29 junho, 2009

Tudo aos amigos


No caminho com Maiakovski

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa
casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da
garganta.
E já não podemos dizer nada.

(de Eduardo Alves da Costa)



O poema acima citado descreve de forma precisa os motivos pelos quais não se deve tolerar agressões, injustiças e a distorção de valores que nos são tão caros em nossas vidas.

Menciono referido texto com o propósito de retomar a discussão em torno do desmoronamento dos valores éticos e morais da administração Vitor Lippi.

Referido processo, aliás, tem sido debatido constantemente por aqueles adeptos da boa política, seja lá qual for sua orientação ideológica, mas que esteja cercada de bons propósitos.

Os que militam (ou militaram) na esquerda mais tradicional costumam dizer que é impossível transformar um país pelas vias democráticas, mesmo com o melhor governo, os melhores programas e a melhor das intenções, porque o Estado não passaria de um “aparelho da burguesia”.

Segundo tal conceito, os três poderes teriam sido construídos com o firme propósito de se manter um instrumento que desse a uma minoria condições de controlar a maioria.

Essa minoria, seria a mesma que durante séculos se dedicou a tratar seres humanos, seus iguais, como sendo propriedade, quando defendiam a escravidão.

Bem, o grande desafio do Partido dos Trabalhadores era justamente o de assumir um Estado moldado por interesses de uma pequena elite e governá-lo para todos, com um claro viés de combate as desigualdades e injustiças sócias. E tudo isso pela via democrática, já que foi essa a opção de milhares de brasileiros que em 1980 sonharam e ousaram construir a nova política no país.

Creio que o sucesso do governo Lula, com o êxito de suas políticas sociais e a amplitude de seus programas de distribuição de renda apontem para um futuro não tão distante, em que seremos capazes de construir um novo estado democrático.

No entanto, é lamentável constatar que o PSDB não tem contribuído em absolutamente nada nesse sentido. Vejamos o (mal) exemplo de Sorocaba.

A candidatura à reeleição de Vitor Lippi foi coordenada por um grupo de empresários, que inclusive mantém negócios com a Prefeitura de Sorocaba. Algo que se não se pode classificar como ilegal, mas que cabe no rol daqueles tidos como imorais.

Nos primeiros seis meses desse confuso segundo mandato, Vitor Lippi conseguiu apresentar diversos péssimos exemplos de tolerância com pequenos gestos de imoralidade no trato com a coisa pública. Aceitou que funcionários do primeiro escalão do seu governo se beneficiassem do cargo para a aquisição de automóveis com descontos especiais, se enrolou com os até hoje mal explicados “negócios da China”, admitiu ter isentado de impostos empresas que contribuíram com sua campanha eleitoral. Enfim, escolheu andar no fio da navalha que separa os interesses públicos dos privados, da probidade, da improbidade.

Eis que, com o bolo pronto, resolve acrescentar a cereja que faltava. Indica o ex-prefeito de Itapetininga, impedido pela Justiça de se candidatar nas últimas eleições por conta de processos que responde na esfera criminal, para ser seu Secretário de Habitação.

Não me resta dúvidas, Lippi perdeu completamente o rumo de seu governo. A prefeitura de Sorocaba retrocedeu algumas décadas e voltou a ser um “aparelho” de poucos e para poucos. Algo provinciano que tem como resultado a estagnação de toda a cidade. Justamente em um momento delicado, de grave crise econômica, que exige ousadia, seriedade e competência em todas as esferas do Poder Público.

E como na política tucana se admite pesos e medidas distintas aos amigos, Lippi tem defendido seu novo secretário dizendo que nada ainda se resta absolutamente provado. Que em política esse tipo de processo é comum e que ele mesmo responde a alguns.

Verdade ou não, essa tolerância só se dá mesmo em relação aos seus parceiros. É só lembrar do seu comportamento e de suas frases na época em que o presidente Lula não tinha a aprovação que acumula hoje, na época, Lippi chegou a sugerir cadeia ao presidente.

Ao que parece, os anos têm tornado o prefeito sorocabano muito mais tolerante a certos assuntos.

Paulo Henrique Soranz Presidente do PT-Sorocaba

23 junho, 2009

Entre quatro paredes


Duas analises tem sido muito difundidas, ambas incorretas: uma acredita que a crise atual levou ao fim do neoliberalismo e condena o próprio capitalismo à morte. A outra afirma que todas as tentativas atuais – especialmente as latinoamericanas – de superação do neoliberalismo fracassaram ou tendem a fracassar, “traindo” os mandatos que receberam.

Parecem analises contrapostas, mas são funcionais uma à outra. Porque remetem à idéia de que as condições de superação do capitalismo estão dadas, só não se realizam pela “traição das direções políticas”, burocráticas e/ou corrompidas, cooptadas pela burguesia e pelo capitalismo.

Além de equivocadas ambas as análises servem de álibi para as derrotas da esquerda: são sempre derrotas “dos outros”. Fica-se na eterna e indispensável tarefa da denúncia, tanto da repressão, quanto das “traições”. Mas os setores mais radicais se consideram imunes às derrotas, como se ao não se aproveitar a crise do capitalismo e o esgotamento do neoliberalismo para construir alternativas de esquerda capazes de disputar hegemonia, não estaríamos sendo todos derrotados.

Ou os argumentos da esquerda estão equivocados – e a realidade insiste em provar que isso não é verdade, quando se avança é pela esquerda e as propostas de direita estão associadas à geração da crise – ou temos sido incapazes de convencimento e de construção de forças alternativas que tratem de transformar essas idéias em força concreta – econômica, social, política, ideológica. Talvez as posições concretas da esquerda ou não sejam suficientemente concretas para chegar às pessoas ou estejam erradas na sua forma. Talvez se exorbite no radicalismo verbal e isso leva a esquerda ao isolamento e ao doutrinarismo, fechando-se sobre si mesma, apegando-se excessivamente à teoria e aprendendo pouco das formas sempre novas e heterodoxas da realidade concreta. Talvez se privilegie as palavras, a doutrina, em relação à realidade concreta, esquecendo-nos que a verdade é sempre concreta.

“A teoria, quando penetra nas massas, se torna força material” – dizia Marx. Seu pensamento pretende ser ao mesmo tempo interpretação do mundo e sua transformação radical. As palavras que não se transformam em força material, que não sensibilizam, que não chegam ao povo e não são assumidas por este como vetor de mobilização e projeto de transformação da realidade, permanecem palavras, teorias, doutrinas.

Por isso um marxista é necessariamente, ao mesmo tempo, teórico e dirigente político, intelectual e militante, de forma indissolúvel.

Quanto mais setores da esquerda consideram que os projetos atualmente existentes são todos cooptados pela burguesia, projetos de uma “nova direita” disfarçada de esquerda, etc., etc., mais deveriam se sentir derrotados e desmoralizados. Porque acreditam cegamente que têm razão, mas nunca conseguem triunfar, não conseguem convencer aos amplos setores do povo das suas propostas. Deveriam se sentir mais derrotados que todos. No entanto, exibem soberba diante das derrotas, parece que as derrotas são dos outros. (Como no caso da peça do Sartre, “Entre quatro paredes”, em que “o inferno são os outros").

Muitas vezes setores da esquerda colocam como seu objetivo a disputa de espaço dentro da esquerda, a demonstração de força de que têm mais força que outros grupos de esquerda, quando o objetivo fundamental é construir e disputar hegemonia na sociedade como um todo. Tantas vezes reina o prazer quando se considera que tal pessoa ou tal grupo teria “capitulado”, quando se deveria ficar triste, porque – caso seja realmente assim – é mais uma pessoa ou um setor que abandonaria a esquerda, refletindo nossa incapacidade de conquistá-los.

As vezes dá a impressão que se considera que o gênero humano está condenado à traição e cada vez que se considera que isso acontece, gera uma espécie de satisfação interior, ao constatar que mais e mais gente morde a maçã do pecado e das garras da cooptação do capitalismo.

O debate ideológico dentro da esquerda deve ser dar em função do objetivo maior de construção de alternativas de esquerda, não de ver quem triunfa no marco fechado da esquerda. Senão o campo ficará livre para que a direita decida quem governará – e o fará sempre contra a esquerda e o campo popular.

fonte: Blog do Emir Sader

18 junho, 2009

Colômbia: militares matam falsos guerrilheiros por recompensa

Militares colombianos assassinaram civis. Depois, eles os vestiram como guerrilheiros para inflar os números da luta antiterrorista, ganhar galões e receber as recompensas prometidas. Quantos crimes foram cometidos dessa forma? A justiça já abriu mais de 1.200 inquéritos.

Philip Alston, relator das Nações Unidas para as execuções extrajudiciais, chegou em 8 de junho a Bogotá. "Estou aqui para escutá-los e tentar entender", ele disse aos parentes das vítimas.

Blanca Gomez vive em Soacha, um subúrbio popular de Bogotá. "Em 2 de março de 2008, meu filho Julian saiu por volta das 19 horas dizendo que ia encontrar um amigo que havia lhe oferecido um emprego. Ele tomou uma ducha e vestiu uma roupa adequada. Nunca mais o vi novamente", ela conta.

Blanca Gomez alertou a Justiça sobre o desaparecimento de seu filho de 19 anos, sem nunca conseguir a abertura de um inquérito. "Somos pobres", ela explica, como que para se desculpar. Cinco meses após o desaparecimento de Julian, um terrível rumor começou a correr.

"Me disseram que jovens do bairro foram encontrados mortos em Ocaña, na região Nordeste", ela diz. A certidão de óbito diz: "Guerrilheiro morto em combate". Seu corpo apresentava seis perfurações de bala nas costas. O rumor virou um escândalo. No jargão militar, um "guerrilheiro morto em combate" é um "positivo". O filho de Blanca faz parte dos "falsos positivos".

"Meu filho tinha problemas, e há vários anos ele se drogava. Imagine, a guerrilha nunca o teria aceitado", suspira Marta Diaz. Ela fechou seu quiosque e viajou a partir de Barranquilla, a grande cidade portuária da costa caribenha. Ela queria que "o homem da ONU" informasse ao mundo inteiro "que o exército colombiano assassina seus cidadãos".

Fonte: Vermelho

16 junho, 2009

Polícia tinha ordem para prender Brandão, no confronto de 09 de Junho na USP

Achei hoje esta postagem do Blog do Tulio Vianna alertando para um fato que passou despercebido pelos jornalões (ou teriam simplesmente tentado esconder?): o comandante da operação na USP Cláudio Lobo declarou para a Rede Globo (aos 2 min do vídeo):

“Existe uma ordem pra prender alguns líderes que estão incitando esta greve. A juíza expediu uma ordem de reintegração de posse e liberdade de ir e vir. Eles não estão acatando.”




Como assim ordem de prisão?

A ordem de reintegração de posse tem natureza civil e, portanto, jamais ordenaria a prisão de quem quer que seja. A juíza cível, aliás, é incompetente para ordenar prisões, salvo no caso de pensão alimentícia.

Então havia duas ordens: uma da juíza (de reintegração de posse) e outra de prisão. O comandante não deixa claro quem deu a ordem de prisão e a repórter lamentavelmente perde a oportunidade de fazer a pergunta-chave: de quem foi a ordem de prisão, comandante?

Como até o momento ninguém noticiou a existência de uma ordem de prisão por parte de um juiz criminal e não há nada na lei que a justificaria, somos obrigados a concluir que esta ordem partiu dos superiores hierárquicos do comandante.

É claro que nenhum coronel da polícia militar em sã consciência daria uma ordem desta repercussão sem consultar antes o Secretário de Segurança, que por sua vez certamente consultaria o Governador do Estado.

É bom lembrar que uma eventual ordem de prisão dada por quem quer que seja na polícia ou no governo do estado para prender líderes de uma manifestação política é absolutamente ilegal, pois a Constitução da República garante em seu art.5º, LVII, que:

“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.”

Como não havia ordem judiciária, pois juiz cível não é competente para expedir mandado de prisão, e não se tratava de flagrante delito, pois a greve é direito garantido constitucionalmente, logo, é preciso investigar:

quem deu a tal ordem de prisão dos líderes da greve?
qual o fundamento jurídico da tal ordem de prisão?
a legalidade desta ordem de prisão.

Vamos aguardar as cenas do próximo capítulo e a atuação dos “jornalistas investigativos” e do Ministério Público do Estado de São Paulo na apuração dos fatos.

Sim, elas estão descontroladas!

Segundo o Jornal Nacional os manifestantes da USP cercaram seis PMs motorizados e começaram a insultá-los, o que teria provocado a invasão do campus pela polícia.

Saiba qual foi a ofensa:

"Fora coxinha, pega a sua motoca, seu lugar é na padoca!

15 junho, 2009

DENARC sequestrou traficante


A polícia de São Paulo era sócia do traficante colombiano Juan Carlos Abadia.

O Fantástico reproduziu depoimento de quatro horas de Abadia ao Ministério Público.

Abadia contou que policiais de São Paulo tomaram dele R$ 5 milhões em três operações de extorsão.

Ele começou a dar dinheiro a policiais de São Paulo um ano antes de ser preso.

Abadia foi preso pela Polícia Federal, porque a Polícia Federal escondeu dos policiais de São Paulo que ia prender Abadia.

Os policiais de São Paulo contaram a Abadia que mantinham o mesmo tipo de acordo comercial com traficantes: você trafica e eu tomo a tua grana.

O mais espantoso, porém, é que, segundo Abadia, policiais de São Paulo sequestraram um traficante ligado à Abadia e esconderam o sequestrado na delegacia que combate (?) o narcotráfico – o DENARC.

O sequestrado só saiu do prédio do DENARC depois de os policiais que combatem o tráfico receberem o resgate.

Os policiais começaram a exigir R$ 1 milhão mas fecharam o negócio por R$ 300 mil.

A Corregedoria da Polícia de São Paulo do governador (?) José Serra investiga o sequestro há um ano e oito meses e até agora, nada.

O delegado suspeito de tomar grana de Abadia foi trasnferido para a Delegacia do Idoso.

Abadia é aquele que disse que a melhor maneira de combater o tráfico de drogas em São Paulo é fechar a delegacia que combate o tráfico de drogas em São Paulo, o DENARC.

Abadia tentou fazer um acordo de delação premiada com a Justiça, mas o juiz Fausto De Sanctis (aquele que mandou prender Daniel Dantas duas vezes e o condenou a 10 anos de cadeia) não topou.

Depois, o governo brasileiro realizou o sonho de Abadia: mandou-o para os Estados Unidos.

É por isso que em São Paulo não há tantos conflitos entre policiais e traficantes, como no Rio.

É porque policiais de São Paulo são sócios dos traficantes.

Bye Bye Serra 2010

fonte: Conversa Afiada

14 junho, 2009

AIDS e a farsa de Serra

Conforme divulgado pelo blog Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, e pelo blog Vi O Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, o governador José Serra, eterno candidato a presidente, vem afirmando, em suas peças de publicidade, pagas pela população paulista, ou nos horários gratuitos do PSDB, que foi o criador dos medicamentos "genéricos" e é o criador e único responsável pelo sucesso do programa de combate a AIDS no Brasil. Nada mais falso.

Os medicamentos genéricos foram criados pelo então Ministro da Saúde, Jamil Haddad, do Governo Itamar Franco.

No caso do programa de combate a AIDS, Serra também pretende assumir a paternidade da criança alheia.

Segundo a médica sanitarista Mariângela Simão, desde 2004 diretora do PN-DST/Aids, “O Brasil reagiu muito precocemente à epidemia de aids e vários atores foram importantíssimos na sua história, entre elas a doutora Lair Guerra de Macedo Rodrigues e o professor Adib Jatene. O grande diferencial é que, no Brasil, o Programa Nacional de Aids deixou de ser uma política de governo para ser uma política de Estado.”

Realmente, estes fatos derrubam uma das bandeiras-chave de Serra na área de saúde.

1983. É implantado no Estado de São Paulo o primeiro programa de controle da aids no Brasil. O seu coordenador era o dermatologista Paulo Roberto Teixeira Leite. Na seqüência, é criado o programa no Estado do Rio de Janeiro. Começa também a organização do embrião do Programa de Aids do Ministério da Saúde.

1984. O Programa de Aids do Ministério da Saúde surge no âmbito da Divisão de Dermatologia Sanitária, que tinha como chefe a dermatologista Maria Leide de Santana. José Sarney era o presidente da República e Carlos Santana, ministro da Saúde. Nessa época, chegam ao programa Lair Guerra de Macedo Rodrigues (bióloga), Pedro Chequer (médico epidemiologista e sanitarista), Euclides Castilho (médico epidemiologista), Luís Loures (clínico geral, na época), Celso Ferreira Ramos-Filho (infectologista), entre outros grandes nomes.

1986. O ministro da Saúde, Roberto Santos, cria oficialmente o PN-DST/Aids no governo do presidente José Sarney. Em 1985, porém, alguns dos seus núcleos já funcionavam.

1991. Começa a distribuição gratuita do AZT (único anti-retroviral disponível) e de alguns medicamentos para infecções oportunistas. Foi Lair Guerra de Macedo que, numa das viagens ao exterior, trouxe escondidas na bagagem as primeiras caixas de AZT que chegaram ao Brasil.

1992. O atendimento é ampliado. O Ministério da Saúde inclui os procedimentos para tratamento da aids na tabela do SUS (Sistema Único de Saúde). O cardiologista e professor Adib Jatene, considerado um dos maiores cirurgiões cardíacos do país, assume o Ministério da Saúde, colocando Lair na coordenação-geral do PN-DST/Aids. Fernando Collor de Mello era o presidente da República.

1993. O AZT começa a ser produzido no Brasil.

1995. Em janeiro, o professor Adib Jatene assume o Ministério da Saúde pela segunda vez. Moderniza o PN-DST/Aids, dando-lhe novo rumo e capacidade econômico-gerencial. Permanece até novembro de 1996. Nesse período, são dados três passos vitais: apoio aos projetos das ONGs ligadas à área de prevenção e tratamento de HIV/aids; as primeiras recomendações para utilização dos “coquetéis” anti-retrovirais; decisão de comprar os inibidores da protease, a nova família de drogas anti-HIV, que começava a ser comercializada.

Sensibilizado com o problema, o senador José Sarney, então presidente do Senado, apresentou e conseguiu aprovar contra a opinião de alguns setores do governo (do presidente Fernando Henrique Cardoso), a Lei 9313 de 1996.

“Com a Lei Sarney, o Ministério da Saúde ficou legalmente autorizado a disponibilizar gratuitamente os anti-retrovirais”, continua Jatene. “O Brasil se tornou o primeiro país a abordar a aids não apenas nos aspectos educativo e preventivo, mas também ao oferecer o tratamento mais eficaz de forma universal e gratuita.”

Mário Scheffer reforça: “Sem a Lei Sarney a distribuição gratuita e universal dos anti-retrovirais não teria se tornado política de Estado, realidade até hoje”.

1998. Em 31 de março, José Serra assume o Ministério da Saúde. O PN-DST/Aids existia, o acesso universal ao tratamento antiaids era real e alguns anti-retrovirais já estavam sendo fabricados no Brasil.

Em português claro. O PN-DST/Aids é um “filho” bonito, bem-sucedido, famoso e reconhecido internacionalmente. Serra não quis desempenhar apenas o importante papel de tê-lo ajudado ir adiante. Fez e faz de conta que é seu criador. O que, além de inverídico, é injusto. Os marqueteiros podem até tentar maquiar a história do PN-DST/Aids, mas é impossível alterar o seu “DNA”.

Em 2001, Serra ameaçou quebrar as patentes de dois remédios do “coquetel” antiaids: nelfinavir, da Roche, e efavirenz, da Merck, Sharp & Dhome. Argumento: abuso do poder econômico. Após negociações, chegou-se a um acordo.

Em 2005, a queda de braço foi com a Abbott, e o lopinavir/ritonavir, o alvo. O ministro da Saúde era Humberto Costa. De novo, se negociou e se chegou a um acordo.

Em 2007, o ministro da Saúde já era José Gomes Temporão e, na berlinda, mais uma vez, o efavirenz, o remédio importado mais usado. A maior parte dos pacientes começa com o "coquetel" que associa AZT (zidovudina), 3TC (lamivudina) e efavirenz. É a combinação de primeira linha.

Na época, o Brasil pagava à Merck US$1,56 por comprimido. O que se pretendia era adquiri-lo pelo mesmo preço vendido à Tailândia (US$ 0,65). O Ministério da Saúde negociou exaustivamente. Apesar do volume - tratamento para 75 mil pacientes! -, a multinacional não cedeu.

Em conseqüência, o ministro Temporão e o presidente Luis Inácio Lula da Silva decretaram o primeiro licenciamento compulsório de um remédio no Brasil. O País começou a comprar efavirenz da Índia (que não reconhece patentes) por US$ 0,46 a unidade. Paralelamente, Farmanguinhos, que faz parte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Ministério da Saúde, desenvolveu todo o medicamento: da fabricação da matéria-prima ao remédio final, para ser consumido. Em fevereiro de 2009, o primeiro lote foi entregue. Cada comprimido sai a US$ 0,60, devido ao maior custo de produção no Brasil. Só este ano US$ 30 milhões serão economizados.

"A licença compulsória não é para se fazer economia pura e simplesmente. Medidas como essa nos permitem usar melhor o recurso público e introduzir novas drogas", expõe Mariângela Simão. "A longo prazo, esse salto tecnológico nos possibilitará desenvolver novas moléculas e garantir a sustentabilidade do PN-DST/Aids."

Entre 1981 e 1989, a sobrevida dos adultos após o diagnóstico de aids era, em média, de 5,1 meses. Em 1995/96, 58 meses. Já os diagnosticados em 1998/99, 110 meses. Há pessoas vivendo com aids no Brasil há 10, 15, 18 anos. Aids não tem cura, mas tem controle. Vive-se cada vez mais.

"Por isso, quem acha que eventualmente se expôs a alguma situação de risco no decorrer da vida, deve pensar seriamente em fazer o teste de aids", incentiva a doutora Mariângela. "Quanto mais cedo se descobre que se é portador do HIV, maior a possibilidade de qualidade de vida melhor.”

Maior programa de aids do mundo? Melhor do mundo? Exemplo para mundo?

Mariângela tem ojeriza a carimbos triunfalistas, megalomaníacos ou personalistas. Para essas perguntas, tem uma resposta na ponta da língua: "Somos um programa com grandes feitos, mas também com muitas coisas a fazer, já que o Brasil é tremendamente desigual".

"O programa é resultado de uma construção coletiva e contínua, que fez e faz diferença até hoje: os movimentos sociais, as ONGs de prevenção e tratamento da aids, os conselhos e profissionais de saúde", orgulha-se a sua diretora. "Na verdade, o Programa Nacional de Aids não tem dono. Foi criado e consolidado por mil e uma mãos."

10 junho, 2009

Para entender o que acontece na USP

No dia 05 de Maio os funcionários da USP entraram em greve, reivindicavam aumento salarial e o fim dos processos criminais contra as lideranças do sindicato, sendo que um deles acaba de ser demitido.

Estudantes e professores, numa atitude completamente individualista estavam, em sua maioria, dispostos a não aderir as mobilizações dos funcionários. Não que estivessem todos satisfeitos com a situação da universidade: a reitora Suely Vilela paralisou as negociações por aumento salarial com os professores e os alunos vinham se mobilizando desde o início do ano por conta da criação da UNIVESP, que cria cursos virtuais realizados à distância, o que ocorreu sem discussão durante as férias de fim de ano.

Entretanto, só a demissão de um funcionário, a do Brandão, liderança do sindicato, já seria motivo de sobra para desencadear uma onda de protestos, mas não foi assim, as lideranças estudantis e os professores deram as costas para os funcionários, os alunos se mostravam arredios a qualquer tipo de ato em defesa do funcionário demitido.

Há uma semana ninguém achava possível que ocorresse uma greve ainda neste semestre.

Mas, na semana passada a reitora conseguiu uma liminar e, “preventivamente”, a polícia ocupou o prédio da reitoria e cercou os portões da USP, a imprensa divulgou que houve uma tentativa de invasão do prédio, mas polícia havia chegado as 6h da manhã na faculdade, quando não havia quase ninguém no campus.

Toda a comunidade ficou alarmada, os estudantes resolveram entrar em greve e logo depois os professores, exigem agora a saída da PM do campus, a volta das negociações salariais, o fim dos processos criminais contra funcionários e estudantes, o fim da UNIVESP e a contratação de professores.

A entrada da polícia no campus não ocorria desde a década de 80, ela uniu estudantes, funcionários e professores.

Ontem um ato pacífico foi atacado uma truculência inacreditável, o governador José Serra está desesperado, é só uma amostra do que virá pelo próximo ano, que é de eleições.

Quem na semana passada era contrário a qualquer possibilidade de greve, agora, disputa a linha de frente.

Para hoje, está programada uma passeata pela paulista - se a chuva deixar.

Um comentarista da BandNews pediu, hoje de manhã, que a polícia atue duramente contra os manifestantes, pois o trânsito desta quinta-feira está muito complicado, véspera de feriado prolongado com chuva, se a passeata conseguir sair da USP, hoje São Paulo para!

09 junho, 2009

Como a internet pegou Serra e o PIG

Para não dizer que não falei das flores...


A resposta do Vampiro do Morumbi: Fogo!



Serra manda PM acatar estudantes na USP


Policiais Militares atacaram estudantes e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) por volta das 17h desta terça-feira. Os estudantes estavam fazendo um “trancaço”, bloqueando o acesso à universidade pelo portão 1, quando a PM chegou.

A Polícia usou bombas de gás e balas de borracha.

Ainda não há informações sobre feridos ou presos entre os manifestantes.

As principais reivindicações dos funcionários, professores e estudantes são a saída da PM da universidade e a reabertura de negociação salarial com a reitora Suely Vilela, interrompida no último dia 25.

Enquanto isso...

Segundo o blog Conversa Afiada, num banco paulistano, um exército de bandidos fez um arrastão na agência que durou 35 minutos. Levaram “só” dois caixas eletrônicos num total de R$ 100 mil.

Os bandidos usaram um ônibus para fechar a rua; fizeram reféns; quebraram a agência todinha; o alarme do banco tocou quatro vezes durante os 35 minutos que durou a espalhafatosa ação criminosa

Segundo o banco, a PM foi avisada. Por que então o crime não foi evitado?

Desastres da privataria tucana

O blogueiro Reinaldo Azevedo, da revista Veja, porta-voz da direita brasileira, sempre se questiona porque os tucanos não defendem a privatização, a grande realização do governo FHC. Para ele, uma das razões da derrota de Alckmin para Lula, em 2006, foi a questão das privatizações.

Provavelmente porque a privataria de FHC foi um dos maiores casos de corrupção da história do país e um desastre do ponto de vista dos serviços prestados.

A empresa Vale do Rio Doce, vendida por FHC em 1997 por 3,3 bilhões de dólares, hoje é avaliada em 196 bilhões de dólares. O valor recebido pelo Tesouro Nacional, na época da privatização, hoje é uma fração do lucro trimestral da empresa. Um das mais lucrativas do mundo. Antes e depois da privatização.

Vejamos o caso da telefonia, em evidência hoje nos telejornais da cidade.

Em julho de 2008, depois de mais de uma década da privatização, a empresa Telefônica, por razões ainda não completamente esclarecidas, sofreu uma "pane", causando o chamado "apagão da internet".

Hoje, mais uma vez, um "apagão", desta vez no setor de telefonia, atingindo o estado de São Paulo novamente, e impedindo a comunicação entre empresas, pessoas e transações com cartões de crédito.

Mais especificamente em nossa região, conforme mostrado pela reportagem da TV-TEM, telefones públicos encontram-se sem manutenção, sendo quase impossível encontrar um "orelhão" funcionando. A própria TV-TEM, sabe-se lá porque, tenta "aliviar" a situação, dizendo que o números de atos de vandalismo é muito grande. Apesar disso, dos vários telefones inoperantes mostrados, NENHUM havia sido alvo de atos de vandalismo. Pura e simples falta de manutenção.

Também foi mostrada a situação da cidade de Capela do Alto, onde o serviço de telefonia via rádio, operado pela Telefônica, é uma desgraça municipal, sendo impossível o uso de aparelhos de fax, máquinas de cartão de crédito e outros. Com isso, a cidade encontra-se parada no tempo, sem condições de receber qualquer investimento industrial.

E a que custo? Um das maiores tarifas do mundo.

É inegável que o governo federal deveria fiscalizar com maior rigor as empresas de telefonia, dentre elas a famigerada telefônica, para impedir tal situação. E não tem feito isso de maneira adequada.

De qualquer forma, a lembrança da privataria tucana servirá como antídoto em eleições futuras. Uma recordação amarga da era FHC.

05 junho, 2009

Suplicy tarja preta - Meu governador!

É preciso muita coragem...



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse hoje que se colocou à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar o governo de São Paulo nas eleições de 2010. Em conversa com o presidente e ministros petistas, nesta semana, o senador deixou clara a sua intenção de concorrer ao governo - embora reconheça que a decisão final será do partido.

Suplicy fez chegar ao presidente, durante viagem, um bilhete manuscrito em um guardanapo com a informação de que está à disposição do partido para concorrer ao governo do Estado. "Eu escrevi em um guardanapo que, se o PT quiser considerar uma pessoa que nas eleições de 2006 teve 8,6 milhões de votos, o que dá um em cada dois votos no Estado, eu estava à disposição", disse.

Baú de radidades históricas da Revista LIFE

De um acervo com alguns dos flagrantes fotográficos mais importantes dos últimos 150 anos, a revista norte-americana LIFE, que não circula mais em papel desde o ano passado, inaugurou um serviço com 2 milhões de fotos de seu arquivo - o projeto prevê mais 8 milhões. E tudo de graça, em alta resolução e ao alcance de qualquer um.

Em parceria com o Google, o site permite, por meio de buscas, acessar registros feitos desde 1860, como um flagrante de Alberto Santos Dumont a sobrevoar Paris ou um retrato de Lenin datado de 1918.



Enviado pela colega Lidiane

Blog da Petrobras e o destino da "grande" imprensa

A Petrobras criou um novo espaço na internet para apresentar fatos e dados recentes, inclusive sobre as questões relativas à Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal.

No blog, o público encontra informações, números, conteúdos complementares, além de indicação de sites relacionados aos temas. Há também possibilidade de comentários que enriquecerão o diálogo e enquetes para identificar novos assuntos a serem tratados e conhecer opiniões.

A Petrobras (e não Petrobrax, tucanalhada) é uma empresa inovadora.

Enquanto isso, a "grande" imprensa tem outro destino...


04 junho, 2009

Polícia Militar assiste à aula sobre autoridade


Ao lado das duas fileiras de policiais militares em frente ao prédio da reitoria da USP, o professor da Pedagogia José Sérgio Carvalho falava aos seus alunos sobre legitimação da autoridade. A aula é normalmente lecionada dentro do prédio de Educação Física e Esporte (EEFE), sendo oferecida a alunos de diversos cursos da universidade que estão se formando em licenciatura. Mas desta vez ela aconteceu no gramado.


“A universidade não é lugar de cacetete, é lugar de aula”, disse Zé Sérgio, como é conhecido entre os alunos, justificando a aula como um protesto contra a presença da Polícia Militar (PM) no campus Butantã da USP. O tema era o conceito de autoridade na educação, baseado no livro Hannah Arendt, Entre o passado e o futuro.


Hannah Arendt foi uma das intelectuais mais importantes do século XX e rompeu com a tradição da filosofia de que os acadêmicos deveriam se restringir à academia, defendendo que eles se voltem à esfera pública. O espaço público é dotado de grande valor para Arendt, lugar que, para ela, é o único onde se faz possível a liberdade.


“O privado é o que me priva de ver e de ser visto pelos outros. Na luz pública, você é um sujeito público e sua responsabilidade é pública”, disse Zé Sérgio, em sua aula. “Responder sobre o mundo significa que o mundo é obra nossa, e o mundo público exige da gente coragem”.


Durante a aula, Zé Sérgio lembrou que as figuras que ocupam cargos públicos devem assumir a responsabilidade pelo que aconteceu no passado e sua autoridade no presente só lhes é garantida pelo consentimento. “A autoridade é garantida quando a hierarquia é reconhecida como legítima pelas duas partes. Gandhi, por exemplo, é uma figura que inspira autoridade, não porque as pessoas têm medo dele, mas têm nele segurança”, colocou.


Enquanto o professor explicava a crítica de Arendt à autoridade impositiva, membros da PM faziam a guarda de uma das entradas do prédio da reitoria logo atrás da roda de jovens. Após a aula, os estudantes foram almoçar e brincaram com os guardas, oferencedo-lhes coxinhas.

A PM foi enviada após a expedição de uma liminar de reintegração de posse do prédio. Estudantes e funcionários acreditam que a decisão é uma forma de ataque ao movimento sindical e estudantil dentro da USP.

fonte: Revista Fórum

02 junho, 2009

Obama quer Lula como próximo presidente do Banco Mundial



Agora é que FHC vai cortar os pulsos!

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está interessado em que o Banco Mundial, depois da actual crise financeira mundial, tenha uma estrutura mais vocacionada nas políticas sociais e mais preocupada com os países mais pobres, refere o jornal «El País».

Para isso, Obama propõe o nome do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o qual define como "o político mais popular do mundo".

Lula da Silva é conhecido como o político que soube conciliar, como ressalvou na segunda-feira no seu discurso de tomada de posse o presidente de El Salvador, Marcelo Funes, "uma política económica severa com políticas sociais de grande alcance".

Pesquisa confirma aprovação recorde de Lula e crescimento eleitoral de Dilma


Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (31) confirma os dados de pesquisa encomendada pelo PT à Vox Populi e mostra que o índice de aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou ao patamar recorde atingido em novembro do ano passado.

Segundo a pesquisa realizada entre os dias 26 e 28 de maio, 69%dos entrevistados classificam o governo como ótimo/bom. A administração é regular para 24% e ruim/péssima para 6%. Em novembro de 2008, a taxa de aprovação do governo Lula chegou a 70%, mas caiu para 65% em março deste ano.

Segundo a pesquisa, Lula voltou a nota média de 7,6 alcançada em novembro do ano passado, a maior obtida por ele desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2003.

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, diz que "a queda anterior era o efeito direto da crise". Mas que, "com a população mais confiante quanto ao desempenho do governo frente à crise, o governo recuperou o nível de aprovação".

Ainda segundo o Datafolha, 63% dos entrevistados apontam como ótima/boa a performance do governo Lula na área econômica, a melhor avaliação desde 2004. O desempenho do governo é regular, nesse quesito, para 29%dos entrevistados, sendo ruim/péssimo para 7%.

Na disputa pela Presidência da República, a pesquisa Datafolha também confirma, a exemplo da pesquisa Vox Populi/PT, que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), encurtou consideravelmente a distância nas pesquisas entre a sua pré-candidatura a presidente e a do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Segundo os dados divulgados, a diferença do tucano para a petista — que estava em 30 pontos percentuais em março — e agora caiu para 22 pontos.

No principal cenário do novo levantamento sobre a sucessão presidencial de 2010, Dilma tem 16% das intenções de voto, contra 38% de Serra. Em relação à pesquisa anterior, a ministra subiu cinco pontos percentuais, enquanto o tucano paulista perdeu três. Na pesquisa Datafolha, o crescimento levou Dilma à segunda colocação, empatada tecnicamente com o deputado federal Ciro Gomes (PSB), que oscilou de 16% para 15%.

"Mais uma vez, a pré-candidatura de Dilma é a única que ganha pontos. Ela está em ascensão", afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha. Segundo Paulino, as intenções de voto da ministra crescem na medida em que o eleitor vai se familiarizando com seu nome. Em março, 53% afirmavam conhecer Dilma.

01 junho, 2009

Ou o poder digere a esquerda ou a converte em merda


(...)

Sempre tivemos essa ideia: o zapatismo sempre disse que não é o único movimento rebelde, nem o melhor. Nunca pensamos em criar um movimento que tivesse a hegemonia de toda a rebeldia no México, ou na América Latina ou no mundo. Nunca aspiramos a ser uma "Internacional", a 5ª ou já nem sei em que número andamos – Alejandro, qual é? A 6ª. Seja. – A nossa é outra. A nossa é A Outra Internacional.

Vou dizer-lhes coisas que, algumas, não são novidade para ninguém. Que a esquerda institucional é ficção, já é coisa bem clara para os espanhois, com Rodríguez Zapatero ou Felipe González; para o País Basco – Gora Euskal Herria –, está ainda mais claro; para a Italia rebelde, também não é novidade; a Grécia, sim, também sabe bem disso; e a França, desde Miterrand, el varón, também sabe que a esquerda institucional é ficção.

Mas o México, não. O México não sabe. Aqui continua a haver a expectativa de uma esquerda; há aqui quem espere que a esquerda sob a qual padecemos hoje, se chegar ao poder, chegará sem nada ter de pagar, chegará impunemente ao poder. Quero dizer: a esquerda mexicana ainda pensa que, se chegar ao poder, conseguirá governar sem deixar de ser esquerda. Não importa que Espanha, Itália, França, Grécia, praticamente todo o mundo, sejam prova do contrário: mesmo a esquerda consequente – não necessariamente radical –, no momento em que chega ao poder, deixa de ser esquerda. Sempre acontece. Pode acontecer mais rapidamente, em maior ou menor profundidade, mas a esquerda indefectivelmente se transforma, quando chega ao poder.

É o que os zapatistas chamamos "efeito estômago", do poder: ou o poder digere a esquerda; ou a converte em merda.

Bueno... Perdoem se mato alguma ilusão e parto algum coração, mas o centro não está no centro. O centro está à direita. Do outro lado... Não sei. Pode estar à esquerda de vocês. Olhadas as coisas de abaixo e da esquerda... tudo é direita.

(...)

O poder é um clube exclusivo, que impõe restrições a quem queira entrar na festa. Os zapatistas dizemos que há regras, para quem queira viver na "sociedade do poder". Só quem aceite as regras da "sociedade do poder" pode conviver com o poder. Quem busque a justiça, a liberdade, a democracia, o respeito à diferença e aos diferentes não pode pensar em se aproximar do poder... se não estiver disposto a desistir de todos os seus projetos e suas ideias.

Palavras do Subcomandante Insurgente Marcos, à Caravana Nacional e Internacional de Observação e Solidariedade às Comunidades Zapatistas

Bad Wolf


Nosso colaborador Daniel Lopes resolveu atacar de Lobo Mau.


Depois de passar muito tempo correndo atrás da chapéuzinho vermelho, decidiu atacar a vovózinha.

E o pior: dizem que está namorando o Sandro Hiroshi!