O deputado Simão Pedro, defensor da utilização do software livre (Linux)pelas administrações públicas, fez um discurso, na Tribuna do Plenário, dia 8/11, contrário a assinatura de acordo entre a Prefeitura de São Paulo e a multinacional Microsoft, para utilização do sistema windows nos telecentros da cidade de São Paulo.
Segundo Simão, na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, optou-se pelo software Linux, que é gratuito. “Mas, semana passada, foi assinada uma parceria com a Microsoft”. Para o parlamentar, esta decisão é um retrocesso ao que já foi conquistado, pois gera custo muito superior ao atual, uma vez que se tem que pagar licença em torno de R$ 500 por microcomputador. “Se em quatro anos foram disponibilizados 122 pontos, agora estes números dimunuirão”, salientou Pedro.
O deputado Simão Pedro é autor do Projeto de Lei 404/2004, que obriga o Estado a instalar software livre em toda a administração pública no Estado de São Paulo. Com a economia do dinheiro gasto com o pagamento de “royalites” deverá ser destinada para a implantação de programas de inclusão digital. A luta agora é para que o projeto se torne lei.
Acordo Kassab X Microsoft
Sem muito alarde, há duas semanas, a Prefeitura de São Paulo e a Microsoft assinaram um protocolo de intenções que prevê a instalação do sistema operacional Windows Vista nos PCs dos 178 atuais pontos do município de São Paulo de acesso à internet, além dos 122 que devem ser inaugurados até 2008.
Até agora, os micros só usavam programas de código aberto, que não exigem o pagamento de licenças. Pelo acordo, confirmado ao Link pela Prefeitura e pela Microsoft, o Windows Vista seria doado aos telecentros, sem custos. Entretanto, o município arcaria com a atualização dos equipamentos, já que o Vista exige computadores com configuração mais ´robusta´.
Segundo estimativa do Link com dados da Prefeitura, seria preciso um investimento de R$ 717,5 mil, o mesmo que serviria para a compra de micros e servidores para 35 telecentros. A polêmica começa aí.
Segundo o sociólogo Sérgio Amadeu, responsável pela implementação dos telecentros na cidade, na gestão Marta Suplicy (PT), e um dos críticos do projeto, o valor seria melhor investido se colocado na ampliação dos telecentros ou na melhoria do serviço. ´Estão mexendo numa conquista, a independência, pois não é preciso pagar pelo software.
No futuro, quando o Vista ficar obsoleto, o governo poderá ter de pagar pela atualização do Windows e, de novo, dos equipamentos´, diz ele. ´Seria melhor gastar com treinamento de instrutores, para desenvolver atividades educativas.´
Segundo o coordenador da Prefeitura, Waldemar Ferreira Neto, o software livre não será abandonado. ´Vamos permitir ao usuário escolher se quer o Windows ou o Linux.´ A Microsoft faz coro com a Prefeitura. ´Temos experiência na área de deficiência. E ter contato com os programas da Microsoft é importante para conseguir um emprego´, diz o diretor de Investimentos Sociais da empresa, Rodolfo Fucher.
O acordo, segundo a Microsoft, prevê também a doação de licenças do pacote Office. Para a Prefeitura, entretanto, isso não está claro. ´O termo não diz isso explicitamente. Mas, se não for doado, cancelamos o projeto´, diz Ferreira Neto. Para poderem rodar o Vista, 60% dos servidores - que permitem aos 20 PCs de cadacentro funcionar - precisarão ser trocados por um modelo com 2 gigabytes (GB) de memória RAM. Hoje, a maioria tem 1 GB.
O custo para o município: R$ 267,5 mil. Também será instalado um micro com Vista e com softwares para deficientes visuais em cada telecentro. O custo: R$ 450 mil. ´A verba já está prevista para 2008´, diz Ferreira Neto.
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