15 julho, 2007

Cidadão

Ta vendo aquele edifício moço?
ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
eram quatro condução
Duas pra ir duas pra voltar,
hoje depois dele pronto
olho pra cima e fico tonto,
mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
tu tá aí admirado ou tá
querendo roubar?
Meu domingo ta perdido
vou pra casa entristecido,
dá vontade de beber.
E pra aumentar o meu tédio
eu nem posso olhar pro prédio
que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço? ,
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
fiz a massa pus cimento
ajudei a rebocar.
Minha filha inocente
vem pra mim toda contente: pai vou me matricular.
E me diz um cidadão
que de pé no chão
aqui não pode estudar
Essa dor doeu mais forte,
por que é que eu deixei o norte,
eu me pus a me dizer.
Lá a seca castigava
mas o pouco que eu plantava
tinha direito a comer.
Ta vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e badalo
enchi minha mão de calo
lá eu trabalhei também.
Lá sim, valeu a pena
tem quermesse tem novena
e o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
rapaz deixe de tolice
não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra,
enchi o rio fiz a serra
não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
e na maioria das casas
eu também não posso entrar.

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