Quando escrevi o artigo deste sábado, não tinha ainda me dado conta de que a notícia sobre a condenação em primeira instância do escritório de advocacia de José Antonio Dias Tóffoli havia sido publicada simultaneamente por jornalões como a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, e grandes revistas como a Veja e a Época.
Como jornalista veterano que sou, com longa atuação tanto nas redações como em assessoria de imprensa, percebo agora o que houve: uma mão misteriosa fez chegar tal informação aos principais veículos da imprensa brasileira, mas impôs um embargo de publicação até sábado.
É uma prática muito adotada nos casos em que um assessor de imprensa tem uma informação quente para passar, mas quer extrair dela o máximo proveito. Embarga-a até uma data estratégica, quando todos os veículos a divulgam simultaneamente, para que nenhum deles seja furado pelo outro.
E por que sábado?
Simples: porque é o dia em que vão para as bancas as revistas de maior circulação.
Então, o municiador oculto exigiu que os jornais esperassem tal dia para soltar suas matérias. E as revistas deram espaço mais generoso para esta notícia do que dariam se a estivessem soltando a reboque dos jornais.
Como se nota, principalmente, na Veja, a matéria foi trabalhada com muito empenho.
Leva alguns dias para se produzir algo assim.
Então, é de supor-se que a plantação desta notícia desfavorável a Tóffoli ocorreu bem antes da 5ª feira, quando o presidente Lula assinou sua mensagem indicando-o para o STF.
Digamos, na 2ª feira, quando Tóffoli já era tido como o preferido do Planalto, foram feitos os contatos.
Os veículos receberam a informação, com um bom prazo para produzirem suas respectivas matérias, que deveriam ser todas publicadas no sábado, caso Lula formalizasse a indicação de Tóffoli até lá. E o acordo, como se pode constatar, foi respeitado por todas as partes.
Tendo sido Gilmar Mendes quem lançou a palavra de ordem "Toffóli não deve votar no julgamento de Battisti!", isto pode indicar que ele haja participado da tramóia e agora esteja tentando despistar, ao, aparentemente, defender o indicado por Lula.
Ou, apenas, viu aí uma boa oportunidade para alvejar o PT, acusando-o de ter, quando ainda estava na oposição, introduzido a prática de manchar a biografia dos adversários políticos escolhidos para o Supremo.
O certo é que houve uma ação concertada contra o Governo Lula, à qual a mídia deu prestimosa colaboração.
E quem foram os responsáveis pela armação?
Podem ter sido os partidos que querem desalojar o PT do Planalto.
Ou os reacionários mancomunados contra Battisti.
Ou ainda, o que é mais provável, uma ação entre amigos -- até porque esses dois conjuntos se confundem e complementam.
Celso Lungaretti
Um comentário:
Cara! E a segunda condenação? Será que também foi armada?
Temos que ter cuidado ao defender nomes baseados apenas em ideologias. As condenações não são determinantes para a nomeação de Toffoli porque são coisas que qualquer profissional pode sofrer.
A principal restrição é quanto a competência de Toffoli. Afinal de contas, alguém que foi reprovado duas vezes em exames para o cargo de juíz não pode ter um "notório saber jurídico".
O campo ideológico é outra coisa que sequer deveria ser considerado. Afinal, o que se espera de um ministro do supremo é a mínima isenção. O que, duvido muito, ele terá. Afinal, só está no cargo de advogado da união por ser amigo pessoal de Lula e de Jose Dirceu (tendo sido advogado pessoal de ambos) e é um elemento fortemente ligado a cúpula que levou o PT para o fundo do poço ético e moral.
Como eu disse, as condenações são secundárias os problemas mesmo são a competência questionável e a isenção inexistente.
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