05 março, 2006

Na era FHC, Previ teve prejuízo de R$ 1,5 bi. ACM e Serra envolvidos

Documentos confirmam várias irregularidades em fundos de pensão na era FHC

Matéria publicada na edição desta sexta-feira do Jornal do Brasil confirma o envolvimento de operações irregulares de fundos de pensão realizadas na época do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o texto, assinado pelo jornalista Hugo Marques, a sub-relatoria de Fundos de Pensão recebeu documentos demonstrando que três dos maiores investimentos da Previ acumularam prejuízos acima de R$ 1,5 bilhão na era FH, segundo documentos da própria fundação, que chegaram às mãos de alguns parlamentares.

Entre os maiores prejuízos estão os investimentos no Complexo Turístico do Sauípe, na Bahia, onde a Previ investiu R$ 1,018 bilhão - via carteira de investimento do complexo hoteleiro - e hoje amarga um prejuízo de R$ 846 milhões. Outro rombo nas contas da Previ foi o investimento no Hospital Umberto Primo, em São Paulo. Com investimentos de R$ 240 milhões na carteira de terrenos e imóveis em construção, a Previ acumula um prejuízo de R$ 206 milhões com o hospital.

O protocolo de entendimento para a construção do Complexo Turístico do Sauípe foi assinado pela Previ em 5 de dezembro de 1997, com a Fontecindam Participações e a construtora Norberto Odebrecht. Uma das assinaturas de testemunhas do protocolo é atribuída ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), avô do sub-relator de Fundos de Pensão, Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). A assessoria do senador informou que ontem ele estava a bordo de um avião dos Estados Unidos para o Brasil e que posteriormente vai se pronunciar sobre o protocolo de Sauípe.

Os primeiros registros da venda do hospital Umberto Primo para a Previ são de 1993. Naquele ano, um parecer assinado pelo assessor da Diretoria Técnica da Previ, Álvaro Germano Albernaz, detalhava a situação do hospital, interditado pela Vigilância Sanitária por falta de higiene e limpeza. O hospital acumulava um passivo de R$ 37 milhões.

Álvaro Germano assegura, em seu parecer que o então deputado tucano José Serra (PSDB), hoje prefeito de São Paulo, ``prontifica-se, como já vem fazendo, a manter contato com órgãos e instituições públicas a fim de encaminhar soluções passíveis`` para o problema vivido pelo hospital. Informalmente, Álvaro ficou sabendo que, por ``intervenção do deputado José Serra``, uma comissão de representantes do hospital foi recebida no mesmo dia pelo presidente do Banco do Brasil, ``que teria se comprometido a obter auxílio junto à Fundação Banco do Brasil, para contratar o referido estudo de viabilidade`` desse mesmo hospital.

Em outubro de 1996, foi assinado protocolo de intenções para a compra do hospital. O sistema de contabilidade gerencial da Previ registra um valor de mercado de R$ 34 milhões para o hospital. Até agora, foram feitos desembolsos que, corrigidos, somam R$ 240 milhões.

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