20 fevereiro, 2008

Cartões Corporativos: PSDB erra na dose

Em qualquer regime democrático a figura da oposição tem papel imprescindível à fiscalização dos atos do governo, à contensão de abusos e à promoção dos necessários e saldáveis debates em torno dos projetos de interesse da população.

A oposição feita pelo PSDB ao governo federal, no entanto, há muito “perdeu a mão”, errou na dose, por assim dizer. Já não tem a menor condição de apresentar um modelo alternativo de poder, um projeto diferente para o país, já que o que apresentaram em oito anos de governo FHC mostrou-se absolutamente ineficaz.

E quando não se tem projeto a apresentar e não se possui qualquer capacidade de mobilização popular, o único caminho é criar fatos, escândalos. Enfim, algo que massivamente repetido e divulgado possa originar algum tipo de revolta ou comoção, a ponto de alterar a opinião da população em torno de um governo ou de uma figura. Assim, surgiu o debate em torno do uso e do abuso dos chamados cartões corporativos.

Pois não é que mais uma vez o tiro saiu pela culatra. Na ânsia de se buscar meios de arranhar a popularidade de Lula, confirmada pelos extraordinários índices de aprovação revelados agora pela pesquisa CNT/Sensus, os tucanos apresentaram todo o seu repertório de bravatas, mas, ao avançarem demais, perderam a chance de prestar um grande serviço ao país, simplesmente apontando os erros e abusos no uso dos cartões corporativos, de forma a forçar o governo a corrigir tais erros.

Ao invés disso, apostaram no quanto pior melhor. Atiraram no próprio pé, pois se verifica que o cartão criado no próprio governo do PSDB, sofre maiores violações entre os próprios bicudos. Sim, os refinados doutores da sociologia tucana apreciam um bom “papagaio” na hora de pagar a conta.

Dados do SIGEO (Sistema de Informações Gerais de Execução Orçamentária) do governo do estado de São Paulo, não divulgados ao público numa demonstração de pouco apreço à transparência, apontam gastos no mínimo curiosos, realizados com os cartões corporativos das gestões Serra e Alckmin.

Estabelecimentos noturnos, tais como a “Choperia Farol Assis” e “Cachaçaria Água Doce”, figuram entre os que tiveram contas pagas através de cartões do governo Serra. E não foram casos isolados. Isso sem mencionar o fato de quase metade dos mais de cem milhões de reais gastos com os cartões tucanos no ano passado, terem sido sacados direto na boca de caixas, o que dificulta a averiguação de onde foram gastos.

E o esforço denuncista não para nos cartões. Na verdade, a busca por um escandalozinho pauta o dia a dia de uma oposição vazia e sem projeto. E aí, mais uma vez erram na dose, pois que o discurso moralista acaba virando contra os próprios.

No último dia 31 de janeiro, por exemplo, a imprensa divulgou os termos de decisão tomada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, dando conta da suspensão dos direitos políticos do deputado federal e ex-líder da bancada do PSDB na Câmara Federal, Antonio Carlos Pannunzio, pelo período de 3 anos, além da imposição de multa, pela prática de improbidade administrativa.

E a lista de peripécias dos bicudos não para por aí, o conterrâneo do ex-líder tucano no Congresso, deputado Renato Amary, tem sofrido seguidas condenações e reprovações do Tribunal de Contas da época em que foi prefeito de Sorocaba, o que deve inviabilizar seu sonho de voltar a se candidatar à prefeitura de sua terra.

Pra fechar a lista de recentes notícias dos tucanos, a Folha de São Paulo publicou dias atrás, matéria apontando que a campanha de José Serra à Presidência da República, em 2002, recebeu recursos de uma empresa chamada Marka Serviços de Engenharia, que estava desativada desde 1996 e que pertencia ao então Secretário-Geral do PSDB, Márcio Fortes. Além disso, a justiça ainda identificou 15 notas frias, no valor de R$ 1,144 milhão naquela prestação de contas, emitidas por quatro empresas, entre elas a “fantasma” Gold Stone Publicidade e Propaganda. Confirmadas as informações teremos a comprovação de um autêntico caixa dois serrista.

Pois é, o problema de cuspir pra cima é que fatalmente a própria testa será atingida. E a intenção deste texto não é a de justificar um erro pelo outro. É apenas mostrar que não há anjos inquisidores e que o que precisa ser atacado, de fato, neste país, é o modelo da nossa política.

Foi o PT quem introduziu a discussão da ética e da honestidade na política brasileira. Até então, grande parte da população ainda se conformava com o “rouba, mas faz”. Agora tentam nos impor uma imagem que não condiz com a história da classe trabalhadora e de suas lutas no Brasil.

As grandes questões em pauta, portanto, são duas: como estabelecer métodos transparentes e eficazes de controle dos gastos públicos, de maneira menos espetacular do que a proposta pela oposição, e como reformar o modelo político de forma a garantir eleições onde os partidos apresentem suas propostas de maneira justa, sem abusos do poder econômico e onde o programa do partido se sobreponha ao sobrenome do candidato.


Paulo Henrique Soranz
Presidente do PT em Bacaroço

5 comentários:

Anônimo disse...

Caro petista,

1. Mentira. Em São Paulo não são cartões corporativos. Não tente colocar no mesmo saco a capacidade de gestão do PT e o PSDB. Sugiro que você estude um pouco a situação antes de sair por aí falando besteira.
2. Se no governo FHC houve tanto abuso no uso de cartões corporativos, porque o Lula nunca disse nada a respeito? Prevaricação!

M.

Anônimo disse...

Êpa! Pelo tom do comentário a ferida foi tocada...

Anônimo disse...

Caroço,

Que tal propor soluções então?

M.

Anônimo disse...

Pois é, tem muita coisa que o Lula deveria dizer sobre o FHC, ou melhor perguntar, por exemplo, como pode o país ter passado oito ano no arrocho? Quanto custou a emenda reeleição? Quanto custou impedir as CPI? Onde foi parar o dinheiro das privatizações? A custa de que FHC socorreu os bancos de banqueiros aliados do PSDB? heim?

O Lula realmente esta pisando na bola!

Reinaldo disse...

A tucanalha acusou o golpe.

É cartão corporativo sim.

Não adianta criar um "tucanismo" para justificar a falta de controle.

Nunca vi alguém sacar cem mil reais de um "cartão de débito".

A virtude dos cartões do governo federal é essa: os gastos podem ser fiscalizados.

O que não acontece com Serra. Ou com os tucanos em geral.