30 março, 2006
O pessoal do Casseta e Planeta que me desculpe...
Por Renato Rovai [28/3/2006] - Revista Forum
Alguns membros do atual governo devem ter feito o curso de gerenciamento de crises nas Organizações Tabajara. E olha que não acho isso sozinho. Gente séria e graúda do petismo pensa o mesmo. Nem no realismo fantástico de Borges o presidente de um banco ofereceria o extrato da conta de um acusador para um ministro da Fazenda acusado. E este, seja como for, deixaria o tal documento ir parar nas páginas de uma revista. Tudo bem, talvez Palocci estivesse à beira de um ataque de nervos, com a carne trêmula, algo meio almodovariano, mas é de lascar, além de ser injustificável e indesculpável.
De qualquer forma, Palocci sentiu na carne e no osso como não basta só beijar a cruz do mercado e ser bom de papo. É preciso ter tradição na turma. A forma como foi tratado pelos seus ex-amigos da oposição revela um pouco do caráter do jogo do lado de lá. No fim, foram os críticos de sua política econômica, aqueles que queriam que o ex-ministro mudasse o rumo da economia e até mesmo se mudasse para longe do governo Lula com sua fórmula neoliberal que se lançaram à batalha para lhe defender. Pelo lado de lá foi tratado como bagaço da laranja, tendo sua vida privada exposta em praça pública de maneira asquerosa. Quem lê as entrelinhas dos jornais sabe qual era a chantagem diária a que Palocci estava sendo submetido. E muito provavelmente foram essas ameaças, essa chantagem barata, de moralismo escroto, que o fizeram aceitar as facilidades do esquema Organizações Tabajara. E o extrato foi parar nas páginas de Época.
Bola levantada permite cortada. Bola fora, ponto pro lado de lá. Assim sendo, a oposição tem mesmo que comemorar. E quem imaginava que tinha alvará de bom-mocismo com o lado de lá é que deve começar a dormir acordado. O que o Brasil precisa é de justiça social e não de bom-mocismo, tradição, família, propriedade ou quiçá de banho de ética. Aliás, pelo jeito a água que o candidato tucano-pefelê deve ter separado para o Brasil deve ser do Tietê, tamanha a força que faz para que nenhuma CPI seja criada na sua gestão. Ontem, enquanto Palocci caia, o eficiente esquema denunciado pelo deputado Afanázio Jazadji (PFL) funcionava. Geraldo Alckmin enterrava uma CPI que deveria investigar como a Nossa Caixa fazia contrabando publicitário em jornalões, revistas e tvs bicudas mesmo sem ter contrato firmado com agências. De novo, a água podre que de benta só se for da tia do sítio do pica pau amarelo acalmou deputados. A maioria alckmista preferiu continuar a festa.
Falando em festa, dona Alckmin está atrasada na explicação de quantos foram os modelitos que ganhou de seu estilista preferido. Ele fala em 400 peças, foi só isso? Foram mais? E as notas fiscais da roupa que comprou na Daslu? Onde estão? Estão com os valores certinhos? Não precisa mandar as respostas para cá, tenho certeza que a jornalista Mônica Bergamo, que faz coluna política melhor que seus colegas de primeiro caderno, publicaria tintim por tintim. Até porque, pelo saiu em sua coluna, a outra Mônica, a Serra, está se divertindo à toa. Ontem mesmo mandou dizer que nem a pau, com ela não, Nicolau. Que paga todas suas contas e que continua usando o mesmo óculos cor de laranja. Que não tem nenhuma roupa doada no seu armário.
Por falar em armário, deve ser grande o da dona Alckmin para caber só de um estilista 400 peças. Será que é nele que está sendo guardada toda a água oriunda dos fundões do Tietê para o banho de ética que o Brasil precisa?
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