O acidente com o vôo 3054 da TAM pode ter causado cerca de 200 mortes - o pior acidente do tipo já ocorrido no Brasil.
Nesse momento, a principal preocupação de todos é com a dor das famílias das vítimas. Como em todo acidente dessa natureza, somos levados a pensar sobre a fragilidade da vida humana e qual o seu sentido. É natural que as pessoas demonstrem solidariedade e busquem atenuar o sofrimento dos que perderam entes queridos.
Porém, algumas pessoas preferem fazer política.
Os líderes do PSDB e boa parte da grande mídia (em particular a TV Globo), numa atitude vil e mesquinha, sem qualquer base na realidade, já
decidiram que o acidente foi causado pela falta de ranhuras na pista principal do aeroporto de Congonhas e, portanto, a responsabilidade é do governo Lula.
Em nome da verdade é preciso dizer que acidentes dessa proporção são causados por vários fatores - inclusive, talvez, pela falta de ranhuras na pista.
Um rápida olhada por alguns sítios e blogs nos permite observar que a construção de casas e edifícios, próximos demais do aeroporto, também pode ter agravado as consequências do acidente.
Segundo o jornal "Estadão", três pilotos afirmaram que um dos reversos do avião da TAM estaria "pinado". O termo, eles explicam, significa que a peça teria um pino para travar o freios. Isso impediria que a aeronave tivesse os freios ativados inesperadamente, como ocorreu na decolagem do Focker 100, em 1996, provocando o acidente que matou 99 pessoas. No entanto, também teria impedido que os freios funcionassem no pouso.
Segundo no blog de Fernando Rodrigues, a aeronáutica teria concluído que o Airbus A-320 da TAM tocou a pista no local correto ao tentar aterrissar. Por alguma razão, o avião continuou em alta velocidade.
O fato de o avião ter continuado em alta velocidade depois de ter atingido o solo, reduz muito a hipótese de os supostos defeitos na pista de Congonhas serem os possíveis causadores da tragédia. Quando o avião derrapa por deficiência da pista quase sempre ocorre uma mudança imediata na trajetória em solo. As informações preliminares dão conta de que o Airbus da TAM seguiu em linha reta até praticamente o final da pista, sem frear nem perder a direção.
Como choveu nos últimos dias em São Paulo, haveria também a hipótese de aquaplanagem –o avião deslizando sobre uma fina lâmina de água. Mas essa hipótese parece não fazer sentido porque o avião ficou em linha reta quase até o final da pista.
Muita coisa pode ter causado o acidente. Ou contribuído para que suas consequências fossem agravadas.
Apesar disso, o animus fudendis contra o governo federal é tão grande que a TV Globo divulgou que trata-se do segundo acidente de grandes proporções ocorrido recentemente, estabelecendo uma "cronologia" da crise aérea, que se inicia com o acidente da aeronave da Gol e alcança seu ápice com a tragédia envolvendo o avião da TAM. Antes disso, tudo estava bem na aviação Brasileira.
Na verdade, assistimos ao terceiro acidente. Há o caso do fokker 100, também da TAM, bastante recente - e relacionado com a mudança das companhias aéreas, transferência para uma "agência" do papel regulador que caberia ao governo.
Mas, como esse acidente ocorreu em outro governo, fica fora das estatísticas.
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