Hoje é 1º de Maio, dia do trabalhador e eu gostaria de lembrar um pouco da tradição desta data na cidade de Sorocaba do início do século.
Nas duas primeiras décadas do século XX o 1 de Maio era uma festa bastante concorrida que agitava a cidade e envolvia um grande número de operários. Nessa época a cidade estava entre um dos principais centros industriais do país, num tempo em que as indústrias do Rio de Janeiro estavam bem mais desenvolvidades que em São Paulo.
Pelo menos inicialmente, este 1º de Maio não guardava muitas semelhanças com aquele influenciado pelo massacre de operários em Chicago, cujas palavras de ordem faziam ressoar os lemas anarquistas e socialistas na Europa e nos EUA. Aqui o que predominava no início não eram as manifestações contra as opressões do sistema capitalista e por melhores condições de trabalho. Pelo contrário, podemos entender muitos eventos do 1 de Maio como regozijo popular pela virtuosidade da modernização trazida pela indústria. Geralmente o patrão apoiava manifestações desse tipo e podia até mesmo participar efetivamente delas.
Por outro lado, as atividades políticas em determinados momentos ganharam espaço e com o tempo foram se tornando mais importantes, muitas vezes caminhavam lado a lado com os grupos não politizados, sem que houvesse grandes conflitos. Ocorriam reuniões públicas em locais bastante freqüentados como no Clube dos Atiradores, em cinemas, na Praça da Matriz e no Largo do Rosário, mesmo que geralmente o teor não tenha sido revolucionário.
Nessas reuniões os trabalhadores assistiam discursos políticos variados além de filmes com um leque de temas que ia do humor ao político. Tais reuniões tinham caráter geralmente reivindicatório, mas bastante ecléticas do ponto de vista das correntes ideológicas, os discursos eram predominantemente uma crítica em favor de melhores condições de trabalho, que não chegavam a radicalização revolucionária, mesmo que entre os debatedores tenham passado socialistas revolucionários ou até anarquistas.
Em tais reuniões estiveram presentes “tribunos” (palestrantes) socialistas de expressão nacional como o advogado paulistano e futuro candidato a deputado Dr. Passos Cunha e estrangeiros, como o socialista italiano Oreste Ristori que debateu sobre a “escola nova” e “organização operária”, notável também a passagem por Sorocaba do socialista revolucionário italiano Alceste De Ambris (1)
As organizações operárias, principalmente aquelas que tinham menor teor reivindicatório como a Liga do Chapeleiros e outras, além da Liga Operária, União Operária organizavam piqueniques em bairros afastados da cidade, onde faziam uma “excursão” tendo como destino os bairros de Brigadeiro Tobias, São João de Ipanema e Votorantim, além de outros destinos, mais próximos, como a região onde hoje fica o bairro do Trujillo. Segundo as noticias dos jornais eles Buscavam um dia agradável.
Esses piqueniques não ocorriam apenas no dia do trabalho, eram mais cotidianos na verdade, ocorrendo em domingos periódicos. A União Operária, por exemplo, decidiu em assembléia pelo intervalo de dois meses entre um baile e outro, sempre precedido de piquenique. No 1º de Maio os piqueniques ganhavam um destaque especial, os jornais da cidade cobriam detalhadamente os eventos.
Esses piqueniques não ocorriam apenas no dia do trabalho, eram mais cotidianos na verdade, ocorrendo em domingos periódicos. A União Operária, por exemplo, decidiu em assembléia pelo intervalo de dois meses entre um baile e outro, sempre precedido de piquenique. No 1º de Maio os piqueniques ganhavam um destaque especial, os jornais da cidade cobriam detalhadamente os eventos.
Os operários geralmente se concentravam no Largo do Rosário e seguiam em passeata até a estação da EFS onde embarcavam. Acompanhava-os sempre uma das diversas bandas de música da cidade, estas de algum modo estavam provavelmente ligadas a uma ou outra organização, ou a um determinado grupo de entidades. Quando voltavam, no final da tarde, faziam uma passeata pela cidade e se organizavam com grande algazarra em alguma praça, onde podia ocorrer ainda um ato cívico ou uma nova passeata pelas ruas, sempre acompanhada de uma banda de música e do estandarte à frente dos trabalhadores, todo o evento era carregado de simbolismo.
A Sociedade Protetora dos Chapeleiros numa dessas festas foi em passeata até a casa de um de seus patrões, ali fizeram a ele uma homenagem e convidaram-no para participar da festividade, entretanto, para desapontamento geral, o convite foi recusado.
Terminava-se muitas vezes a festa com uma sessão de cinema, de teatro ou em um baile. Mesmo as organizações mais polítizadas realizavam piqueniques, mas no 1 Maio de 1912 o socialista revolucionário francês Joseph Joubert Rivier fez pesadas críticas a este tipo de evento. Também em 1912 a União Operária passou a criticar a passagem do 1 de Maio como uma festa, a data deveria ser lembrada com protestos contra o massacre de Chicago.
(1) Leia o texto que escrevi sobre a passagem de Alceste De Ambris por Sorocaba em 1910 em Abacoros.
(2) Sobre as fontes utilizadas: Jornal Cruzeiro do Sul (1909-1914), A Cidade de Sorocaba (1910-1913)e O Operário (1909-1914)
9 comentários:
Somos então brindados, nós pobres leitores deste blog, com um dos textos produzidos pela pororoca mental do historiador sorocabano Fábio Cassimiro. Tal como em outras oportunidades, ele começa falando uma coisa, passa para outra e fica faltando o miolo.
Este texto, cometido no mais puro estilo proto-colegial, em conjunto com o resto da obra Cassimiriana, empresta novos significados à afirmação feita pelo seu amigo Daniel, de que Fábio “passou no vestibular na raça”.
Uma colagem de informações desconexas não produz História, Fábio. Contar “causos“ e anedotas não faz de você um historiador. Não se separa sujeito e verbo com vírgula. Nunca. Jamais.
Da próxima vez publiquem um dos press-releases que o partido mandar pra vocês. Ao menos lá eles passam um corretor ortográfico antes.
Concordo com a sua critica,mas isso não é um artigo acadêmico.
Luis Fernando em seus comentários manifesta seu repúdio não pelo fato do intelectual atendente de PA sair por aí evacuando tudo o que pensa que pensa.
Tenho a impressão de que o que Luis Fernando repudia é a falta de sensibilidade e de inteligência daqueles que desonram a memória e a verdadeira história de pessoas que contribuíram de alguma maneira para um mundo mais justo e perfeito.
No entanto, o intelectual historiador, em suas infinitas crises de incontinência verbal, interpreta o que lê como ofensas pessoais.
Apenas um conselho, acadêmico uspiano: não se ofenda com o que pensam sobre você! Para que as pessoas tenham uma impressão de que é um frustrado iletrado, basta que leiam seus textos. Aprenda a ler com senso crítico! E para o caso em tela não há uma interpretação tão difícil, basta respeitar os ausentes e não escrever sobre o que não tem conhecimento (se bem que nesse caso, sobre nada escreveria).
Também tenho uma crítica: Fabio, um certo filósofo disse: "A argumentação é inútil contra os ignorantes" ;)
O Texto do primeiro de maio não é artigo acadêmico! É a história da luta de gente que põe medo na burguesia!
Quer dizer então que se não for um trabalho acadêmico ficam revogadas as regras da gramática? Torna-se desnecessário o encadeamento lógico das idéias? Passam a ser desnecessárias as próprias idéias? Interessante, muito interessante. De fato, sou ignorante nesta área da produção literária.
Anauê, você é ignorante em qualquer área!
Vejo que a turba cresce. A capacidade argumentativa, no entanto, segue no sentido oposto.
Anauê??? Já li isso cara pálida...
Gente besta... Em grupo agora pra defender o estoriador iletrado.
Anauê ignorância!
Regras gramaticais... então ele não está criticando o conteúdo do texto =)
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