24 janeiro, 2007

Bagunçando...

O editorial do jornal Bom Dia (Sorocaba) do dia 20/01 traz em seu título os seguintes dizeres: “Virou bagunça”. O texto refere-se à participação de Evo Morales e Hugo Chaves na 32° cúpula do Mercosul. Dentre as inúmeras discordâncias que tenho com o posicionamento do editor gostaria de comentar uma em particular, pelo seu grau de importância e freqüência na mídia:
“Evo e Chávez ameaçam a já precária estabilidade do bloco econômico com sua tentativa de impor ideologia ao invés de economia na pauta de discussões”.

Afirmações como essas são muito recorrentes na tentativa de sobrepor a economia perante a política. É de suma importância entender que esse também é um tipo de discurso político travestido que procura abrigo dentro do campo da ciência, no caso a economia, para aparentá-la ser refém das disputas políticas e, assim, apontar como a única saída possível a liberalização do mercado.

Não esqueçamos que a política, em seu sentido amplo, é a consciência reflexiva que define, acompanha e controla o processo de organização das sociedades e, para isso, utilizá-se da ciência e da técnica como seus instrumentos. Portanto, a economia está sempre atrelada ao poder político, ou pelo menos deveria estar (para aprofundar no assunto ler Chico de Oliveira, com sua tese sobre o fim da política, e Franklin Leopoldo e Silva, “Banalização da política”).

O que Evo e Chávez querem é pôr em pauta uma disputa política sobre o processo da agenda neoliberal. Até porque, o que a liberalização comercial deu aos países do Mercosul? E aos da América Latina?

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