Ao declarar à Folha de S. Paulo (30/7) que "as concessões poderiam significar ganho de produtividade nos próximos anos, à medida que tornaria a realização de reformas estruturais mais prementes", o dirigente empresarial deixou claro que tipo de projeto encampa como forma de desenvolvimento para o país.
O governo Collor e os oitos anos do consórcio tucano-pefelista já nos ensinaram como a burguesia nativa interpreta o conceito de " produtividade": terceirização de atividades, fusões, fechamento de plantas, transferência de controle acionário e redução de custos.Sobrevalorização cambial e juros estratosféricos terminam por levar a alienação de ativos a investidores estrangeiros. Mas para o diretor da Fiesp isso significa fazer o "dever de casa".
Como essa lição, para ser bem feita, solicita uma crescente desestruturação do mercado de trabalho, resta aos especialistas calcularem quantos empregos foram salvos com o fracasso das negociações em Genebra.
Por trás dessa “visão modernizadora", no entanto, persiste o interesse patrimonial típico da elite brasileira, com a visão do aparelho estatal como extensão do patrimônio particular.Falta, contudo, o bloco de poder que até 2002 tratava a administração pública como se fosse a gerência de uma empresa privada ou de uma grande fazenda.
É no compasso de espera do retorno do tucanato ao poder que a direita urde sua trama. Agindo dentro da própria institucionalidade, sem quebra de regras, sem movimentos abruptos. Já não há dúvidas que é mais eficaz, sai menos custoso, além de dar menos visibilidade a seus interesses.
“Marconini, talvez sem o querer, mostrou o que mobiliza os nossos “indignados” e moralistas” completamente inocentes", em sua grita diária por mais ética e menos gastos públicos. O horizonte é 2010.
Por enquanto, resta o consolo de que vários postos de trabalho não foram esterilizados.
Gilson Caroni Filho - Pravda
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