“Se o País não for pra cada um, pode estar certo, não vai ser pra nenhum” (Samuel Rosa/C. Amaral – Skank – “Esmola”).
Tenho escutado nos últimos dias, de amigos e eleitores com quem converso, duas coisas: a primeira é a idéia de que a classe média está revoltada com o governo Lula a ponto de reprovar seu governo e distanciar-se cada vez mais dos petistas. A segunda é, de novo, a reprovação a atitudes do PT de uma forma geral, que agora “ajudou a absorver” o Renan Calheiros no Senado. Como acho um tanto injustos esses sentimentos, procuro dialogar com meus amigos que são das classes médias, buscando compreender o problema e mostrar o meu ponto de vista.
Num artigo recente a filósofa Marilena Chauí frisou que um dos aspectos definidores da classe média no capitalismo é o medo da proletarização e a identificação com os valores das classes dominantes – ela quer “subir” e tem pânico com a idéia de “cair”. Mas para mim isto não explica tudo.
Creio que durante muito tempo houve uma identificação de importantes setores da classe média com os ideais e lutas (por direitos e liberdades democráticas) do PT e o comportamento inadequado de importantes dirigentes e parlamentares do partido no governo federal criaram uma ruptura. Por outro lado, há uma espécie de revolta (confessa) com a carga tributária que é alta no Brasil e um certo preconceito social (inconfesso) pelo fato do governo “gastar muito” com políticas sociais para os pobres, além de não comprar a briga para diminuir o lucro dos muito ricos (isso é verdade).
Por que acho injustos estes sentimentos? Porque vejo que o Brasil está mudando e para melhor. Uso o verbo no gerúndio por que sei que muito tem que ser feito ainda. Mas, um olhar sincero e honesto verá que estamos vivendo uma realidade muito diferente do que a de quatro anos atrás. E eu não falo só da economia que, aliás, está muito bem porque bem gerida pelo governo. Peguemos o caso do meio ambiente: entre 2001 e 2002 o desmatamento da Amazônia cresceu 27%. Durante a gestão da petista Marina Silva, o desmatamento começou a cair em 51%. Olhemos para a educação, agora com um Plano Nacional, com o Fundef, com a construção de novos campus das universidades federais, com a ampliação das escolas técnicas.
Nos esportes, além das medalhas, fizemos dos Jogos Panamericanos no Rio um orgulho em termos de organização.
Nas políticas sociais, o Bolsa Família atende hoje um quarto dos brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza e foi recentemente elogiado pelo jornal O Estado de São Paulo, um crítico feroz do governo.
No Planejamento, o PAC com todos os investimentos diretos da União em infraestrutura, habitação e saneamento estabelece um novo paradigma do papel do Estado como indutor e planejador do crescimento econômico, quando no governo anterior o que vimos foi baixíssimo crescimento por causa do enxugamento do Estado e sua privatização.
Mas, vamos pegar a economia. O Brasil voltou a crescer num ritmo bom, 5% este ano, depois de períodos de crescimento medíocres. Os investimentos na economia cresceram 13,8% neste último trimestre. O consumo avançou 5,9% no semestre (maior taxa desde 1997). A inflação está controlada. Entre janeiro e agosto foram criados 1,35 milhão de empregos formais. Aumento de 13,2% de aumento de acesso à universidade. As reservas brasileiras chegaram a US 150 milhões o que permite que a crise da bolsas internacionais não afetem o Brasil. E estamos perto de conseguir o Grau de Investimento que coloca nossa economia entre as mais seguras para os investidores estrangeiros.
Agora, creio que o mais importante de tudo são os números divulgados no dia 15 de setembro: a renda média dos brasileiros cresceu 7,2% em 2006 segundo a Pnad. Leio estas notícias nos jornais diariamente e sei que elas não caem do céu: são frutos de um planejamento de governo e de decisões políticas corretas.
Vamos falar agora do tema da corrupção, essa chaga que precisamos combater incessantemente. A Polícia Federal está agindo bastante e desbaratando quadrilhas semanalmente. Gente graúda indo para o banco dos réus.
O Procurador Geral da República, escolhido e indicado por Lula com o aval do PT, não engaveta mais as denúncias de corrupção (lembram do Geraldo Brindeiro, indicado pelo FHC e conhecido como o “Engavetador Geral da República?). E o Supremo Tribunal Federal que está dando um show de independência? Os ministros, na maioria, foram escolhidos e indicados por Lula.
Bom, nossos opositores de sempre, apoiados pelos editorialistas, colunistas e articulistas dos grandes meios de comunicação, no que são copiados por outros meios regionais, se apegam desesperadamente em acidentes (veja o acidente com o avião da TAM), fatos políticos (caso Renan), um deslize do Lula ou de seus auxiliares (caso da Marta Suplicy e Marco Aurélio Garcia) para fabricarem crises, dizendo que “ninguém agüenta mais”, que o País está “cansado”, que “o PT absolveu o Renan”. Nunca falam que o PT fez um Congresso para avaliar sua trajetória de lutas e conquistas para a nossa democracia e para o povo, mas também os erros cometidos por alguns dos seus, que reafirmou seus compromissos com a transformação positiva da sociedade brasileira, que criou um código de ética para nossos dirigentes e parlamentares, que somos centenas de deputados, senadores, prefeitos, governadores, ministros e milhares de vereadores, militantes e simpatizantes por todo o Brasil que nunca tiveram qualquer denúncia contra si. Sabemos que o objetivo dos que fabricam estas crises é criar uma “cortina de fumaça” tentando fazer com que o as pessoas pensem que o País “está ingovernável”, nas mãos de “corruptos”, que o governo “gasta demais”, generalizando tudo e querendo com isso fragilizar o governo e enfraquecer o PT diante da opinião pública. Muitas vezes conseguem, infelizmente.
Com toda sinceridade, percebo que o País está caminhando bem, com rumo, com projeto estratégico, embora temos muito para avançar. E, na medida que criamos uma sociedade mais homogênea, onde as disparidades de renda não sejam tão gritantes, onde os pobres possam ter oportunidades e alternativas para seus filhos não trilharem o caminho da marginalidade, onde todos possam consumir mais, com melhores níveis de educação, com estabilidade e crescimento sustentável, esta sociedade será boa para todos.
Simão Pedro é Deputado Estadual pelo PT
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