12 agosto, 2009

Releituras

Renascer, reviver, reciclar. Talvez sejam esses, na maioria das vezes, os sentimentos que ressoam no coração e na mente de todo aquele que se aventura em novas paragens, sejam elas quais forem.
Uma nova casa, um novo caso, um novo emprego. Sejam eles frutos de grande planejamento, ou da sorte, todos contribuem, à sua maneira, para a formação do "ser humano padrão", do individuo que convive em sociedade sem despertar suspeitas. Do bom pai, do bom marido, do bom profissional. Por quantas esse cara já não passou às vezes sem perceber?
Por quantas outros tantos caras, como nós, já não passaram? Teria ido bem no pré-primário? Perdeu a virgindade cedo ou tarde? Fuma? Bebe? Dorme oito horas por noite? Tem casa própria? Casou e tem filhos? "Burguês padrão" ou "Pequeno burguês" como sugerem Renato Russo e Martinho da Vila?
Avaliadas as repostas para estes e outros itens pode ser dado o veredicto sobre as reais qualidades da pessoa em questão. Pois vejamos; fui um bom aluno ao longo da minha vida, nem gênio nem toupeira.
Não sei se perdi a virgindade cedo ou tarde, mas devo confessar que depois de perdê-la minha vida mudou. Fumo e bebo. Fumava e bebia mais mas os preços estão pela hora da morte. Mal e porcamente durmo maravilhosas quatro horas por noite.
Neste momento, estou sem residência fixa. Não casei e ainda não tenho filhos, mas pretendo fazer isso, para meu próprio bem e satisfação, e para contrariar todas as novas convenções que sugerem a não multiplicação da espécie devido o aquecimento global, falta de água, eventuais pandemias...
Interessante perceber que esses "teoristas do caos new age" são produto, também, de uma lavagem cerebral que não convém ser debatida agora, neste espaço. Para arrematar, nem sei se sou burguês.
Capitalista sim, mas não tenho a certeza de ter construído minha casa no lado de dentro dos muros do liberalismo, ou se fui enganado por mais uma dessas peças publicitárias que, mesmo cansado de ver, vez por outra, me fazem refletir um pouco.
Refletir, reciclar, recomeçar. Buscar a verdade sobre esses temas, respostas para tantas perguntas, arremates bons, tempos perfeitos, verossimilhança, também envolve caminhar, às vezes sem rumo, e dar com a cara na porta. E se mesmo depois de tanto caminho, tanto esforço e tanta briga nada estiver agradando, tenta passar uma borracha, errorex, branquinho, ou, caso haja necessidade, pega a folha, faz uma bola, taca no lixo, tenta.
Assim também é a vida, menos descartável sem dúvidas, mas com os mesmos detalhes básicos e indispensáveis, que podem ser mudados, substituídos, mas nunca plenamente apagados. Porém o grande limiar é a folha de papel que recebe nosso enredo e se torna um pergaminho insubstituível enquanto está sendo escrito.
Depois de tudo isto, de tantas "teorias" e tantas "verdades" me arrisco dizer uma coisa: a prova máxima da capacidade humana de sobreviver, sempre mudando, sempre reciclando e sempre revivendo, é fazer a lide perfeita, com todas as informações necessárias sem responder pergunta alguma.
Esse é meu amigo, irmão, poeta e defensor do ócio criativo Fernando Alcoléa Cruz

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