solta: "Ó, vou tentar um outro método porque desse jeito tá difícil ver a vontade da maioria".
Nessa hora, os funcionários ficaram putos - e alguns alunos também. Vaiaram o cara, e saíram andando em direção à reitoria, xingando. Quem ficou, se sentiu traído pelo movimento. E também perdido, e mais revoltado ainda.
Foi o estopim pra cercarem os policiais e a polícia vir da maneira como vem sempre, pra cima de todo mundo" (grifos nossos)
Taí.
Vídeo: Pacifistas x PM
Nas imagens abaixo, vemos estudantes munidos de flores e cantando músicas de paz junto a policiais. Reparem:
http://www.youtube.com/watch?v=zYnvT4nqK3M
Como os policiais saem dessa? Teletransporte? Duplo mortal carpado? Pedem licença educadamente? Enfim, nem tudo é como contam aqui e ali... E se um deles OUSA levantar a mão, pronto!, começa a gritaria. Dizem que houve abuso, violência etc. Não, não levantaram nada. Ouviram calados, como vocês estão vendo.
A multidão grita, grita, provoca, sei lá se faz mais alguma coisa, e os quatro policiais permanecem quietos. É a "tática do zagueiro argentino", que chuta a canela do atacante durante o jogo inteiro, mas se passa por um mísero jogo de corpo cai no chão e começa a gritar pedindo cartão vermelho, roxo, negro etc.
Só falta dizerem que se trata de uma montagem.
olhando tecnicamente vejo a incompetencia da polícia de são paulo que abandona meia duzia de policiais sozinhos, sem escudos, bombas, diante de uma multidão nervosa.
se fosse num estádio de futebol eles estavam no hospital agora, mas como eram estudantes, sairam ilesos. Bom para a democracia, ruim para a competencia da polícia tucana.
perguntar não ofende:
esse brandão já não está aposentado? Há dez anos estudei aí e esse cara já era velho no sindicato.
a reposição das aulas mantem a qualidade das mesmas como são em tempos normais? ou é na base do trabalhinho final?
Eu me dei ao trabalho de assistir ao vídeo cujo link foi postado pelo anônimo:
Alguns policiais militares, cercados por dezenas de estudantes, que gritam "Fora PM"!. E só.
Fiquei esperando por alguma cena estremamente "comprometedora" para os manifestantes, e nada.
Não há agressão. Voltei e vi novamente. Nada.
É claro que é intimidador estar cercado por um grupo de pessoas dez vezes maior, claramente hostil.
E o que se conclui dessa imagem?
Que os estudantes não gostam da PM. Assim como a maioria da população.
Ir além disso, justificar a agressão, e, ainda, invalidar os argumentos dos grevistas, é um salto enorme, despropositado, feito com total desprezo às regras da lógica.
* * * * * * *
Lendo o Gratavai, anônimo? Para fazer bonito nos comentários do Bah!Caroço? Que meigo!
Também recomendo o Reinaldo Azevedo.
Quem sabe o nível melhora.
Reinaldo, comprometedor é:
* escrever "estremamente";
* não ver nenhum problema ou agressão em 4 policiais cercados por um bando ameaçador;
Faz o seguinte, cara, enfia a viola no saco que esta não colou. Ficou claro a tática (muito velha) de provocar para se fingir de vítima depois.
Não há qualquer empatia com estes manés, nem dentro nem fora da USP. Aliás, eles não são queridos nem na Fefelechi. E você, fanfarrão, chega lá todo petista, vai ser chamado de burguês e despachado.
Caro Anônimo:
Seu esforço é louvável, mas inócuo.
Comparar o "trauma" de alguns PMs, que foram "hostilizados", com a ação da polícia militar, ordenada pelo governador do estado, José Serra, e que acatou estudantes; e estupida.
Não se trata de defender as razões da greve e das manifestações, nem mesmo a forma de alunos e funcionários conduzirem a greve.
E nem mesmo se a greve de um setor público é válida ou eficaz.
Trata-se do seguinte:
José Serra, governador do estado e candidato a presidência da república, ordenou que forças policiais atacassem estudantes dentro da USP. Tal fato é gravíssimo e só ocorreu durante a ditadura militar.
Cumpre observar que não é o primeiro "deslize autoritário" de José Serra.
O referido cidadão já colocou as forças policiais do estado (civil e militar) em confronto.
O homem e uma ameaça a paz!
A PM foi chamada para cumprir um mandato de Reintegração de posse de um prédio que não fora ocupado, enquanto essa "meia duzia" de policiais ficavam dentro do prédio (não ocupando o mesmo), dezenas de viaturas da Força Tática ficavam de prontidão na Academia de Policia, que também fica dentro do campus, dezenas de motos da PM fazem rondas o dia todo, a qualquer sinal de manifestação a policia chega e começa a confusão, tem sido assim ha duas semanas.
Na semana retrasada os alunos retiraram as cadeiras das salas de aula, pois, com polícia no Campus os alunos resolveram em assembleia que não haveria aula, isso foi motivo para uma viatura da PM comparecer ao prédio da História e Geografia para tirar satisfação (foram recebidos com "fora coxinha!"), isso nunca aconteceu, mesmo durante a ditadura militar.
Ao companheiro que fez história na USP ha dez anos e que já conhecia o Brandão naquela época.
Não tenho nenhuma simpatia pelo sindicalista Brandão, mas, mesmo assim ele é uma liderança legitima e legal que foi despedido devido um processo político, pela sua participação em outras greves.
O Brandão não está na USP há dez anos como vc mencionou, ele esta ali desde a década de 70 e mesmo com a ditadura nunca havia sido preso.
Existes dezenas de processos político em andamento ainda hoje contra funcionários da USP.
No ano de 2007, quando houve ocupação da reitoria, dois alunos que se machucaram no campus durante o horário da invasão deram entrada no Hospital Universitário com ferimentos nos braços e pernas, sem que houvesse qualquer prova que eles estivessem participando do ato político, a polícia pegou seus nomes e endereços na ficha de atendimento e eles receberam uma intimação para responderem pelo ato de invasão da reitoria, porém, como houve grande comoção na comunidade nada aconteceu.
Mas com o Brandão e dezenas de outros funcionários o mesmo não acontece, passadas as mobilizações a justiça se vê livre para puni-los pelo que fez o coletivo, exatamente porque existe gente egoista que pensa "ah, esse fulano ta ai ha bastante tempo mesmo".
Reinaldo, você é tão primário que chega a dar dó. Você me faz defender Serra, o que é coisa realmente incrível. Então existe uma ordem judicial, emitida por um juiz, a pedido da reitora e você, grande luminar da ordem legal do Brasil, propõe que o Governador mande descumprir? É isso?
Veja que o gevrenador não precisa mandar cumprir, isso é automático. Ele precisa é mandar não cumprir, este é o caso. Esta então é a sua proposta? O Esatdo Democrático e de Direito só vale para as decisões com que você concorda? É isso? Você é escrivão de polícia? Não precisa saber um pouco sobre estes assuntos para ser escrivão?
Já que você gostou do Gravataí e do Reinaldo, segue uma entrevista repercutida pelos dois, com o Dalmo Dalari, na FSP:
"Para o professor Dalmo Dallari, é um radicalismo fora de moda
FOLHA - O que deu errado na terça?
DALMO DALLARI - Há um conjunto de erros. Em primeiro lugar, a maneira como estão sendo postas as reivindicações. Há um excesso de temas -tem a reivindicação salarial, a questão do ensino a distância, a readmissão de um funcionário demitido. São coisas completamente diferentes e cuja decisão depende de órgãos diferentes.
É preciso reduzir essa pauta a um temário coerente. Além disso, não posso admitir a prática de violência física contra a universidade, um patrimônio público. Fiquei indignado quando vi as fotografias de funcionários e alunos arrebentando a universidade. Essas pessoas não gostam da USP.
FOLHA - Elas dizem que é a reitora que não gosta.
DALLARI - Essas pessoas têm um radicalismo fora de moda.
Querem impor a adesão ao movimento por intermédio dos piquetes. É natural que quem reivindica procure obter adesão. Mas isso deve ser feito pelo convencimento. E não cerceando os direitos dos professores, funcionários e alunos que querem atividades normais. Não posso reivindicar o meu direito agredindo o dos outros.
FOLHA - É chamando a polícia que se resolve isso?
DALLARI - É claro que a presença da polícia no campus não é desejável. Mas isso é muito diferente da polícia que invadiu o campus na ditadura militar. A polícia naquela época impedia o exercício do direito de expressão, de reunião, de reivindicação. Era uma polícia arbitrária e violenta por natureza. Mas agora o que aconteceu é que a PM compareceu para fazer cumprir uma determinação judicial, visando à proteção do patrimônio público. E acho que a reitora agiu corretamente quando solicitou essa proteção.
FOLHA - Mas a polícia acabou jogando bomba em estudante contra a greve. Está certo isso?
DALLARI - A história está cheia de exemplos em que a polícia acaba se excedendo. Mas houve situações de um grupo de manifestantes cercando a polícia. É fácil de imaginar o temor dos policiais de serem agredidos, humilhados. Isso acabou precipitando ações violentas da polícia, também condenáveis.
FOLHA - As entidades alegam que a reitora fugiu do diálogo...
DALLARI - Eu, se fosse reitor, também não compareceria a uma reunião com esse tipo de radicalismo, até com risco de agressões físicas.
FOLHA - E agora, o que fazer?
DALLARI - É preciso definir uma pauta coerente de reivindicações. A reitora poderia designar uma comissão de membros do Conselho Universitário, com representantes de professores, estudantes e funcionários, que de maneira civilizada e coerente discutiria sem radicalismos.
FOLHA - E quanto à PM no campus?
DALLARI - Do jeito que as coisas estão, acho que pura e simplesmente retirar a polícia é temerário. É preciso manter a polícia e abrir a negociação.
FOLHA - As três entidades exigem a demissão da reitora...
DALLARI - Isso é um absurdo. Seria desmoralizante para a própria USP. A reitora foi legalmente escolhida. Está no exercício das suas funções. Nunca foi alvo de acusações de corrupção. É preciso respeitá-la."
Santo Espírito!
Esse anônimo está animado.
O "batman da direita" tenta ofender os colabores deste blog, mas não é tão burro como parece.
Já disse e repito, seu orelhudo:
Não se trata de defender as razões da greve e das manifestações, nem mesmo a forma de alunos e funcionários conduzirem a greve.
E nem mesmo se a greve de um setor público é válida ou eficaz.
Trata-se de aferir a responsabilidade do governador por uma ação desnecessária, violenta, prelúdio do ditador bufo que José Serra pretende ser.
A polícia foi chamada para cumprir uma ordem judicial? E quem pediu a ordem judicial, toupeira?
Até mesmo para alguém formado numa faculdade de direito de quinta categoria, é demais não ser capaz de perceber este "contorno" da legalidade.
A ordem judicial foi solicitada pela reitoria, que não agiria sem autorização expressa do Vampiro do Morumbi, uma vez, que a referida reitora é nomeada por ele!
De qualquer forma, o Bah!Caroço sempre foi um espaço democrático de debates. E continuará a ser.
Os comentários do "anônimo" são a prova disso.
Porém, não toleraremos mais ataques pessoais. Ativarei a moderação de comentários, censurando os que contiverem ataques pessoais.
Todos os outros comentários, ainda que completamente discordantes visceralmente da "linha" do Bah!Caroço, que sempre serão bem vindos.
Caro anônimo: já mencionei, há algum tempo, que seu problema é pessoal com um dos colaboradores deste blog.
Procure resolver seus problemas em outro lugar. Deixe de ser covarde.
Fábio, tb não concordo com a demissão do Brandão porque a lei não permite, mas convenhamos:
O sindicato faz greve para aumentar salário e os alunos apoiam, mas quando é para colocar na pauta a compra de livros, reformas, contratação de professores, esse sindicato não permanece em greve.
aliás, nunca colocaram nas suas pautas essas reivindicações estudantis.
ou seja, os estudantes fazem greve para professores e funcionários e quando estes tem suas reivindicações satisfeitas, pau no cu do estudante: trabalhinho de fim de curso que vale 4 créditos.
E ainda assim a gente acha que esta lutando pela melhoria do ensino.
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