12 novembro, 2007

Veja: a última flor do fáscio

"Última flor do Fáscio, estulta e banguela ,
que a qualquer um se entrega por dinheiro,
que se oferece lasciva ao estrangeiro,
duma mídia ruim és a pior mazela.

VEJA pela verdade nunca zela,
seus leitores empulha o tempo inteiro,
num estilo crapuloso, bem rasteiro
contra o que é certo está de sentinela.

Um tal Mainardi, que é seu colunista,
do Paulo Francis malfeita paródia,
não consegue esconder que é fascista

e outros defeitos, de uma enorme lista.
Que se o interne, num hospício, em vil custódia,
para sempre longe de nossa vista."


Pedro Ney S. Pereira, Recife/PE

* * * * * * *

O jornalista Paulo Henrique Amorim foi entrevistado na edição do mês de outubro da revista "Caros Amigos". Na entrevista, referiu-se à revista "Veja" como sendo a "última flor do fáscio", numa referência ao poema de Olavo Bilac, que fazia homenagem à Língua Portuguesa, a última flor do Lácio.

Na edição deste mês, a revista "Caros Amigos" publicou o soneto acima, do leitor Pedro N. S. Pereira, uma bela - e divertidíssima - paródia com o poema "A última flor do Lácio", que transcrevo abaixo.

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Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac

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