27 março, 2006

BIOGRAFIA: Vlado Herzog


Vladimir Herzog nasceu em Osijsk, na Iugoslávia,e veio com os pais para o Brasil ainda pequeno fugindo do nazismo que assolava a Europa no início do século passado. Brasileiro naturalizado, filho de Zigmundo e Zora Herzog, casado com Clarice Herzog , pai, professor da USP, teatrólogo e jornalista, Vlado, como era chamado pelos amigos, era um homem íntegro e um profissional competente, muito ligado às manifestações culturais.
Vladimir foi intimado a prestar depoimento no DOI do II Exército de São Paulo a respeito das suas atividades políticas, onde foi preso e morto no dia vinte e cinco de outubro de 1975, aos trinta e oito anos de idade. Era ligado ao Partido Comunista do Brasil-PCB e trabalhava como diretor do telejornal A hora da Notícia da TV Cultura, quando foi morto.
O corpo foi mostrado à imprensa, pendurado a uma grade por uma tira de pano do macacão de prisioneiro que usava. No entanto, os jornalistas Duque Estrada, Jorge Benigno Jathay e Leandro Konder, que estavam presentes durante a prisão de Herzog, afirmam que ele morreu sendo torturado pelos militares. A polícia política alega que Herzog após ter assumido que era integrante do PCB, suicidou-se.
Muitos jornalistas, familiares e boa parte da opinião pública não acreditaram na versão de suicídio dada pela União. Todos sabiam que Vladimir tinha sido assassinado nas dependências do DOI. Alguns companheiros do jornalista quiseram ver o corpo do amigo no IML, mas foram impedidos. Segundo o juiz Márcio José de Moraes " o laudo da morte de Vladimir não seguia as exigências legais. Não tinha valor".
No velório havia a presença de policiais à paisana. O enterro foi no dia vinte e sete de outubro de 1975, de acordo com o ritual da religião judaica. O rabino Henry Sobel, não colaborou com a versão do governo e decidiu que Vlado não seria enterrado como suicida. Depois do episódio da morte de Vladimir, o governo brasileiro tomou iniciativas e tentou controlar aquela situação, que violava a dignidade e os direitos humanos. Houve uma revolta por parte dos jornalistas, que começaram a se mobilizar, cada um à sua maneira, e contestar o sistema ditatorial que assassinava e reprimia. Uma facção da sociedade também começava a dar sinais da sua insatisfação com as arbitrariedades do regime militar.
O sindicato dos jornalistas, em São Paulo, teve um papel muito importante nesse momento. Mostrou coragem em uma época em que o medo dominava o país.
Finalmente, em 1978, a justiça admitiu que a União foi culpada pela morte do jornalista. O governo resolveu em 1987, nove anos mais tarde, que seria pago uma indenização à família de Herzog, a qual só seria recebida durante o governo FHC. Hoje, Vladimir é tido como símbolo de luta pela democracia no Brasil.

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