A situação do morador de grandes cidades é tema de reportagem especial do jornal El Clarin na qual se aponta para uma tendência urbanística, não exclusiva de países de Terceiro Mundo, de polarizar as cidades entre áreas miseráveis de um lado e regiões ricas e protegidas de outro, deixando a classe média no desconfortável abandono de quem não pode ir para o lado dos endinheirados, mas também não quer decair para a pobreza dos guetos.
Entre os especialistas entrevistados pelo jornal argentino está a brasileira Teresa Caldeira, que fala em “cidades muradas”, verdadeiras cidadelas dentro das áreas urbanas, preparadas para proteger-se do exterior, da criminalidade e da marginalidade. Com isso, as cidadelas funcionam num microclima artificial de proteção e privilégios. Segundo ela, sobre o céu de São Paulo voam diariamente entre 500 e mil helicópteros particulares que transportam industriais, empresários e comerciantes que saem desses bairros fechados para o centro da cidade. A capital paulista, com seus mais de 15 milhões de habitantes, seria o exemplo dessa tendência de “guetização” da população. Segundo Caldeira:
"O medo chega como um ingrediente que justifica uma nova maneira de segregar. Os ricos se segregam a si mesmos. No momento em que se democratiza a sociedade, as elites, que não conseguem mais dominar o centro da cidade em que viviam antes, criam outras maneiras seguras de mostrar seu prestígio. Os espaços mais antidemocráticos que existem estão sendo criados no momento de abertura democrática."
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2 comentários:
Fábio, essa´última postagem me fez lembrar de uma crônica do Carlos Drummond Andrade que li uns dias atrás para fazer a seleção dos textos da Drummoniana, o título da crônica é Viadutos. Se tiver como faz uma leitura.
Andrea
Realmente muito boa esta postagem do Reinaldo, sempre com uma sensibilidade surpreendente
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