Juan Carlos Onetti foi um romancista e contista uruguaio.
Embora não tenha chegado a completar o ensino secundário, Onetti apresenta em toda sua obra uma estrutura original, inovadora, que rende a ele o Prêmio Cervantes de literatura de 1980. Além do reconhecimento institucional, Onetti gozava de largo prestígio entre os escritores latino-americanos, como Gabriel Garcia Marques, Juan José Saer, Júlio Cortázar e Juan Rulfo.
Descobri esse autor tardiamente. Acreditava que não havia mais escritores interessantes a encontrar, e que estavam todos mortos. Não. Ainda havia Onetti. E alguns outros que um dia encontrarei.
Gosto, principalmente, dos contos de Onetti.
A seguir, para que tenham uma idéia, transcrevo um trecho do conto A noiva roubada, do livro Tão triste como ela e outros contos:
"Sem harmonia, naquelo outono que padeci em Santa María não acontecia nada até que um 15 de março começou sem violência, suave como o Kleenex que as mulheres carregam e escondem nas bolsas, suave como o papel, os papéis de seda, sedosos, arrastando-se entre nádegas."
Ler Juan Carlos Onetti proporciona um prazer místico, quase sexual.
Em tempo: a ficcional Santa María de Onetti, como a Macondo de Garcia Marques, é nossa Bacaroço. E todas as outras fantásticas cidades latino-americanas, católicas, perversas, maravilhosas, palco dos maiores crimes e dos maiores gestos de generosidade, de ternura. E de crueldade.
4 comentários:
"papéis de seda, sedosos, arrastando-se entre nádegas." Realmente, a prosa dele e diferente.
Parabéns pelo texto!
Obrigado, Marcelo.
Obaaa - dá-lhe Onetti! Merecida homenagem, semana passada o Daniel Piza dedicou um bom espaço da sua coluna no Estadão para relatar a " descoberta de Onetti", maravilhoso!
Parabéns Reinaldo, o texto está muito legal e a homenagem é merecida!
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