15 janeiro, 2009

Apelo para mobilização

Brasil não deve extraditar Cesare Battisti

por Rui Martins

Existem momentos em que uma decisão da Justiça brasileira pode transmitir ao mundo uma mensagem de serenidade, equilíbrio e ponderação. Esta coluna hoje quer ter mais uma função de manifesto para propor às personalidades brasileiras, muitas das quais viveram o exílio político, uma mobilização para pedir ao nosso Supremo Tribunal a rejeição do pedido de extradição do antigo militante da extrema-esquerda Cesare Battisti, preso no Rio de Janeiro.
Condenado à revelia à prisão perpétua, na Itália, por quatro crimes dos quais nega ser o autor, Cesare Battisti tinha se beneficiado, na França, de uma decisão do presidente Mitterrand contrária à extradição de antigos militantes revolucionários italianos. Julgando-se em lugar seguro, depois de ter fugido para o México, onde sobreviveu com pequenos empregos, Battisti começou ali a escrever livros policiais, talvez obcecado pela sua própria história de foragido – uma espécie de Jean Valjean italiano perseguido todo tempo por um obsessivo Javert.
Para ter do que sustentar a esposa, conhecida na primeira fuga da Itália à França, quando atravessou a pé os Alpes, e as duas filhas, se tornou zelador de um prédio em Paris. Zelador-escritor, o antigo militante italiano do PAC, Proletários Armados pelo Comunismo, pequeno grupo italiano que "caiu na cilada da luta armada" na luta contra o poder, como ele próprio diz, assim esperava viver o resto de sua vida. Sua primeira prisão ocorreu quando tinha 25 anos (hoje tem 53), tendo sido libertado dois anos depois por uma operação comandada por seu companheiros.
Entretanto, o fim do governo Mitterrand, pos fim à sua anistia política. Um novo pedido de extradição pela Itália acabou sendo acatado pelo governo francês de Jacques Chirac. Não querendo ser extraditado para a Itália e ali passar o resto da vida na prisão, Cesare Battisti retomou sua vida de foragido. Na sua defesa, no julgamento da extradição, Battisti, além de negar os crimes, destacou a desumanidade da pena – "o que será de minha mulher e minhas filhas, que não poderei mais ver e nem sustentar ? Na verdade, serão elas também condenadas comigo".

Por que o Brasil não deve extraditar Cesare Battisti ? http://carosamigos.terra.com.br/nova/ed120/extradicao.asp

http://cesarelivre.org/

3 comentários:

Anônimo disse...

Discordo completamente.

A extradição deveria ser feita imediatamente. Mesmo hoje sendo um escritor e alguém "de paz". Este cidadão é um assassino confesso (sim na Itália ele assumiu seus atos) e foi apontado por seus cúmplices também. Logo, de bom moço ele nada tem. É um assassino e um terrorista. Se é inocente e alega-se injustiçado. Que prove sua inocência num julgamento em seu país.

A Itália não é uma nação que costuma perseguir politicamente ninguém (nem os mafiosos).

Não é porque o cara era de esquerda que temos que "entubá-lo". O movimento a que era filiado, atuava dentro das Brigadas Vermelhas que provocou centenas de mortes de inocentes em seu país. E isso é imperdoável.

Se ainda alega que não pode se defender, foi por sua própria opção ao fugir de seu país.

Homicídio, seja por qual causa for, deve ser imprescritível e a punição deve alcançar quem comete esse crime de qualquer forma. Mesmo que ele tenha se tornado um monge e descoberto a cura do câncer.

Quatro pessoas morreram para que esse idiota levasse uma vida mansa.

Simples assim.

Reinaldo disse...

É curiosa a reação da direita brasileira e do direitista "maximus".

O Brasil sempre conceder asilo político, a pessoas da todos os matizes ideológicos.

Não me lembro da "indignação" dos direitistas quando o Brasil abrigou Alfredo Stroessner, ditador do Paraguai por 35 anos, acusados de diversos crimes e violações de direitos humanos, além de conceder asilo a nazistas conhecidos, como o dr. Josef Mengele.

Anônimo disse...

Não houve indignação dos direitistas, assim como não houve nenhuma mobilização do Tarso Genro para conceder asilo político aos atletas cubanos por aqui, muito pelo contrário...