A Folha nasceu em 1921 sob o formato de um jornal vespertino, a Folha da Noite. Os seus fundadores, Pedro Cunha e Olival Costa, eram jornalistas de O Estado de S.Paulo. No início, o jornal manifestou simpatia pelo movimento tenentista e encampou algumas bandeiras progressistas, como a do voto secreto e o direito de férias. Essa postura durou pouco tempo. Rapidamente, o jornal virou um instrumento da direita brasileira.
Em 1929, com a saída de Pedro Cunha, a linha editorial sofreu uma inflexão e o jornal passou a apoiar ostensivamente a reacionária oligarquia do café de São Paulo. “Os líderes da Aliança Liberal foram alvos de seguidos ataques. O resultado dessa tomada de posição contra Getúlio Vargas foi a destruição do jornal. Na noite de 24 de outubro de 1930, a multidão que comemorava a deposição do presidente em São Paulo destruiu as instalações da Folha. As máquinas de escrever e os móveis foram jogados na rua e incendiados.
A Folha deixou de circular até janeiro de 1931, quando foi comprada por outro barão do café, Octaviano Alves. Em 1932, apoiou abertamente a oligárquica Revolução Constitucionalista “para libertar o Brasil de um grupo que se instalou no poder empenhado em desfrutá-lo” – o mesmo discurso usado atualmente. Em 1945, contrário às mudanças progressistas efetuadas por Getúlio, Octaviano vende o jornal por considerar “inútil o trabalho e insana a espera”. José Nabantino assume a empresa sob o compromisso de manter “a imparcialidade em relação aos partidos”. Mas, ainda segundo Maurício Puls, “sua orientação fiscalista guardava certa afinidade com a UDN” – a principal organização golpista deste período histórico.
Carregando presos para a tortura
Durante este longo período, a Folha de S.Paulo foi um jornal provinciano, sem maior projeção no cenário nacional. Em 13 de agosto de 1962, endividado e desolado com uma greve dos jornalistas, José Nabantino vendeu o jornal para os empresários Octávio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho. De imediato, ele se tornou um dos principais instrumentos da conspiração golpista que resultou na deposição de João Goulart. Suas manchetes espalhafatosas contra o “perigo comunista” e seus editorais raivosos contra “a corrupção e a subversão” envenenaram a classe média. O veterano jornalista Mino Carta lembra que “a mídia vinha invocando o golpe há tempos... Neste período, a Folha de S.Paulo não tinha o peso que adquiriu depois. Mas os jornais soltavam editoriais candentes implorando a intervenção militar para impedir o caos”.
“A Folha de S.Paulo nunca foi censurada. Ela até emprestou as suas C-14 [veículo tipo perua, usado na distribuição do jornal] para recolher os torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban (Operação Bandeirantes). Isso está mais do que provado. É uma das obras-primas da Folha... "
fonte: artigo do jornalista Altamiro Borges, publicado no site www.vermelho.org.br
E agora a Folha se diz democrata, pluralista, imparcial. Como é bom esquecer o passado. Principalmente quando há alguns cadáveres escondidos no passado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário