26 fevereiro, 2010

Novo escândalo: SP, MG, RS e DF desviaram recursos do SUS para o mercado financeiro

Leandro Fortes da Carta Capital

Auditoria aponta que governos de SP, DF, MG e RS usaram recursos do SUS para fazer ajuste fiscal

Sem alarde e com um grupo reduzido de técnicos, coube a um pequeno e organizado órgão de terceiro escalão do Ministério da Saúde, o Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus), descobrir um recorrente crime cometido contra a saúde pública no Brasil. Em três dos mais desenvolvidos e ricos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS têm sido aplicados, ao longo dos últimos quatro anos, no mercado financeiro.

A manobra serviu aparentemente para incrementar programas estaduais- de choques de gestão, como manda a cartilha liberal, e políticas de déficit zero, em detrimento do atendimento a uma população estimada em 74,8 milhões de habitantes. O Denasus listou ainda uma série de exemplos de desrespeito à Constituição Federal, a normas do Ministério da Saúde e de utilização ilegal de verbas do SUS em outras áreas de governo. Ao todo, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passa de 6,5 bilhões de reais, sem falar nas consequências para seus usuários, justamente os brasileiros mais pobres.

As auditorias, realizadas nos 26 estados e no DF, foram iniciadas no fim de março de 2009 e entregues ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em 10 de janeiro deste ano. Ao todo, cinco equipes do Denasus percorreram o País para cruzar dados contábeis e fiscais com indicadores de saúde. A intenção era saber quanto cada estado recebeu do SUS e, principalmente, o que fez com os recursos federais. Na maioria das unidades visitadas, foi constatado o não cumprimento da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que obriga a aplicação em saúde de 12% da receita líquida de todos os impostos estaduais. Essa legislação ainda precisa ser regulamentada.

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O primeiro caso a ser descoberto foi o do Distrito Federal, em março de 2009, graças a uma análise preliminar nas contas do setor de farmácia básica, foco original das auditorias. No DF, havia acúmulo de recursos repassados pelo Ministério da Saúde desde 2006, ainda nas gestões dos governadores Joaquim Roriz, então do PMDB, e Maria de Lourdes Abadia, do PSDB. No governo do DEM, em vez de investir o dinheiro do SUS no sistema de atendimento, o ex-secretário da Saúde local Augusto Carvalho aplicou tudo em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Em março do ano passado, essa aplicação somava 238,4 milhões de reais. Parte desse dinheiro, segundo investiga o Ministério Público Federal, pode ter sido usada no megaesquema de corrupção que resultou no afastamento e na prisão do governador José Roberto Arruda.

Essa constatação deixou em alerta o Ministério da Saúde. As demais equipes do Denasus, até então orientadas a analisar somente as contas dos anos 2006 e 2007, passaram a vasculhar os repasses federais do SUS feitos até 2009. Nem sempre com sucesso. De acordo com os relatórios, em alguns estados como São Paulo e Minas os dados de aplicação de recursos do SUS entre 2008 e 2009 não foram disponibilizados aos auditores, embora se tenha constatado o uso do expediente nos dois primeiros anos auditados (2006-2007). Na auditoria feita nas contas mineiras, o Denasus detectou, em valores de dezembro de 2007, mais de 130 milhões de reais do SUS em aplicações financeiras.

[...]

No caso de São Paulo, a descoberta dos auditores desmonta um discurso muito caro ao governador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, que costuma vender a imagem de ter sido o mais pródigo dos ministros da Saúde do País, cargo ocupa-do por ele entre 1998 e 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados da auditoria do Denasus, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados a programas de assistência farmacêutica, 12,2 milhões a programas de gestão, 15,7 milhões à vigilância epidemiológica e 7,7 milhões ao combate a DST/Aids, entre outros programas.

Ainda em São Paulo, o Denasus constatou que os recursos federais do SUS, tanto os repassados pelo governo federal como os que tratam da Emenda nº 29, são movimentados na Conta Única do Estado, controlada pela Secretaria da Fazenda. Os valores são transferidos imediatamente para a conta, depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED). "O problema da saúde pública (
em São Paulo) não é falta de recursos financeiros, e, sim, de bons gerentes", registraram os auditores.

Pelos cálculos do Ministério da Saúde, o governo paulista deixou de aplicar na saúde, apenas nos dois exercícios analisados, um total de 2,1 bilhões de reais. Destes, 1 bilhão, em 2006, e 1,1 bilhão, em 2007. Apesar de tudo, Alckmin e Serra tiveram as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. O mesmo fenômeno repetiu-se nas demais unidades onde se constatou o uso de dinheiro do SUS no mercado financeiro. No mesmo período, Minas Gerais deixou de aplicar 2,2 bilhões de reais, segundo o Denasus. No Rio Grande do Sul, o prejuízo foi estimado em 2 bilhões de reais.


Leia na íntegra

25 fevereiro, 2010

Do que Serra tem medo?

Serra tem medo de perder São Paulo.
Na semana passada o presidente Lula disse que no governo de São Paulo há cerca de 31 cargos comissionados para cada 100 mil habitantes, ou seja, para cada 100 mil paulistas existem 31 tucanos exercendo cargo público sem concurso.
No governo federal existem 11 funcionários comissionados para cada 100 mil habitantes (incluindo-se as autarquias e estatais) contra 31 no governo estadual paulista e 45 na prefeitura de São Paulo.
Há, eu já ia me esquecendo, o Serra esta contestando esses dados apresentados pelo presidente Lula, ele diz que há em seu governo apenas 15 comissionados para cada 100 mil habitantes, que é o "contingente de pessoal em cargo comissionado da administração direta, não contabilizando funcionários de autarquias, empresas estatais, fundações e universidades[Sabesp, Metrô, CPTM, etc.]" (Fonte: Estadão)
Ou seja, como 31-15=16 ele quis dizer que, em termos proporcionais, tem mais comissionados nas autarquias e estatais paulistas (16/100 mil) que em toda a administração federal (15/100 mil).
Se investigarem mais um pouquinho vamos acabar descobrindo que tem mais comissionados na Sabesp que na Petrobrás.

Sergio Guerra lança Serra e diz que sua plataforma será o corte gastos

"PSDB oficializa nome de Serra até o fim de março, diz presidente do partido" (G1, 25/02/2010)

Toda semana algum noticiário lança a candidatura de Serra.
Hoje foi a vez do G1, que publicou uma declaração de Sergio Guerra, presidente do PSDB, dizendo que Serra será sim candidato à presidência e deu uma dica do que os tucanos pretendem fazer pelo Brasil:
"Nós vamos ter uma política fiscal muito mais responsável do que tem o governo atual. Significa ter um rigor fiscal maior, não permitir crescimento da despesa corrente num nível que ela está se desenvolvendo, ganhar eficiência na administração pública e nos investimentos públicos" (Fonte: G1)
"Política fiscal responsável", "rigor fiscal" e "eficiência na administração" são os eufemismos que eles usam para dizer que vão cortar investimentos sociais, os chamados "gastos correntes" como bolsa família, PROUNI, pagamento de servidores, execução do ENEM, defesa civil, investimento em cultura, etc.
Provavelmente Serra fará, ou melhor, faria o que faz em São Paulo, cortando os gastos da defesa civil, da drenagem do rio Tietê, da prevenção de enchentes, saneamento...
Eu disse que Serra faria porque ele não será presidente, ou melhor, pelo jeito não será nem candidato, do contrário seria ele a anunciar sua candidatura e não o PIG.
Serra esta com medo. Ele tem medo de perder para Dilma e tem ainda mais medo de perder São Paulo. O PSDB e o PIG (Partido da Imprensa Golpista) estão com medo do Serra "mijar pra trás".

23 fevereiro, 2010

Kassab e a vidente

Uma famosa vidente, muito procurada por políticos, já concentrada, fecha os olhos e fala:
- Vejo o senhor e o governador José Serra passando em uma avenida, em carro aberto, e uma multidão acenando.
O Prefeito Gilberto Kassab sorri e pergunta:
- Essa multidão está feliz?
- Sim, feliz como nunca!
- E eles estão correndo atrás do carro?
- Sim, por toda a volta do carro. Os batedores estão tendo dificuldades em abrir caminho.
- Eles carregam bandeiras?
- Sim, bandeiras de São Paulo e do Brasil, e faixas com palavras de esperança e de um futuro em breve melhor. – Puxa!(o Serra vai amar!) Humm… bom! E nessa visão, a multidão grita, canta?
- As pessoas gritam frases de esperança: “Agora sim!!! Agora vai melhorar!!!”
- E quanto a nós, como estávamos reagindo?
- Não dá pra ver.
- E por quê não?
- Porque os dois caixões estão lacrados...

Caixa de Pandora de Brasilia e de Sorocaba

Os sorocabanos, em sua grande maioria, esperam ansiosos o desfecho do inquérito de Caixa de Pandora, que dura quatro meses – desde a prisão temporária da empresária Ivanilde Vieira Serebrenic, ex-presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), no dia 28 de setembro de 2009.

Também foram presos temporariamente os então secretários municipais Maurício Biazotto Corte (Governo e Planejamento) e José Dias Batista Ferrari (Desenvolvimento Econômico), depois exonerados. Em meados de novembro, havia a expectativa inicial de que o inquérito fosse encerrado no fim do mesmo mês, como noticiado na época. Depois, acreditou-se que ele terminaria no inicio de fevereiro, antes do carnaval; agora ficou para dia 23 deste mês.

A Polícia Civil e o Ministério Público apuram a existência e os desdobramentos de um suposto esquema de corrupção no Sincopetro e na Prefeitura de Sorocaba. Ele consistiria, basicamente, no pagamento de propinas para apressar ou facilitar a emissão de alvarás de funcionamento de postos de combustível.

Enquanto aguardamos os desdobramentos de operação Caixa de Pandora da nossa cidade, outra operação, que leva o mesmo nome, em Brasília, teve seu desfecho inédito: o governador do DEM, José Roberto Arruda – ex-vice-presidenciável na chapa de José Serra – está na cadeia, acompanhado dos comparsas que ajudaram no esquema de corrupção. As instituições agiram com rigor, como tem que ser, para combater esse câncer chamado corrupção.

A prisão do Governador José Roberto Arruda, e de tantos outros, que a Polícia Federal vem colocando na cadeia nestes últimos anos, faz com que a população brasileira passe a acreditar nas instituições que cada vez mais vêm se consolidando em nosso país. Isso demonstra a importância de termos solidez institucional para combater o crime organizado e a corrupção no Brasil.

Aqui em Sorocaba, a investigação está sendo coordenada pelo delegado Wilson Negrão, do Grupo Antissequestro (GAS), e pelo promotor Roberto de Campos Andrade, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O delegado disse que o prazo para encerramento do inquérito foi ampliado a fim de reunir mais evidências. Ele deixou claro que a preocupação principal não é com o tempo, mas com as provas.

As operações Caixa de Pandora, realizadas em Brasília e Sorocaba, chamaram a atenção de milhares de pessoas, primeiro pelo esquema montado para desviar dos cofres públicos milhões de reais -- que deveriam ser investidos para solucionar vários problemas que atingem a população.

Segundo pelo nome, Caixa de Pandora. Tive a curiosidade de entender melhor seu significado. Entre tantas leituras, encontrei um artigo do psicólogo Sérgio Pereira Alves que explica: "Epimeteu havia sido avisado por Prometeu para não aceitar nenhum presente dos deuses, mas, encantado com Pandora, desconsidera as recomendações do irmão. Pandora chega trazendo em suas mãos um grande vaso (pithos = jarro) fechado que trouxera do Olimpo como presente de casamento ao marido. Pandora abre-o diante dele e de dentro, como nuvem negra, escapam todas as maldições e pragas que assolam todo o planeta. Desgraças que até hoje atormentam a humanidade. Pandora ainda tenta fechar a ânfora divina, mas era tarde demais: ela estava vazia, com a exceção da 'esperança', que permaneceu presa junto à borda da caixa. A única forma do homem para não sucumbir às dores e aos sofrimentos da vida. Assim, essa narração mítica explica a origem do males, trazidos com a perspicácia e astúcia 'daquela que possui todos os dons'”.

Deste mito ficou a expressão caixa de Pandora, que se usa em sentido figurado quando se quer dizer que alguma coisa, sob uma aparente inocência ou beleza, é na verdade uma fonte de calamidades. Abrir a Caixa de Pandora significa que uma ação pequena e bem-intencionada pode liberar uma avalanche de repercussões negativas. Há ainda um detalhe intrigante que poderíamos levantar: por que a esperança estava guardada na caixa entre todos os males? Dependendo da perspectiva que olharmos os pares de opostos, a esperança pode também ter uma conotação negativa, por poder minar as nossas ações nos fazendo aceitar coisas que deveríamos confrontar.

Milhares de sorocabanos têm a esperança de que, ao final deste inquérito, tudo possa ser esclarecido sobre este suposto esquema de corrupção montado em Sorocaba. Esperamos dos responsáveis pela investigação que aqueles que tenham culpa sejam punidos conforme determina a lei. O episódio de Brasília nos serve de exemplo de que as instituições estão cada vez mais confiáveis aos olhos da população. Neste episódio de Sorocaba só temos que aplaudir o que fizeram até o momento o Delegado Wilson Negrão e o Promotor Roberto de Campos Andrade.


José Carlos Triniti Fernandes
Presidente do PT de Sorocaba

22 fevereiro, 2010

Gilberto Kassado

A notícia da cassação do poste de Zé Alagão e da vice-prefeita de São Paulo merece duas considerações.

Primeiro, que os principais fornecedores do granoduto dos demotucanos de São Paulo são os suspeitos de sempre.

A indústria imobiliária e duas empreiteiras- figurinhas-carimbadas: a Camargo Corrêa, da Operação Castelo de Areia (*); e a OAS (ou “Obras do Amigo Serra”), que frequentou as páginas policiais na cratera do metrô e no desabamento da viga do Robanel dos Tunganos.

Portanto, não há o que estranhar.

A Justiça Eleitoral, que já tinha cassado vereadores paulistanos por causa das mesmas más companhias, nada mais fez do que voltar ao habitat natural dos demotucanos de São Paulo.

Uma espécie de hotel-boutique construído pela indústria imobiliária e as empreiteiras.

Outra consideração interessante é sobre a capacidade de o Zé Alagão formar equipes vencedoras.

Quando foi candidato a Presidente em 2002 – e levou a surra de 61 a 39% do Lula -, o primeiro vice que escolheu foi Henrique Eduardo Alves.

Trocou rapidinho, com a denúncia da ex-mulher de Alves: o candidato a vice-presidente da República lavava dinheiro.

Zé Alagão chamou uma deputada, Rita Camata, do numeroso colégio eleitoral do Espírito Santo.

Um gênio.

Agora, na natimorta campanha para presidente em 2010, o primeiro candidato a vice era o Arruda – com aquela frase inesquecível: vote num careca e leve dois – clique aqui para ver esse momento que Alexandre Maluf Garcia remeteu à História Republicana.

Agora se sabe que a Justiça Eleitoral considera corrupto o vice que ele levou para a Prefeitura de São Paulo.

Aquela mesma prefeitura que ele jurou governar até o fim do mandato, como disse, num debate, ao Boris CCasoy.

E tem mais.

Quando foi senador, o suplente de Zé Alagão era o empresário Pedro Piva.

Piva exerceu praticamente todo o mandato, porque Zé Alagão ajudou Fernando Henrique a planejar o governo catastrófico que levou o Brasil três vezes ao FMI, de joelhos.

O amigo navegante sabe o que Piva fez no Senado ?

O eleitor paulista que votou em Serra sabe o que Piva fez no Senado ?

Não sabe, porque não fez nada.

Serra é um dedo podre contumaz.

Por que será ?

É coincidência ?

Não.

É o resultado de uma personalidade insegura, sitiada pelos próprios fantasmas, provavelmente bi-polar, que tem medo de segundos fortes.

Ou porque é politicamente incapaz de formar alianças sólidas, de nomes de relevo.

Como disse o Oráculo de Delfos, que previu que Serra não será candidato a Presidente.

Serra é um dedo podre tão consistente que se fosse – fosse, porque não será – Presidente, nomearia o presidente da Sabesp presidente da Central Nuclear.

E provocaria um Alagão Nuclear.


PHA

19 fevereiro, 2010

Brasil pode crescer 7% ao ano nas próximas décadas, diz Delfim Netto

A política cambial brasileira é um desastre, mas sua consequência mais imediata – o aumento do déficit em transações correntes – não assusta. O país pode crescer 7% ao ano com endividamento externo nos próximos cinco anos e, antes que se torne um problema, o déficit poderá ser resolvido com a entrada dos dólares oriundos das exportações do petróleo do pré-sal, que começarão a fluir a partir de 2015. O que assusta nesse cenário otimista de crescimento elevado são os efeitos do câmbio valorizado sobre a indústria nacional. Essa é a avaliação do economista Antônio Delfim Netto, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Fazenda e do Planejamento.

O petróleo da camada do pré-sal, para Delfim, é a grande saída para evitar os dois entraves que "sempre limitaram nosso crescimento": o déficit em conta corrente e a falta de energia. O pré-sal, no entanto, pode chegar atrasado. Graças ao câmbio valorizado, que, segundo ele, "está destruindo o que tínhamos de mais precioso, que era uma indústria extremamente sofisticada e diversificada", a atividade industrial pode alcançar 2015 fragilizada.

Segundo Delfim, um dos conselheiros econômicos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe, o governo agiu de maneira "razoavelmente correta". A estratégia de fundir e fortalecer grandes grupos nacionais em diferentes setores por meio de operações financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é acertada, diz Delfim. "Frequentemente ouvimos certas pessoas criticando essa estratégia com aquela história de que 'o Estado escolhe os vencedores'. Fazem isso porque eles são perdedores, não foram escolhidos, como gostariam ser."

Delfim reconhece que os investimentos públicos melhoraram um pouco, mas critica outros gastos do governo federal, como os aumentos dados ao funcionalismo público. "É muito mais fácil gastar em custeio que em investimento. Investimento dá trabalho. Precisa de projeto, administração. Custeio é uma alegria, distribui-se empregos, aumenta salário, algo que dá grande prestígio ao governo", diz. Para ele, é preciso aproveitar as eleições de outubro deste ano para conscientizar a sociedade de que "existem limites físicos ao crescimento", que para ocorrer no longo prazo prescinde de um consumo menos acelerado no presente. A seguir, os principais trechos da entrevista de Delfim Netto:

Valor: A crise mundial acabou?

Antonio Delfim Netto : O pior passou, mas temos resquícios, embora isso não signifique uma crise em forma de "W" ou "L". O nível de atividade na economia real está com um sentimento de entusiasmo, porque voltou a crescer, mas continua um resíduo no sistema financeiro. Agora, o equilíbrio fiscal de alguns países, que tinham razoável equilíbrio antes da crise, piorou demais por causa da ação anticíclica feita no ano passado. O problema mais importante hoje é o risco que se estabeleceu sobre o euro. No fundo, na minha opinião, nenhum daqueles países mais enrascados, como Grécia, Espanha, Portugal ou Itália vai quebrar. Eles vão ter de fazer um ajuste que vai depender da política de cada país, da qualidade de sua administração, mas todos têm um interesse medonho de permanecer no euro. A questão é que esses países já estavam quebrados há muito tempo, mas não era algo visível, porque eles se beneficiavam do euro, que reduziu as taxas de juros dos papéis desses países dramaticamente. Em lugar de aproveitar os juros baixos da moeda única para melhorar sua situação fiscal, reduzindo sua dívida, eles continuaram em situações dramáticas. No caso da Espanha, você tem país robusto, grande, com investimentos externos importantes, mas com uma taxa de desemprego gigantesca e de composição crítica, porque ocorre na faixa entre 20 e 30 anos de idade

Valor: A situação fiscal dos países europeus é a grande preocupação deste 2010?

Delfim : Todo mundo sempre imaginou que a Europa fosse uma área monetária ótima. Agora está provado que não é possível ter uma área monetária ótima sem ter um governo, sem uma política fiscal ou uma política monetária. Esses países abdicaram de seus poderes. Lá os presidentes e primeiro-ministros são como os prefeitos de regiões dentro de um só país. Os presidentes da Grécia, da Espanha, da Itália são prefeitos para administrar saúde, educação. Essa área monetária ótima para a qual estão caminhando na comunidade europeia chegou num ponto crítico. Bateram no teto. Daqui para frente, precisarão instituir um controle muito maior da parte fiscal dos países membros. Agora é um problema sério.

Valor: Há um ano, havia certo consenso de que o Estado deveria ampliar gastos e incorrer em déficits fiscais, se preciso, para estimular a economia. Hoje, o debate se dá quanto à retirada desses estímulos. O cenário mudou rapidamente?

Delfim : Quando se está em processo recessivo é natural que se use a política fiscal para reduzir os efeitos negativos. Mas é natural que se use a política fiscal no sentido correto. Ninguém propõe aumento de custeio. O ideal seria que cada país tivesse um estoque de projetos de infraestrutura com taxas de retorno baixas – porque se fossem altas o setor privado os faria – que poderia ser rolado pelo Estado num momento de crise. Quando termina a crise, a situação fiscal volta para o equilíbrio. Só que é muito mais fácil gastar em custeio que em investimento. Investimento dá trabalho. Precisa de projeto, administração. Custeio é uma alegria, distribui-se empregos, aumenta salário, algo que dá grande prestígio ao governo.

Valor: É o que tem acontecido no Brasil?

Delfim : Em parte é, mas no caso brasileiro houve um aumento do investimento um pouquinho maior do que as pessoas dizem. É claro que tudo isso é medido em relação ao PIB e essas medidas são terrivelmente enganosas, porque quando se diz que a despesa de custeio do governo está constante em 5% do PIB, as pessoas esquecem que o PIB está crescendo, então se ela permanece constante significa que a despesa aumentou também. É um truque impressionístico.

Valor: O estímulo do consumo foi a estratégia correta?

Delfim : Claro, mas o nível de consumo não cresceu em relação ao PIB, permanecendo constante na casa dos 65% do PIB mesmo depois das medidas. Essa foi uma medida anticíclica de verdade, porque ela vai terminar. Aumento de funcionalismo público não é medida anticíclica.

Valor: Mas isso também não aconteceu?

Delfim : Aconteceu. Acho o governo Lula com muitas virtudes, mas não é uma coisa perfeita. Como todo governo, tem suas idiossincrasias, suas preferências. É um Estado onde o sindicalismo tem um poder muito maior do que tinha, apesar da participação dos sindicatos ter diminuído. O verdadeiro trabalhador teme o sindicato. Mas tudo isso são pequenas coisas dentro de um grande projeto. É uma ilusão tentar diminuir o governo Lula, como é uma ilusão tentar diminuir o governo Fernando Henrique, que cometeu seus erros. Desde 1988 o país foi encontrando seu caminho com um sistema político organizado. Talvez seja o único país subdesenvolvido que não tem nenhum problema maior.

Valor: O que o sr. achou da ação do Banco Central no período?

Delfim : O governo entrou na crise no dia 16 de setembro de 2008 [um dia depois da falência do Lehman Brothers nos EUA]. Por quê? Porque o sistema bancário brasileiro não poderia ficar em tom de deselegância com o resto do mundo. O sistema bancário do mundo parou, o sistema bancário brasileiro tinha de parar também. O Banco Central poderia ter agido mais rapidamente, mas também há justificativas para seu conservadorismo. O funcionário do BC é um homem temeroso, porque está vendo aqueles que fizeram o Proer, que com custo de 3% do PIB higienizou o sistema bancário brasileiro, respondendo a processos do Ministério Público, com bens indisponíveis e tudo o mais. Isso assusta o funcionário. Como é que ele vai tomar risco, se não tem proteção? Acho que isso torna a ação do BC sempre lenta e homeopática.

Valor: O sr. percebe uma ressureição do consenso acerca do Estado grande?

Delfim : É preciso separar as coisas. Estado balofo é um equívoco. A economia de mercado não é o sistema financeiro. A economia de mercado é o sistema produtivo, a economia real. Esse foi vítima, tendo sido encoleirado pelo sistema financeiro, que deveria ser servo do sistema produtivo. Foi uma farra em que todo mundo ganhou e é visível que esse sistema não pode continuar sem um controle eficaz das operações financeiras. Mas isso nada tem a ver com o sistema produtivo. O Estado produtor é uma tragédia, mas Estado indutor é fundamental. Não há desenvolvimento econômico no mundo que não tenha sido feito sem o apoio de um Estado indutor. A maior ilusão é pensar que o desenvolvimento inglês, na revolução industrial, não tinha o Estado por trás. Os americanos então nem se fala. Algumas pessoas imaginam que os EUA sempre foram liberais. Não tem nada disso.

Valor: O sr. vê gente no governo defendendo o Estado balofo?

Delfim : Honestamente, não. É preciso distinguir o partido do governo. O PT tem isso no sangue, não adianta ficar com ilusão. É o Estado que convém ao estamento sindical. Não acredito que algum dos dois candidatos [do PT e do PSDB] tenha uma ideia de Estado balofo. Os dois, acredito, defendem um Estado indutor forte, mas isso nada tem a ver com o Estado cheio de funcionário público fingindo que está trabalhando.

Valor: A oposição critica o governo Lula por, segundo entende, promover um retorno do Estado interventor. O que o sr. acha?

Delfim : Nenhum tijolo do Minha Casa, Minha Vida foi feito pelo Estado. Tudo tem participação do setor privado. Este é o efeito típico do Estado indutor. É uma crítica indevida. O absurdo seria o Estado fazer as usinas de Santo Antônio e Jirau, mas o Estado criar condições para essas usinas é algo fundamental. Acho que o governo tem agido de maneira razoavelmente correta. Frequentemente ouvimos certas pessoas criticando o governo com aquela história de que "o Estado escolhe os vencedores". Fazem isso porque eles são perdedores, não foram escolhidos, como gostariam ser.

Valor: O cenário pós-2010 é de continuidade?

Delfim : O Brasil é o 'avant-garde' do mundo. A situação brasileira melhorou muito mesmo, mas o Lula soube vender isso como ninguém, ele é um ótimo marqueteiro. É claro que os investidores estrangeiros enxergam o Brasil com muitos bons olhos e veem isso porque as perspectivas de crescimento são importantes e são reais.

Valor: O que o sr. mudaria?

Delfim : Estou velho demais para isso. Vejo o Brasil com grande otimismo. Temos todas as condições para engrenar um crescimento de 6% ou 7% ao ano. Com o crescimento populacional diminuindo, isso nos colocará numa situação muito interessante, com consciência ecológica e desenvolvimento dos combustíveis renováveis. O Brasil tem tudo para chegar na metade do século XXI como um país desenvolvido, democrático, um mercado interno com proporções extraordinárias e importante participação política no mundo. Não vejo nenhuma restrição. O pré-sal é uma garantia, que vai aparecer entre 2014 e 2015. Até lá o câmbio flutuante e as reservas que temos vão dar conta desse processo de endividamento nas transações correntes. Não vamos voltar a nos endividar nos níveis que nos endividamos no passado, quando ocorreram crises nos anos 80 e 90. Isso dá uma perspectiva nova para o nosso crescimento. O pré-sal é uma espécie de seguro contra os riscos do passado.

Valor: A aposta nesta década que se inicia deve ser o petróleo?

Delfim : O petróleo é século XX, temos de reservá-lo para seu uso mais nobre, que é a indústria química. O Brasil tem tudo para ser um participante extraordinário nisso. Sem o comércio exterior robusto, nenhuma indústria brasileira consegue a dimensão ótima. O comércio exterior é um complemento fundamental do mercado interno.

Valor: O que o sr. acha da queda na balança comercial, que sai de US$ 25 bilhões no ano passado para pouco acima de zero, como prevê o governo, neste ano?

Delfim : A política cambial brasileira é um desastre. É uma ilusão em um país pobre como o Brasil, cujo câmbio é um ativo financeiro manipulado por forças que ele não conhece, ficar defendendo a ideia de que é o mercado quem produz o equilíbrio cambial adequado. Essa ilusão é dirigida por esse mito do fundamentalismo mercadista de que a taxa de câmbio é um fenômeno natural, que intervir é um pecado capital, uma violação às leis divinas. O real valorizado está destruindo nossas cadeias produtivas. Isso está destruindo o que tínhamos de mais precioso, que era uma indústria extremamente sofisticada e diversificada. Nós temos que continuar insistindo na diversificação das exportações, no aperfeiçoamento dos ganhos de valor adicionado interno.

Valor: Como isso pode ser feito com câmbio valorizado?

Delfim: Fico espantado de ver as mesmas pessoas que diziam que o câmbio de R$ 1,60 era ruim, agora pedindo para o BC vender dólar a fim de evitar que a cotação alcance R$ 2,00. Sabe qual é a explicação disso? É que as mesmas experiências de derivativos tóxicos realizadas por empresas no período pré-crise estão sendo realizadas agora. Acho que o governo deveria explodi-los mesmo. Nós já fizemos o que podíamos fazer por eles. Daqui para frente é usar o regime iraquiano, que é a limpeza do sistema.

Valor: Das empresas que operam com derivativos de câmbio?

Delfim : O hedge é a coisa mais perfeita que existe. Mas quem usou hedge para especular com a cotação não pode continuar. Não tem nenhuma importância, o patrimônio está aí. Arranja-se um comprador, o BNDES dá um dinheiro, substitui-se a gestão e pronto, melhora.

Valor: A China, com seu câmbio desvalorizado praticamente fixo ao dólar, é um exemplo?

Delfim : Não, e, aliás, do jeito que está, se a China não fechar um acordo razoável de valorização de sua moeda veremos aumento do protecionismo e redução do movimento de capitais. Só um país descerebrado pode pensar que o yuan [a moeda chinesa] vai ser uma moeda internacional. Moeda é confiança. Quem confia no Partido Comunista chinês? Nem os comunistas confiam.

Valor: O que o sr. acha dos candidatos a presidente?

Delfim : A gente só vai julgar os candidatos com seus programas. A coisa mais fundamental é chamar a atenção dos eleitores para um debate novo. Há uns candidatos que

chamo de "vendedor de óleo de cobra", que era aquele sujeito do Velho Oeste que vendia uma solução para qualquer problema, de unha do pé encravada a tumor cerebral. Tem outros que vão vender as coisas possíveis. Temos de insistir em determinados assuntos. O eleitor precisa entender que existem sim limites físicos que não são manipuláveis por nenhum vendedor de óleo de cobra. Que crescimento rápido hoje exige menor consumo. Aumento do consumo hoje significa redução do crescimento amanhã. Portanto, por maior que seja o desejo de redistribuir e crescer, existe um limite físico para isso.

Valor: Algum candidato vai defender consumo menor?

Delfim : Essa é a tarefa da mídia. Não é o candidato que vai dizer isso – embora espere que digam.

17 fevereiro, 2010

Drogas: maconha para uso medicinal é viável

Carta de Aristide Briand à José Serra

Por Elio Gaspari/Folha SP
PREZADO governador José Serra,

Fora da França pouca gente lembra de mim. Chamo-me Aristide Briand e era o primeiro-ministro no dia 21 de janeiro de 1910, quando o rio Sena subiu oito metros, inundou Paris, desalojou 200 mil pessoas, matou umas vinte e, em dinheiro de hoje, destruiu um patrimônio avaliado em um bilhão de dólares. Minha enchente começou no mesmo dia em que, cem anos depois, os rios de São Paulo alagaram uma parte de sua cidade e oito pessoas morreram.
Soube que o senhor poderá ser candidato a presidente do Brasil e acho que posso ajudá-lo com algumas ideias gerais e uma sugestão prática. Antes, permita que me credencie: a enchente foi em janeiro e eu ganhei a eleição em abril. (Ao todo, ganhei outras dez.)
Vossa enchente haverá de passar. Com isso, baixarão as tensões e o senhor poderá se dedicar ao combate a alguns vícios de gestão e de política. Entendamo-nos: o rio Tietê está assoreado, o manejo das águas foi inepto e a defesa civil, quase inexistente. Esses fatores não impediriam o desastre, mas poderiam reduzi-lo. Aqui, por exemplo, os túneis dos esgotos e do metrô aumentaram a vulnerabilidade da malha urbana.
Há outros vícios, d’alma. São Paulo não ama seus rios. Basta olhar a feiura das vossas pontes. (Está aqui o Le Corbusier dizendo que há uma nova, bonita.) Os administradores da cidade desdenham as vicissitudes dos moradores das áreas que são inundadas e frequentemente culpam os cidadãos por morar em localidades de ocupação irregular. Um administrador não pode dizer que é irregular a ocupação de uma área onde há edificações com mais de dez anos. Não existem uma cidade e uma não cidade. O senhor acha que alguém mora em Jardim Pantanal porque não gosta da Avenue Foch? Não conheço político que deixe de pedir votos nesses Jardins. Por falar nisso, por que vocês chamam essas áreas de Jardins?
A responsabilização dos moradores busca esconder a responsabilidade dos administradores. Se ousássemos recorrer a esse tipo de argumento em Paris, a guilhotina teria voltado à Place de la Concorde, que esteve inundada em 1910. O Luís 16 chorou ao ver uma fotografia do seu prefeito visitando o Jardim Romano, encolhido na caçamba de uma camionete. Pensou que o levavam para a lâmina.
Governador, procure entender a oposição. D. Helder Câmara me mostrou alguns papéis do Partido dos Trabalhadores e acho que fazem sentido. Não me entenda mal. Apesar de ter começado na política pela esquerda, baixei-lhe o sabre quando foi necessário.
Finalmente, a proposta prática: faça como fizeram em Paris. Providencie mapas de suas cidades, detalhadas ao nível de quarteirão, e identifique as áreas onde há riscos de transbordamento dos rios, onde há o perigo de empoçamento do subsolo e quais os lugares onde o fornecimento de energia ficará vulnerável. Em Paris, por exemplo, sabemos que pode faltar luz no Banco de França, a prefeitura pode ser inundada de baixo para cima e o Sena pode alagar um trecho da Avenue Montaigne.
Coloque esses mapas à disposição do povo. O senhor jogará luz sobre os riscos da população e sobre as responsabilidades dos administradores.
Amem vossos rios, amem toda a cidade, amem vosso povo. (Eu sou um romântico, mas ganhei o Prêmio Nobel da Paz.)
Saudações parisienses,
Aristide Briand
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Resposta automática do Sistema de Gestão Eficiente da Comunicação do Governo do Estado de São Paulo: Infelizmente você ultrapassou os 140 caracteres [que é o limite da capacidade de quem nos governa de absorver a realidade externa].

09 fevereiro, 2010

O Globo: "Indústria tem pior queda em 19 anos" Valor Econômico: "Indústria fecha janeiro com atividade em alta"
O Globo considerou o mês de Dezembro, que teve o maior aumento da produção na história, com a consequente queda de Janeiro, cuja produção apesar de menor que a de Dezembro ainda assim foi maior que a do mesmo período do ano anterior!

Esse pessoal também faz pesquisa de intenção de voto, cuidado!

Se os eleitores soubessem como são feitas as pesquisas e as salsichas...

Divagações...

Estava a conversar com um amigo, de mais idade, comunista histórico e fiel, sobre o ser humano.

Disse a ele, que achava curioso o fato de que parte das pessoas de esquerda, ao conquistarem o poder ou enriquecerem, esqueciam toda a sua formação político-ideológica...

Irônico e sutil, com um riso de canto de boca, encheu o peito e a barriga de ar; expirou, e com a ponderação de um intelectual, respondeu:

- Isso no Brasil, né, Daniel.

06 fevereiro, 2010

Dilma já tinha 41% em Dezembro

Em entrevista ao Terra Magazine o sociólogo Mauro Paulino do Datafolha diz que há menos dez meses para as eleições, em dezembro, a pesquisa indicava que 15% dos eleitores manifestaram desejo votar num candidato indicado pelo presidente Lula. Esss eleitores não tinham conhecimento da candidatura de Dilma Rousseff como representante do Governo Lula.

Pela pesquisa do Datafolha realizada entre 14 e 18 de Dezembro, num cenário sem Ciro Gomes, Serra teria 40% dos votos enquanto Dilma aparecia com 26%. Somando a esse percentual os 15% de eleitores que votariam num candidato indicado por Lula, o potencial de Dilma sube para 41%.

Veja mais em Datafolha e Terra Magazine

04 fevereiro, 2010

O Putsch de Serra: O que esta por trás da designação de Força Pública para a Polícia Militar de São Paulo

O governador José Serra, o nosso Putin, apresentou um projeto de emenda constitucional (PEC) com objetivo de mudar o nome da Polícia Militar do Estado de São Paulo para Força Pública. Sua justificativa é que de que a mudança deverá aproximar a polícia da população.

Os críticos dessa proposta dizem que ela é apenas simbólica, não trazendo nenhuma melhoria para serviço prestado pela corporação. Enquanto que o governo acha que o seu simbolismo pode fazer com que a população veja-a com outros olhos, visto que a designação de Polícia Militar surgiu em 1970 em plena ditadura militar.

Por outro lado, a simples trocar do nome da polícia enterra de uma vez por todas aquela discussão que propunha a unificação das polícias civil e militar com o objetivo de integrá-las, dando assim ênfase ao fator investigativo e de inteligência em detrimento da ação coercitiva e violenta da polícia paulista.

A elite de São Paulo vê com muito entusiasmo a mudança de nome, o jornal O Estado de São Paulo (revolucionário) diz que ela esta de acordo com a Declaração dos Direitos dos Cidadãos proclamada com a Revolução Francesa em 1789. Porém, um outro fato histórico embala a elite “Chuiça” que é o fato de a Força Pública ter sido o nome da instituição policial paulista na República Velha, aquele período em que toda a nação esteve dobrada aos interesses da Elite do Café.

Dada a independência relativa que os estados tinham em relação à Federação com a Constituição de 1891 a Força Pública transformara-se num verdadeiro exército do estado de São Paulo.

Ela participou ativamente nos pouco lembrados massacres de índios ocorridos no início do século XX visando liberar as terras por onde passariam a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil que ligou Cuiabá à região central de São Paulo e depois, pelos trilhos das estradas Paulista e Sorocabana, ao porto de Santos. Além disso ela atuou aplicadamente junto aos industriais e reprimiu duramente os movimentos grevistas de 1917 e 1919. Reprimiu também a Revolta Tenentista de 1922 e participou da maior campanha militar em território brasileiro, a chamada Revolução de 1932 promovida para derrotar a Revolução de 1930.

A Guerra Paulista como também ficou conhecida começou em 9 de Julho de 1932 e foi um choque entre a Força Pública de São Paulo e o Exército Nacional que deixou 932 mortos, um número inferior ao da Guerra de Canudos, porém, esse conflito demandou uma enorme quantidade de recursos industriais dos dois lados envolvidos e pôs a prova a ascendente indústria paulista contra o decadente parque industrial fluminense (a serviço do governo federal).

Com a vitória das forças federais (sim as forças federais venceram apesar de comemorarmos o 9 de Julho desde 1997) o nome instituição foi mudado para Força Policial e em 1947, com o fim do governo Vargas, ela voltou a se chamar Força Pública. Atualmente e desde 1970 todas as polícias estaduais do Brasil possuem a designação de Polícia Militar com exceção da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.

Portanto, cremos que a mudança do nome da polícia paulista não tem qualquer intenção em aproximá-la da população ou torná-la mais “civilizada”, como possa parecer nas palavras do governador. Essa proposta não passa de um reforço ao caráter militar, antipopular e antinacional da polícia paulista e, num momento em que o estado de São Paulo começa a perder a sua histórica hegemonia política e econômica sobre o Brasil, atos desse tipo parecem antever a retomada de paixões separatistas e xenofóbicas em São Paulo.

Aposto que se a PEC for aprovada ela entrará em vigor exatamente em 9 de Julho e teremos um pomposo desfile da Força Pública no Ibirapuera!



No alto, cartaz convocando voluntários a "lutarem por São Paulo". No Centro, carro de combate Chevrolet com torre de metralhadora giratória, usado pela Força Pública. Em baixo, cartaz invocando o espírito do bandeirante paulista contra o baixinho Getúlio Vargas.

03 fevereiro, 2010

Novos ônibus para Sorocaba



Inicialmente atendendo a linha Marginal Dom Aguirre / Parque de Águas.


Bancada do PT recorre à Procuradoria contra redução de recursos para enchentes em São Paulo

Site da Bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado


O líder da Bancada do PT na Assembleia entrou com representação na Procuradoria Geral de Justiça para que sejam apuradas suspeitas de ilegalidade, inconstitucionalidade e improbidade na gestão do governador José Serra, que reduziu recursos para a prevenção e o combate às enchentes. Depois de 40 dias de chuvas, São Paulo já contabiliza aproximadamente 70 mortos, em decorrência de desabamentos, desmoronamentos e afogamentos.

“Não se trata de obra ou castigo de Deus, de efeitos do aquecimento global ou de resultado de inversões climáticas. Trata-se de má gestão e de omissão criminosa praticadas pelo governador José Serra que, de forma deliberada, tem diminuído os recursos para a prevenção e o combate a enchentes; recursos tais que, remanejados, têm sido destinados à publicidade de seu governo visando à eleição de 2010 para a Presidência da República, na qual é potencial candidato”, denuncia o deputado Rui Falcão na representação encaminhada ao Procurador-Geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, no dia 01 de fevereiro.

Imoralidade:

De acordo com dados do Orçamento do Estado, em 2010 houve redução de 20% nas ações de combate às enchentes: em 2009, foram previstos R$ 252 milhões. Já em 2010, foram estimados R$ 200 milhões, ou seja, R$ 51,5 milhões a menos.

“Os números revelam que será cortado quase o dobro do valor dos atuais contratos para desassoreamento da calha do Rio Tietê, que somam R$ 27,2 milhões – se com os valores atuais o resultado é o visto, imagine-se com um corte que é o dobro dos valores atuais”, avalia documento elaborado pela Bancada do PT.

O orçamento do Estado também prevê menos investimentos em serviços e obras complementares da Bacia do Alto Tietê. O corte proposto para 2010 é de 61%.

No Departamento de Água e Energia Elétrica, órgão do Estado responsável pelas obras da calha do Tietê, foi previsto um corte de R$ 20,3 milhões. Essa redução se dá especialmente nas despesas correntes, onde estão as ações de desassoreamento da calha, que atingiram o valor de R$ 30,8 milhões e o impacto de R$ 42 milhões a menos nos investimentos.

A Procuradoria recebeu anexas à representação tabelas comparativas com dados dos gastos com infra-estrutura de saneamento e combate às enchentes com publicidade. Os dados extraídos do Sigeo - Sistema de Gerenciamento de Execução Orçamentária - revelam que, entre os anos de 2006 e 2009, o governador deixou de contratar o desassoreamento e de destinar recursos adequados para o combate a enchentes.

“Havia uma previsibilidade e então temos uma omissão culposa, além da má gestão e da improbidade face à imoralidade do desvio de finalidade que a alocação dos recursos representa.”

Veja no anexo a íntegra da representação encaminhada ao Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira.

Calamidade Pública

Depois de um mês de chuvas intermitentes a prefeitura de São Paulo resolveu hoje decretar "estado de calamidade" para a zona leste da cidade.

Vários bairros estão alagados desde o início das chuvas e o estado de calamidade é condicionante para que o governo federal libere o auxilio às famílias que moram em em áreas afetadas.

Os moradores cobravam que a prefeitura decretasse o estado de calamidade e ela vinha se esquivando, dizendo que os problemas na capital eram isolados.

02 fevereiro, 2010

José Serra: "O problema está na natureza... temos que rezar"

É visível a preocupação da mídia em provar que a quantidade chuva que atinge São Paulo é a maior em pelo menos oitenta anos. Na rádio Band News FM no final de Janeiro ouvi a meteorologista do grupo Bandeirantes de Rádio e Televisão lamentar que o recorde histórico não tivesse sido quebrado naquele dia.

Existe toda uma preocupação para eximir José Serra e o “tucanato” paulista da responsabilidade pelas inundações que ocorrem em São Paulo.

Evidentemente o governador não tem responsabilidade pela chuva que castiga todo o estado diariamente e que matou até agora setenta pessoas. Por outro lado, é muito negativo que o possível pré-candidato do PSDB* à presidência da República não tenha apresentado ainda nenhum plano de emergência para contenção de alagamentos e salvar as pessoas que vivem nos bairros dos jardins Romano e Pantanal em São Paulo, nem qualquer outro plano para amenizar ou evitar que voltem a acontecer desastres como os têm ocorrido por todo o estado.

Em 2004 o governo Alckmin terminou o rebaixamento da Calha do Rio Tietê, obra que custou R$ 731 milhões de reais aos cofres públicos e deveria encerrar o histórico de inundações na marginal, nas palavras do próprio governador. Se as obras de desassoreamento fossem realizadas constantemente nunca mais a marginal inundaria, porém, nos últimos dois anos o governo Serra interrompeu esse serviço para contenção de gastos. Por isso, a Emae (Empresa Municipal de Água e Esgotos) que controla a barragem da Penha no rio Tietê (região norte da capital) vem fechando suas comportas desde o inicio das chuvas para evitar o transbordamento na marginal, porém, em conseqüência disso os bairros da zona leste e que ficam próximos a margem do rio (Jardim Romano e Pantanal) foram e continuam alagados há mais de um mês. Como a desgraça não fosse pouca, um problema numa estação de tratamento da Sabesp na zona leste fez refluir todo o esgoto coletado na região para os bairros alagados. A imprensa preserva o governo de São Paulo de tudo que possa impedir sua candidatura à presidência da República enquanto Serra se omite pedindo aos paulistanos que rezem.

As obras de ampliação da Marginal Tietê iniciadas em 2009 demonstram que o governo Serra não está preocupado com a permeabilidade dos solos em São Paulo, além disso, com a construção de mais três pistas ficou impossível a execução de novas obras de aumento da calha do rio. As novas pistas da marginal estão sendo executadas a toque de caixa pois tem como objetivo diminuir o trânsito em São Paulo no ano em que o PSDB pretende voltar a presidência da República, pois a ampliação da marginal é completamente desnecessárias, visto que os trechos norte e leste do Rodoanel deveriam desviar boa parte do trânsito rodoviário que corta São Paulo (com a ampliação da marginal desconfio inclusive que o Rodoanel não virá a ser finalizado nas próximas décadas).

Agora surge um novo problema em vários sistemas de reservatórios de águas que circundam a região metropolitana de São Paulo: Guarapiranga, Billings, Rio das Pedras (Alto Tietê), Pirapora e Cantareira. Nessas represas o nível da água atingia, antes mesmo das chuvas começarem, o seu limite de segurança ameaçando inundar várias cidades. A prefeitura de Atibaia fez denúncias graves contra a Sabesp responsabilizando-a pelas enchentes que atingiram a cidade e por negligência na gestão das comportas. Em nota do dia 6 de Janeiro a prefeitura daquele município afirmava que há quinze dias a Sabesp havia aberto as comportas aumentando em quase vinte vezes a vazão do rio Atibaia, causou inundações na cidade. Na mesma nota a prefeitura estranhou que o reservatório estivesse cheio mesmo com o período precedente de estiagem.

Segundo o ambientalista José Arraes que concedeu entrevista a Luiz Carlos Azenha do Blog Viomundo, o conjunto das represas do Alto Tietê já estava no limite da capacidades antes do inicio das chuvas. Para ele isso ocorre porque através de uma PPP (Parceria Público Privada) a gestão das águas fora privatizada por um consórcio encabeçado pela construtora Queiroz Galvão, ou seja:

“Toda a água represada em todas as barragens do Sistema do Alto Tietê são gerenciadas por esse consórcio. Quanto mais cheias as represas, mais interessantes para o consórcio. Interesse comercial, nada mais do que isso. [...] As empresas do consórcio fazem a conservação das barragens e a intermediação com a necessidade da Sabesp que a trata e remete para a população. Logo, para o consórcio de empresas, quanto mais cheias estiverem as barragens, mais água fornece para a Sabesp. Mais ganhos financeiros, portanto.[...] O fato é que as barragens do Alto Tietê estão excessivamente cheias e as comportas estão sendo abertas, contribuindo com as inundações em toda a calha do rio até a região do Pantanal” .

Ou seja, a Sabesp solta no rio Tietê a água que a Queiroz Galvão estava segurava no Alto Tietê e na outra ponta a Emae fecha as comportas para evitar que as águas inundem a marginal.

Ontem ouvi na Band News FM de uma autoridade do governo do estado que ele estuda a possibilidade de abrir a vazão de saída do sistema Alto Tiete (Guarapiranga, Billings e Rio das Pedras) pelo canal que chega à Cubatão. No entanto, o funcionário do governo disse que não haver ainda um plano de retirada dos moradores das regiões que poderão ser alagadas naquela cidade.

É preciso questionar. Como Serra pretende governar o país? O Brasil não precisa de outro presidente que só saiba privatizar e cortar gastos. Bastou-nos FHC. O eleitorado brasileiro já deixou bem claro para Alckmin (em 2002) que ele não aceita mais esse tipo de governo - gestor.

*José Serra deu como prazo o mês de Março para anunciar se será ou não candidato à presidência. Paulo Henrique Amorim, no entanto, acha que Serra não resistirá às águas de Março.