Há alguns dias o Daniel iniciou uma polêmica neste blog a respeito das pretensões autoritárias do presidente Hugo Chaves, que buscava, através de uma reforma constitucional, o direito e reeleger-se indefinidamente.
Ontem a proposta de Chaves foi derrotada. O "sim" teve 49,3% e o "não" recebeu 50,7% dos votos.
Primeira conclusão: um ditador não perde uma eleição por 0,7%. Nem alguns pretensos democratas, como Bush Júnior, que roubou bem mais do que isso para ser eleito pela primeira vez.
Na Venezuela, o eleitor tem que colocar seu dedo indicador numa tela digital que o reconhece e mostra sua fotografia, como é comum hoje em alguns prédios de escritórios e repartições públicas de Brasília. Depois, tem esse seu dedo marcado com uma tinta que só sai depois de 24 horas, para que ele não volte e tente arrumar confusão, dizendo que outra pessoa se passou por ele.
Após votar na urna eletrônica, uma máquina imprime o tal papel confirmando sua opção, como se quer fazer no Brasil, e ele, então, deposita esse voto numa urna física. Se por algum motivo se fizer necessária uma recontagem, basta abrir a urna física e conferir se o resultado bate com o da eletrônica.
Isso tudo foi implantado nesses anos de governo Chávez. Antes, era um absurdo. Voto só no papel e com um título fajuto. E a maior parte da população nem sabia como tirar o título de eleitor. Nos anos Chávez o número de eleitores na Venezuela mais do que dobrou.
Pode-se criticar Chaves, discordar de suas idéias ou métodos, mas classificá-lo como ditador é um absurdo.
Uma última observação: o Daniel mencionou, em carta ao jornal Cruzeiro do Sul, que se fosse aprovada a proposta de Chaves, e depois vencesse um candidato "de direita", que buscasse se perpetuar no poder, não teríamos como contestá-lo.
Companheiro Daniel: a direita nunca fez questão desses artifícios e "detalhes" constitucionais. Se necessário, fecha parlamentos, prende, mata, arrebenta.
03 dezembro, 2007
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4 comentários:
Quem segue como correta a primeira conclusão, de que "um ditador não perde uma eleição por 0,7%", certamente não tem informações sobre a popularidade do governo de Médici...
E por acaso qual foi a eleição em que Medici concorreu?
Médici era popular? Dizem que sim, mas não dá pra ter certeza, até porque os pesquisadores que disseram o contrário não sobreviveram.
Mesmo que fosse popular: e dai? Isso justifica a ditadura?
Obrigado, Reinaldo... você acabou de concordar comigo.
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