31 dezembro, 2008

2009

Hoje é o último dia de 2008. Tenho inúmeras pessoas para agradecer. Acredito ter sido um ano muito promissor para mim. Cheio de desafios. Com inúmeras vitórias. Também derrotas. Mas, fundamentalmente, um ano de extremo amadurecimento. De grande aprendizagem.
Perderia tudo na vida, mas se perdesse meus amigos e amigas, não valeria mais viver. Ah, e como tenho amigos! Grandes amigos!
Através dos três amigos que escrevem comigo neste blog, homenageio a todos:
Reinaldo, obrigado pela lealdade, pelos ensinamentos. A paciência que você teve comigo este ano, companheiro, é digna de muita gratidão e respeito. Obrigado, também, por confiar em mim. Dividir comigo suas dificuldades e qualidades. Em 2009, tenho certeza que seus objetivos se concretizarão. Você vale ouro, camarada!
Fabio, não tenho dúvidas que em 2009 sua vida avançará muito. Tua força de vontade me faz respeitá-lo muito. Embora seja difícil encontrá-lo, em virtude de nossas atividades, nunca me esqueço de você, companheiro. Não tenho dúvidas que, em breve, Sorocaba ganhará um dos maiores historiadores de sua história. E como amigo, sentirei um tremendo orgulho.
Eliton, você é um dos maiores exemplos de superação que eu conheço. Daqui alguns anos, direi que aquele advogado respeitado, vencedor, trabalhador, honesto, vindo do interior do Paraná com grandes dificuldades, cursou a Faculdade e, para imenso orgulho dos pais, trouxe o primeiro diploma da família. Só pela tua amizade já valeu a pena ter cursado a Fadi. Sou muito grato, também, à paciência e disposição que teve comigo durante este ano.
Desejo um ótimo 2009 aos leitores do Bah! que, fielmente, leram nossas opiniões, comentários e desabafos.
- Eu amo o mundo!
Eu detesto o mundo!
Eu creio em Deus!
Deus é um absurdo!
Eu vou me matar!
Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
Mario Quintana

29 dezembro, 2008

Josef K. é o novo diretor do Procon em Sorocaba

Hoje, no jornal da TV-TEM, assistimos a uma reportagem digna de Kafka.

O diretor do Procon local foi procurado por equipe da emissora que o indagava sobre a não existência de atendimento preferencial a idosos naquele órgão público.

O diretor do Procon justificou-se, dizendo que conta com apenas três funcionários para atender todos os casos envolvendo o direito do consumidor na cidade de Sorocaba e que, portanto, não tem condições de estabelecer um atendimento preferencial para idosos, deficientes ou mulheres com crianças de colo.

Ao que tudo indica, a manifestação inicial foi gravada "em off", ou seja, com o compromisso de não ser divulgada. Ou a gravação foi feita sem que o entrevistado soubesse.

Logo em seguida, num cena surreal, o diretor do Procon é entrevistado, oficialmente, e diz que há, naquele órgão, atendimento preferencial a idosos, deficientes e mulheres com crianças de colo.

Uma senhora idosa é entrevistada e levada a se emocionar, forçosamente, pelo repórter.

Na sequência, uma representante do Conselho do Idoso também é entrevistada e diz que cobrará "providências". Questionada sobre quais providências, diz que quer providências "drásticas".

Enforcar o diretor do Procon?!?!

Para concluir a matéria, é lida uma nota da assessoria de imprensa da prefeitura, ressaltando o compromisso da "administração Vítor Lippi" com o idoso.

É impressão minha ou estamos numa terra de loucos varridos?

* * * * * * *

"O Processo" é um romance escrito pelo escritor Franz Kafka, e conta a história de Josef K., personagem que acorda certa manhã, e, sem motivos sabidos, é preso e sujeito a longo e incompreensível processo por um crime não revelado.

O Processo apresenta ao leitor a narrativa carregada de uma atmosfera desorientada na qual o personagem Josef K. está imerso. Tal atmosfera deve-se à seqüência infindável de surpresas quase surreais, geradas por uma lei maior e inacessível, que está no entanto em perfeita conformidade com os parâmetros reais da sociedade moderna. O absurdo presente em toda obra é o ponto de partida, sem conclusão, da confusão que se desenrola na mente de Josef K., assim como em todos os ambientes reais nos quais ele está inserido, o que dá ao leitor a sensação incômoda própria do estilo da obra kafkaniana.

26 dezembro, 2008

A capitania do Maranhão

O PODER DO CLÃ - Para ser ter uma idéia de como o Maranhão sofre com a influência dos Sarney, vale reproduzir informe sobre os nomes de várias instituições e até estradas naquele Estado. E bota influência.

Tem maternidade com nome de Marly Sarney.
Para morar, o maranhense pode escolher uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou Roseana Sarney.
Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney.
Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney.
Para inteirar-se das notícias, leia o jornal O Estado do Maranhão, ou ligue a TV na TV Mirante, ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney. Se estiver no interior do Estado ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário.
Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor).
Para entrar ou sair da cidade, atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande algumas horas pelas 'maravilhosas' rodovias maranhenses e aporte no município José Sarney.
Não gostou de nada disso? Então, quer reclamar? Vá ao Fórum José Sarney e procure a Sala de Imprensa Marly Sarney. Informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney.
Precisa dizer mais alguma coisa?

Do Oni Presente

25 dezembro, 2008

Estas sinistras festas de Natal

Por Gabriel García Márquez*

Ninguém mais se lembra de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas e de fogos de artifício, tantas grinaldas de fogos coloridos, tantos inocentes perus degolados e tantas angústias de dinheiro para se ficar bem acima dos recursos reais de que dispomos que a gente se pergunta se sobra algum tempo para alguém se dar conta de que uma bagunça dessas é para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2 mil anos em uma manjedoura miserável, a pouca distância de onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei Davi.

Cerca de 954 milhões de cristãos — quase 1 bilhão deles, portanto — acreditam que esse menino era Deus encarnado, mas muitos o celebram como se na verdade não acreditassem nisso. Celebram, além disso, muitos milhões que nunca acreditaram, mas que gostam de festas e muitos outros que estariam dispostos a virar o mundo de ponta cabeça para que ninguém continuasse acreditando. Seria interessante averiguar quantos deles acreditam também no fundo de sua alma que o Natal de agora é uma festa abominável e não se atrevem a dizê-lo por um preconceito que já não é religioso, mas social.

O mais grave de tudo é o desastre cultural que estas festas de Natal pervertidas estão causando na América Latina. Antes, quando tínhamos apenas costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. O menino Jesus era maior que o boi, as casinhas nas colinas eram maiores que a Virgem e ninguém se fixava em anacronismos: a paisagem de Belém era complementada com um trenzinho de arame, com um pato de pelúcia maior que um leão que nadava no espelho da sala ou com um guarda de trânsito que dirigia um rebanho de cordeiros em uma esquina de Jerusalém.

Por cima de tudo, se colocava uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro e um raio de seda amarela que deveria indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era na realidade feio, mas se parecia conosco e claro que era melhor que tantos quadros primitivos mal copiados do alfandegário Rousseau.

A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos — como acontece na Espanha, com toda razão —, mas pelo menino Jesus. As crianças dormíamos mais cedo para que os brinquedos nos chegassem logo e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos.

No entanto, eu não tinha mais do que cinco anos quando alguém na minha casa decidiu que já era hora de me revelar a verdade. Foi uma desilusão não apenas porque eu acreditava de verdade que era o menino Jesus que trazia os brinquedos, mas também porque teria gostado de continuar acreditando. Além disso, por uma pura lógica de adulto, eu pensei então que os outros mistérios católicos eram inventados pelos pais para entreter aos filhos e fiquei no limbo.

Naquele dia — como diziam os professores jesuítas na escola primária —, eu perdi a inocência, pois descobri que as crianças tampouco eram trazidas pelas cegonhas desde Paris, que é algo que eu ainda gostaria de continuar acreditando para pensar mais no amor e menos na pílula.

Tudo isso mudou nos últimos 30 anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é, ao mesmo tempo, uma devastadora agressão cultural. O menino Jesus foi destronado pela Santa Claus dos gringos e dos ingleses, que é o mesmo Papai Noel dos franceses e aos que conhecemos de mais. Chegou-nos com o trenó levado por um alce e o saco carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve.

Na verdade, este usurpador com nariz de cervejeiro é simplesmente o bom São Nicolau, um santo de quem eu gosto muito e porque é do meu avô o coronel, mas que não tem nada a ver com o Natal e menos ainda com a véspera de Natal tropical da América Latina.

Segundo a lenda nórdica, São Nicolau reconstruiu e reviveu a vários estudantes que haviam sido esquartejados por um urso na neve e por isso era proclamado o patrono das crianças. Mas sua festa é celebrada em 6 de dezembro, e não no dia 25. A lenda se tornou institucional nas províncias germânicas do Norte no final do século 18, junto à árvore dos brinquedos e a pouco mais de cem anos chegou à Grã-Bretanha e à França.

Em seguida, chegou aos Estados Unidos, e estes mandaram a lenda para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas coloridas, o peru recheado e estes 15 dias de consumismo frenético a que muito poucos nos atrevemos a escapar.

No entanto, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram com elas: esses cartões postais indigentes, essas cordinhas de luzes coloridas, esses sinos de vidro, essas coroas de flores penduradas nas portas, essas músicas de idiotas que são traduções malfeitas do inglês e tantas outras gloriosas asneiras para as quais nem sequer valia a pena ter sido inventada a eletricidade.

Tudo isso em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que erram de porta buscando onde desaguar ou perseguindo a esposa de outro que acidentalmente teve a sorte de ficar dormido na sala.

Mentira: não é uma noite de paz e amor, mas o contrário. É a ocasião solene das pessoas de quem não gostamos. A oportunidade providencial de sair finalmente dos compromissos adiados porque indesejáveis: o convite ao pobre cego que ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há 15 anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a exibir.

É a alegria por decreto, o carinho por piedade, o momento de dar presente porque nos dão presentes e de chorar em público sem dar explicações. É a hora feliz de que os convidados bebam tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho passado.

Não é raro, como aconteceu freqüentemente, que a festa acabe a tiros. Nem tampouco é raro que as crianças — vendo tantas coisas atrozes — terminem acreditando de verdade que o menino Jesus não nasceu em Belém, mas nos Estados Unidos.

24 dezembro, 2008

Feliz Natal!

por Frei Betto
Feliz Natal a quem não planta corvos nas janelas da alma, nem embebe o coração de cicuta e ousa sair pelas ruas a transpirar bom-humor.
Feliz Natal a quem cultiva ninhos de pássaros no beiral da utopia e coleciona no espírito as aquarelas do arco-íris. E a todos que trafegam pelas vias interiores e não temem as curvas abissais da oração.
Feliz Natal aos que reverenciam o silêncio como matéria-prima do amor e arrancam das cordas da dor melódicas esperanças. Também aos que se recostam em leitos de hortênsias e bordam, com os delicados fios dos sentimentos,alfombras de ternura.
Feliz Natal aos que trazem às costas aljavas repletas de relâmpagos, aspiram o perfume da rosa-dos-ventos e levam no peito a saudade do futuro. Também aos que semeiam indignações, mergulham todas as manhãs nas fontes da verdade e, no labirinto da vida, identificam a porta que os sentidos não vêem e a razão não alcança.
Feliz Natal a todos que dançam embalados pelos próprios sonhos e nunca dizem sim às artimanhas do desejo. Aos que ignoram o alfabeto da vingança e jamais pisam na armadilha do desamor, pois sabem que o ódio destrói primeiro a quem odeia.
Feliz Natal a quem acorda, todas as manhãs, a criança adormecida em si e, moleque, sai pelas esquinas quebrando convenções que só obrigam a quem carece de convicções. E aos artífices da alegria que, no calor da dúvida, dão linha à manivela da fé.
Feliz Natal a quem recolhe cacos de mágoas pelas ruas a fim de atirá-los no lixo do olvido e guardam recatados os seus olhos no recanto da sobriedade. A quem resguarda-se em câmaras secretas para reaprender a gostar de si e, diante do espelho, descobre-se belo na face do próximo.
Feliz Natal a todos que pulam corda com a linha do horizonte e riem à sobeja dos que apregoam o fim da história. E aos que suprimem a letra erre do verbo armar e se recusam a ser reféns do pessimismo.
Feliz Natal aos que fazem do estrume adubo de seu canteiro de lírios. Também aos poetas sem poemas, aos músicos sem melodias, aos pintores sem cores e aos escritores sem palavras. E a todos que jamais encontraram a pessoa a quem declarar todo o amor que os fecunda em gravidez inefável.
Feliz Natal aos ébrios de transcendência e aos filhos da misericórdia que dormem acobertados pela compaixão. E a todos que contemplam ociosos o entardecer, observando como o Menino entra na boca da noite montado em seu monociclo solar.
Feliz Natal a quem não se deixa seduzir pelo perfume das alturas e nem escala os picos em que os abutres chocam ovos. E a todos que destelham os tetos da ambição e edificam suas casas em torno da cozinha.
Feliz Natal a quem, no leito de núpcias, promove uma despudorada liturgia eucarística, transubstanciando o corpo em copo inundado do vinho embriagador da perda de si no outro. E a quem corrige o equívoco do poeta e sabe que o amor não é eterno enquanto dura, mas dura enquanto é terno.
Feliz Natal aos que repartem Deus em fatias de pão e convocam os famélicos à mesa feita com as tábuas da justiça e coberta com a toalha bordada de cumplicidades.
Feliz Natal aos que secam lágrimas no consolo da fé e plantam no chão da vida as sementes do porvir. E aos que criam hipocampos em aquários de mistério e conhecem a geometria da quadratura do círculo.
Feliz Natal a quem se embebeda de chocolate na esbórnia pascal da lucidez crítica e não receia pronunciar palavras onde a mentira costura bocas e enjaula consciências. E a todos que, com o rosto lavado das maquiagens de Narciso, dobram os joelhos à dignidade dos carvoeiros.
Feliz Natal a todos que sabem voar sem exibir as asas e abrem caminhos com os próprios passos, inebriados pelos ecos de profundas nostalgias. E aos que decifram enigmas sem revelar inconfidências e, nus, abraçam epifanias sob cachoeiras de magnólias.
Feliz Natal aos que saboreiam alvíssaras nos bosques onde vicejam anjos barrocos e nadam suas gorduras deixando os cabelos brancos flutuarem sobre a saciedade de anos bem vividos. E a todos que dão ouvidos à sinfonia cósmica e, nos salões da Via Láctea, bailam com os astros ao ritmo de siderais incertezas.
Feliz Natal também aos infelizes, aos tíbios e aos pusilânimes, aos que deixam a vida escorrer pelo ralo da mesquinhez e, no calor de seus apegos, vêem seus dias evaporar como o orvalho aquecido pelo alvorecer do verão. Queira Deus que renasçam com o Menino que se aconchega em corações desenhados na forma de presépios.

22 dezembro, 2008

1 ano












Hoje faz um ano que perdi um dos grandes presentes que a vida me deu: Fernando Radim Bueno.


Filósofo.


Companheiro.


Lembro-me das palavras do Professor Martinho ao saber da morte do Fernando: "Fará uma imensa falta ao mundo...".


Com sua morte, perdeu o mundo, a filosofia, os amigos... Você, certamente, foi um dos caras mais alegres que conheci. Com um humor rápido. Refinadíssimo!


Sinto uma saudade sua, Fernando!


Certa vez, num depoimento você me disse, em tom de conselho, que "o destino promete ser duro àqueles que almejam ser grandes", nunca mais me esqueci. Ao comentar com meu pai, logo colocou a frase nos papéis timbrados de nosso escritório, levando seu nome, é claro.


Sua inteligência, sua alegria, sua amizade, fazem tanta falta!

Nossas intermináveis conversas nas madrugadas fazem tanta falta!

Sua "porra-louquisse" faz uma puta falta!


Sempre que penso em você, conforto-me sabendo que enquanto você viveu. De fato, viveu. Marcou.


Espero que um dia nos reencontremos, irmãozinho!!!
A vida segue.
A luta continua.

17 dezembro, 2008

Por que Bush não veio à reunião de países latino americanos



Aqui o número de sapatos voando na direção dele seria muito maior. E o chulé do presidente Raul Castro, dizem, é insuportável.

Reunião da América Latina no Brasil desdenha EUA


O popular presidente do país anfitrião, Luiz Inácio Lula da Silva, não conseguiu evitar que os líderes presentes celebrassem a inclusão de Raúl Castro, presidente de Cuba, e usassem a ocasião para atacar os Estados Unidos e a Europa por seu papel na fomentação da crise econômica global que também atinge a região.

"Cuba está voltando para seu lugar de direito", disse Hugo Chávez, presidente da Venezuela. "Estamos completos".

Os Estados Unidos foram feitos de saco de pancadas nos três dias de conferência, que terminam nesta quarta-feira, neste paraíso turístico no Estado da Bahia. Castro não estava sozinho nos ataques ao país e ao que chamou de modelo "neo-liberalista" da crise do crédito, que afeta muitas outras economias.

"No meio de uma crise sem precedentes, nossos países estão percebendo que não são parte do problema", disse Lula. "Eles podem, e devem, ser parte da solução".

Lula fez a sua parte para tirar a atenção da Cúpula das Américas, chegando a enviar aviões da Força Aérea brasileira para garantir a presença de presidentes de países mais pobres da América Central e do Caribe. O presidente Alan Garcia do Perú e o presidente Álvaro Uribe da Colômbia foram os únicos chefes de Estado que não participaram do evento. O vice-presidente Francisco Santos da Colômbia disse que Uribe, firme aliado dos Estados Unidos, ficou em casa para lidar com os resultados de enchentes trágicas no país.

O encontro reuniu coalizões diversificadas dos países da região, inclusive a recém-formada União do Sul, ou Unasul grupo de países da América do Sul que realizou reuniões nos últimos meses que também excluíram os Estados Unidos.

"Não há dúvida de que isso seja sobre exclusão, sobre excluir os Estados Unidos", disse Peter Hakim, presidente do Inter-American Dialogue, um grupo de pesquisa política de Washington. "O Brasil está demonstrando seu enorme poder de influência".

Com a elevação da China ao posto de principal destino exportador e a visita do presidente Dmitri A. Medvedev da Rússia no mês passado para cortejar líderes da América Latina, há sinais cada vez mais frequentes de que os Estados Unidos se tornaram jogadores distantes nos assuntos da região, disse Riordan Roett, diretor do programa de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins.

"Os Estados Unidos já não são, e nunca mais serão, o maior interlocutor para os países da região", ele disse.

Um a um, os presidente saudaram a inclusão de Cuba no encontro, uma expressão que indica frustração com as tentativas americanas de excluir o país de deliberações similares, disse Michael Shifter, vice-presidente do Inter-American Dialogue.

Muitos dos líderes, inclusive Lula, pediram o fim do embargo americano a Cuba. "Este é mais um passo para garantir que Cuba ocupe seu lugar de direito com dignidade na região e no mundo", disse Bruce Golding, primeiro-ministro da Jamaica.

fonte: NYT

11 dezembro, 2008

O oportunismo de Vitor Lippi


A atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de adiar reuniões ministeriais e com organismos sociais para participar do velório do amigo Wilson Fernando da Silva, o Bolinha, não foi nenhuma surpresa para quem conhece esse ser humano, que hoje preside o Brasil e é reconhecido mundialmente pela liderança que exerce. O Lula é assim mesmo, companheiro, amigo e uma alma admirável. Não era de se esperar outra atitude de Luís Inácio senão despedir-se do amigo Bolinha que o ajudou a construir a CUT, que o ajudou a construir o Partido dos Trabalhadores, e a construir o Projeto que levou à eleição de um companheiro de fábrica como Presidente da República.


Vamos dar continuidade a tudo que o Bolinha nos ensinou na luta, sobre como respeitar as pessoas, inclusive os adversários. Na lembrança, um líder que construiu outro modo de fazer política em Sorocaba e região. Quanto ao presidente Lula, sua atitude só fez aumentar nosso respeito e admiração pelo homem que é e o que representa.

Agora, ao mesmo tempo que a morte do companheiro Bolinha nos levou a refletir sobre essas coisas boas, também nos mostrou atitudes de oportunismo e insensibilidade, como a do prefeito Vitor Lippi (PSDB), que sem respeitar a dor do momento, foi ao encontro do Presidente Lula, no aeroporto, não para prestar solidariedade, mas para entregar ofícios pedindo recursos para construção de CEFET (Centro de Educação Federal de Ensino Técnico), Centro Olímpico e Bolsa Atleta. Todas, inclusive, propostas defendidas por Hamilton Pereira (PT) na campanha eleitoral e por tantos anos ignoradas pelo partido do atual prefeito. Muito bom que o Prefeito tenha acordado para reconhecer a importância das propostas apresentadas pelo candidato da oposição, porém, inoportuna a ocasião escolhida pelo mesmo para oficiar os pedidos.

Como dizia Nelson Cavaquinho, "o seu gesto é muito feio; você deve respeitar o mal alheio; eu também já fui feliz até que um dia; o luto envolveu minha alegria”.

José Carlos Fernandes, Secretário de Comunicação do PT-Sorocaba

Minha opinião: é impublicável o que penso do gesto do prefeito Vítor Lippi.

10 dezembro, 2008

2010: Serra vai provar do próprio veneno


Nas eleições municipais deste ano, a candidata do PT a prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, sofreu uma derrota anunciada. No primeiro turno, pesquisas indicavam que ele tinha algo em torno de 35% das intenções de voto. Seus adversários, Kassab, Alckmin e Maluf, eram todos do mesmo campo político: a direita. E todos tinham patamares de voto acima dos 10%, situação que provocaria o segundo turno. No segundo turno, o eleitorado da direita se somaria, como de fato ocorreu, derrotando a candidata petista.

Depois do jogo jogado, muitos analistas, ligados ao pensamento direitoso, tentaram transformar a derrota de Marta numa derrota pessoal do presidente Lula ou do PT. O que não corresponde a verdade, já que, no primeiro turno, se percebia que Marta teria poucas chances quando as candidaturas de direita se unificassem.

Quem gostou da situação foi o governador José Serra, que foi apontado como vitorioso na situação.

Como o mundo gira, em 2010 ele vai provar do próprio veneno.

Segundo pesquisa divulgada pelo datafolha, no dia 08/12, Serra lidera as pesquisas de intenção de votos com 41% (antes tinha 38%). O deputado federal Ciro Gomes, que tinha 20%, caiu para 15%, ficando bastante próximo de Heloísa Helena, quem tem 14%. A ministra Dilma Roussef, que tinha apenas 3%, subiu para 8% e deve subir ainda mais, a medida que sua imagem for vinculada a do presidente.

Embora a direita comemore os resultados da pesquisa, dando como certa a vitória de Serra, na verdade o que qualquer criança pode perceber, ao observar os números acima, é que o tucano enfrentará um segundo turno no qual será derrotado.

Os três candidatos com boa densidade eleitoral - Dilma, Ciro e HH -, são do campo da esquerda, e seus eleitores, num provável segundo turno, tendem a convergir para o mesmo nome.

E então, o imperador do Morumbi "sifu".

09 dezembro, 2008

Os porques... (ao companheiro Bolinha)

Estou escrevendo de maneira improvisada, num computador emprestado e bastante emocionado.
Muitas vezes me pergunto o que me faz militar politicamente. Um jovem de classe media, onde a unica preocupacao deveria ser trabalhar, namorar, talvez frequentar uma academia...
Lembro a primeira vez em que tive contato com a politica. Professores de historia me influenciaram, atraves de Che, Marx e Lamarca.
Depois, na Faculdade, contatos com outros poucos como eu. A insercao na militancia estudantil. E depois, na politica propriamente dita, fizeram com que conhecesse pessoas admiraveis, herois de carne e osso, convivendo diariamente comigo. Quando observo companheiros como Hamilton Pereira, Arno, Ismael, Gaspari e suas historias, emociono-me muito.
O Bolinha, falecido ontem, era o maior de todos os herois. Como era gostoso ouvir suas historias de luta. Saber que conquistou um sindicato no meio do Regime Militar. Que sofreu mas venceu.
Equiparo o companheiro Bolinha a Che, Lamarca e tantos outros. Um homem que deixa sua terra natal, a vida constituida em torno da causa, merece e muito meu respeito. Como estou viajando, nao pude ir ao seu velorio ontem. Lamentei sua morte. Imagino como devem estar os companheiros da velha guarda.
Meus sentimentos a toda a familia. E a saudade de um companheiro que se orgulha de poder ter conhecido o companheiro Bolinha.
A luta continua!

08 dezembro, 2008

Morre Bolinha, primeiro dirigente da CUT na região


Faleceu neste domingo, dia 7, às 18h30, em Sorocaba, Wilson Fernando da Silva, o Bolinha, que presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos da Região nos anos 80 e levou a categoria a ser uma das primeiras do país a se filiar à então recém-fundada CUT.

Bolinha tinha 57 anos de idade e há um ano lutava contra um câncer. Ele deixa esposa, Lucilia, três filhos Daniela (34), Francis (33), Camila (30) e três netos.

Amigo do presidente Lula desde a década de 60 e militante sindical metalúrgico do ABC nos anos 70, Bolinha mudou-se para Sorocaba em 1981. Logo empregou-se em uma metalúrgica local e, em 1983, disputou as eleições do sindicato e derrotou a diretoria de então, considerada atrelada ao empresariado e simpática ao regime militar.

Mesmo em Sorocaba, Bolinha não perdeu contato com Lula, pois, além do companheirismo entre eles desde a época das históricas lutas sindicais do ABC, as famílias de ambos desenvolveram laços de amizade.

Ao longo de sua trajetória, Bolinha também conquistou a admiração e o respeito de outras lideranças de projeção do PT, como o senador Aloísio Mercadante e os deputados federais Vicentinho e Arlindo Chinaglia, entre outros. É esperada a presença de algumas dessas lideranças no velório do sindicalista de Sorocaba.

Bolinha está sendo velado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, na rua Júlio Hanser, 140, perto da rodoviária de Sorocaba. O sepultamento será nesta segunda-feira, dia 8, às 16h, no cemitério Pax, em Sorocaba.

Bolinha foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região por duas gestões: 1983/86 e 1986/89. Ele deixou a diretoria em 1989, mas retornou em 1992, quando foi eleito membro da executiva. Em 1998 ele deixou definitivamente a direção sindical.

Bolinha estava aposentado, mas lideranças políticas e sindicais, da CUT, do PT e de movimentos sociais da região de Sorocaba nunca deixaram de procurar os conselhos e orientações do pioneiro e carismático líder.

“Bolinha dava um conselho aos novos dirigentes que considero a síntese da personalidade dele mesmo. Ele dizia que ao bom militante não devem faltar duas virtudes: a capacidade de indignar-se diante das injustiças e a consciência de que é necessário ser um eterno aprendiz” - Carlos Roberto de Gáspari, que presidiu o sindicato de 1992 a 1995 e de 1995 a 1998.

“Bolinha era nossa principal referência política. Ele construiu o alicerce dos movimentos sindical e social na região. Uma pessoa inteligente, decidida, idealista, convicta ... mas extremamente generosa e sensível. Um exemplo de líder e de ser humano para todos os que conviveram com ele” — Izídio de Brito Correia, presidente do Sindicato desde 1998

“Bolinha não veio ao mundo para ser coadjuvante. Ele veio para ser protagonista. Em tudo o que ele participava, era líder. Era de uma inteligência incomum, de uma garra contagiante e, ainda, extremamente simpático. Conquistava a todos que conviviam com ele” – Hamilton Pereira, deputado estadual (PT-SP) e ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região.

fonte: site do deputado Estadual Hamilton Pereira