04 abril, 2006

Tucano se reproduz em cativeiro?

O caixa tucano foi condenado, você sabia?

Por Fábio Jammal Makhoul


Enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fazia pose de estadista e chamava a ética do PT de corrupta na capa da revista IstoÉ, uma pequena nota no pé da quinta e última página da seção “A Semana” passava facilmente despercebida até mesmo para os leitores mais atentos. Embaixo de três notas necrológicas, o pequeno texto informava: “Condenados a 11 anos de prisão pela 12ª Vara Federal do Distrito Federal o ex-presidente do Banco do Brasil Paulo César Ximenes e seis ex-diretores dessa instituição. Eles foram acusados de gestão temerária devido a irregularidades em empréstimos feitos à construtora Encol entre 1994 e 1995. Na quarta-feira 1”.

Assim como IstoÉ, a grande imprensa não deu muita bola para o caso. Veja, por exemplo, considerou a condenação de toda uma diretoria do maior banco público do país nada importante e não dedicou uma linha a respeito do assunto.
Os sete condenados formavam a diretoria colegiada do Banco do Brasil entre 1995 e 1998, com Ximenes no comando da instituição. Período que coincide com o primeiro mandato de FHC. Eles foram condenados em primeira instância por nove atos que caracterizam crimes de gestão temerária e de desvio de crédito ao emprestar dinheiro para a construtora Encol, que faliu em seguida e prejudicou milhares de mutuários.

Os acusados foram considerados responsáveis, entre outros crimes, por aceitar certificados de dívida emitidos ilegalmente pela construtora e por prorrogar sistematicamente operações vencidas e não pagas.

A notícia da condenação da ex-diretoria colegiada do BB circulou somente no dia 1º de fevereiro, mas a decisão da Justiça data do dia 2 de dezembro de 2005. A imprensa comercial levou dois meses para descobrir a condenação e nenhum jornal ou revista de grande circulação deu destaque para o fato. Dois dos maiores jornais do país, Estado e Folha de S. Paulo, deram a notícia sem destaque na capa e nos seus cadernos de economia, longe e descolada da parte política, onde se publica os escândalos. A Folha chegou ao cúmulo de utilizar como chapéu (pré-título) para destacar a notícia a palavra “imóveis”.

O caso do Grampo no BNDES revela uma série de falcatruas, mas também escancara a docilidade da mídia comercial com o esquema tucano-pefelê. Numa das conversas gravadas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem o seguinte diálogo com ministro Mendonça de Barros:
Ministro: "A imprensa está muito favorável, com editoriais".
FHC: "Está demais, né? Estão exagerando, até". E ri.

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