30 dezembro, 2007

Do blog do Martinho (Blog Aldeia Giramundo)

Sobre a morte do meu querido amigo Big
Alguns colegas de profissão ou pensadores da Educação costumam dizer que não pode o professor diferenciar alunos, classes, etc..
Há um lado correto nesse argumento: vivemos num mundo de profundas desigualdades socias, raciais, culturais e adicionar à elas a discriminação educacional nada mais é do que ratificar e estimular o preconceito e a desigualdade.
Entretanto o ser humano é alguém em eterna construção, em movimento. Nesse sentido, o professor é um observador privilegiado, convive com centenas de personalidades em construção por alguns anos, procura estimular essa movimento, intenta destruir o que precisa ser deixado para trás e fracassa mais do que todos.
Durante essa jornada, encontramos consciências em ebulição. Centelhas revolucionárias em si e para o mundo. Indivíduos que se questionam e crescem a ponto de expandir seus limites para o outro lado do espelho. Alunos que passam por nós dessa forma ficam, inevitavelmente, marcados. Dão-nos esperança frente ao mundo caótico e injusto que vivemos. Como tratá-los igualmente aos cordeiros que pastam cotidianamente em sala de aula?
Há alguns anos tive de trabalhar numa classe "problema". Antes do ano letivo começar o diagnóstico já estava pronto: Monstros! Seria impossível qualquer trabalho educacional com o grupo do 1º Ano do Ensino Médio. Alguns recados foram dados, entre eles o de que imitavam animais quando o professor colocava-se de costas para a classe. Um colega se recusou a dar aulas para eles em todo o ensino médio, pois havia tido uma experiência horrível no último ano do ensino fundamental. O apocalipse me esperava.
Boa parte do diagnóstico se confirmou. A classe era realmente terrível de comportamento. Revi vários dos meus 'preconceitos' educacionais e comecei a aplicar métodos alternativos de ensino: como precisava parar várias vezes a aula e pedir silêncio, alongava a mesma por 30, 40 minutos até 'terminar' a matéria ( a aula deles era a última da sexta e alguns pais chegaram a reclamar com a coordenação por causa do meu atraso); mandei alguns alunos que imitavam bichos copiar páginas do dicionário, caso contrário estariam com Zero na prova, ou seja, apliquei tudo aquilo que é vetado em qualquer manual de Pedagogia do planeta.
Numa luta semanal entre aplicar o Pinochet e/ou o Piaget fui me aproximando de alguns alunos. Vários deles tornaram-se muito próximos nos anos que se passaram. A briga foi boa, pois meu objetivo era reverter o diagnóstico ( que até hoje tenho certeza que estava errado).
Uma das passagens mais engraçadas aconteceu com um aluno apelidado pelos colegas de "Big", porque pesava cerca de 130kg. Fernando "Big" era um dos mais 'problemáticos' da classe. Não parava um instante de falar( sempre alto), mas nunca agressivo, seu caráter era farreador e com o intuito de chamar a atenção para si. E lá ia eu tentando explicar a matéria e o Big falando no meio e cortando. Chegou uma hora eu cansei e olhei bem para a cara dele e propus o seguinte:- Se você não der mais um pio até o fim da aula eu pago 20 esfirras depois dela!
- Promete, perguntou Big- Nem um pio...
A aula transcorreu sossegada. O clima da classe foi de desafio. Todo mundo provocava o Big para ele falar, e ele nada, sentadinho ali na primeira carteira, parecia que colocara um zíper na boca. 30 minutos, 40, 60, a aula estava no fim e o Big quieto. Bateu o sinal e ele explodiu:
- Ganhei! Ganhei!
Saí da escola e ele estava lá na frente me esperando com o amigo Daniel. Fomos até o Habib´s, comprei as 20 esfirras. Big estava no banco de trás. Dei-lhe a caixa que estava fervendo de tão quente. Olhei pelo retrovisor e vi os olhinhos dele brilhando. Ele dobrava a esfirra redonda em 4 e enfiava de uma vez só na boca. Reclamava que queimara a língua. Eu pedia calma e chorava de dar risada. A escola ficava cerca de 5 quarteirões da lanchonete. Quando deixei-os lá, as esfirras tinham acabado. Daquele dia em diante passamos a nos olhar de outra forma. Percebemos que o humor nos aproximava.
Brigava às vezes com eles. Senti muita tristeza quando o Big, o Daniel e o Diego vieram pedir minha ajuda. Por rixas escolares eles haviam destruído as carteiras dos colegas do 3º ano. Percebi que eles me procuravam como um apoio, alguém que os entendia e que podia defendê-los perante à direção. No meio da conversa em que eles tentavam justificar a merda que tinham feito eles perguntaram:
- Mas você não é nosso amigo?
E eu respondi com uma dor no coração, pois gostava bastante deles, mas ciente dos erros, tive de ser firme e dizer com a razão:
- Não posso ser amigo de quem não se comporta como gente...
Ás vezes o Daniel ou o Diego reclamam para mim desse dia, mas eu precisava fazer aquilo para que eles entendessem que existe amizade, mas ela não pode estimular o erro e a repetição do mesmo por parte de quem gostamos.
Vieram as provas e o rendimento da classe foi bem acima do que eu esperava. Dos alunos mais próximos, Big teve a nota mais baixa: 5,5. Fiquei chateado, porque acreditava que ele tinha potencial, mas tomei um grande susto quando ele veio me agradecer com seu sorriso aberto e disse:
- É a nota mais alta que já tirei em Geografia...
Ás vezes conversava com ele, dava dicas, demonstrava confiança no rendimento dele e ele foi melhorando. Na última prova do 3º Bimestre ele teve 10! Chamei o nome dele por último: Fernando Radim Bueno e ele veio com cara desanimada. Pegou a prova, olhou, começou a sorrir, me abraçou bem forte,beijou meu rosto e falou para mim:
- Obrigado professor é o primeiro dez da minha vida. Vou mandar fazer um quadro e pregar no meu quarto....Senti a sinceridade da fala dele, a alegria imensa que ele sentia e percebi o caráter especial daquele aluno. Big era o apelido correto para ele, mesmo que depois ele tenha emagrecido. O tempo passou, ele prestou Direito em Sorocaba, fez o primeiro ano e largou. Ali não era o lugar dele, certamente. Foi fazer Filosofia na Unesp. Um dia nos encontramos na rua.
Ele me contou que adorava o curso de Filosofia, que Direito não tinha nada a ver com ele. Estava dando aulas de História e logo logo se formaria. Fiquei muito feliz. Big confirmara o que eu pensava dele: uma pessoa muito inteligente, em constante transformação, inquieto, um não conformista de que tanto necessitamos.
Hoje à tarde recebi a notícia de que fora ceifada tão promissora vida. Big faleceu no sábado, voltando de sua colação de grau. Meu coração está um pouco mais triste, pessoas como Fernando farão muita falta.
Martinho, se você soubesse a dimensão da nossa admiração por você, do carinho, do respeito...
Sim, nossa classe era bastante problemática. Ainda mais num ambiente onde não se tolerava a ousadia, opinião. Para nosso alívio, tínhamos professores como você e o Mafra. Grandes seres humanos!
Se hoje somos pessoas com absoluto senso crítico, vocês são os principais responsáveis. Ninguém nos compreendia. Nossos pais trabalhavam o dia todo e nossos grandes referenciais eram os professores de História e Geografia.
Lembro-me dos acontecimentos relatados por ti. E aproveito a oportunidade para confessar que era eu quem imitava boi... rs
Também me lembro do dia em que tive que copiar um baita editorial da Folha de São Paulo, correndo o risco de ficar com zero. Acabei junto com o sinal. Você nos mandou sentar, pegou todas nossas anotações, amassou e jogou fora. E emendou:
- Não está na hora de vocês irem trepar, não!!! rs
Enfim, boas lembranças... e o Big estava em todas elas. Sempre dizíamos: Big, Diego, eu e companhia, que aquela havia sido a melhor época de nossas vidas. Eu sempre disse que "éramos felizes e sabiamos", conforme relatou Big em um testemunho que fez pra mim no Orkut.
Peço desculpas se em algum momento te chateamos, Martinho. Você não merecia isso!
Um beijo grande!

24 dezembro, 2007

Fernando Radin Bueno: você sempre estará comigo!

"Daniel Lopes para uns, "Lopão bunda pesada" para outros, mas, no fim das contas é o mesmo figura! Como me esquecer dos tempo do Uirapuru, quando, segundo o próprio bunda: "Éramos felizes e sabíamos"? Não, não dá pra esquecer.
Grande Lopão, muita força nessa sua caminhada, pois o destino promete ser duro para com aqueles que almejam ser grandes. Mas como sei que seu destino é esse, então nada me preocupa.
Grande abraço meu irmão...só cuidado com essa sua grande moringa!"
Este foi o depoimento de Fernando Radin Bueno, o "Big", no meu orkut.
Foi meu amigo na época de Colegial, da mesma turma. Auto-denominávamos como amigos-irmãos, junto com os nossos demais amigos. Foi na minha Formatura na Fadi. Seria meu padrinho de casamento. E participaria de todas os momentos felizes da minha vida como um dos principais atores.
Quis o destino que neste sábado, próximo do Natal, num trágico acidente, Big, aos 25 anos, viesse a falecer. E com ele, morre uma parte de nós.
Como será difícil viver sem seu bom humor, sua alegria, seu sorriso contagiante.
Hoje de manhã foi o enterro, em São Caetano. Como foi triste carregar seu caixão, ajudar a fechá-lo. Como é traumatizante perder um amigo na idade em que estou...
Enquanto olhava pra ele, ali deitado eternamente, pensei muito. Como devemos valorizar os amigos, amá-los, fazer o bem! Este era o Big, morreu retornando de sua colação de grau. Formou-se em Filosofia na Unesp. Ia dar aulas na rede municipal de Sorocaba, havia acabado de passar no concurso. Estava feliz.
Ao abraçar seu pai, disse algo que revela: "O Fernando viveu como morreu, intensamente!"
Peço a Deus que traga conforto aos seus pais e ao seu irmão. E também a nós amigos.
Big, que saudade de você, cara!
Você sempre estará comigo! Eu amo você, meu irmão!
Uma pedaço de mim foi enterrado contigo!
Como é difícil... como dói o peito!
Peço desculpas aos que lêem, mas esta foi a melhor maneira que encontrei pra desabafar.
Um Feliz Natal a todos e a todas!


Natal de 2004: Eu, André, Big e Marcelo.

23 dezembro, 2007

Confira a entrevista do Daniel para o Portal Cidade de Sorocaba!

Clique aqui

E por falar em peso pesado...

Este é o Antonov An-225, o colosso da aviação russa - talvez jamais seja produzido algo que levante vôo deste tamanho outra vez.


É o maior avião de carga do mundo e só existem 2 deles, carrega 600 toneladas! Ele pousa em chão de terra (com ou sem chuva) e até na neve (incluindo regiões remotas e desérticas da gelada Sibéria). O piloto designado para efetuar seu vôo inaugural olhou para aquele gigante, coçou a cabeça e disse: "Isto não pode voar! Não tem como sair do chão...".

clique aqui e veja o vídeo

Um desses pousou em Sorocaba esses dias, eu juro que vi!

22 dezembro, 2007

O governo Lula é um governo de merda. Mas é nosso governo de merda.

Concordo com a maioria dos leitores que o governo Lula ficou aquém do que esperávamos, em especial na fase paloccista, e continua afogado em contradições. Lula fez uma aliança estratégica com os bancos? Fez. Eu mesmo apontei isso na Carta Maior. Mas criou o Pró-Uni, o Bolsa Família, o programa Luz para Todos e o programa Quilombola; o programa de Agricultura Familiar, aumentou substancialmente o salário mínimo, dialoga com os movimentos populares; vestiu o boné do MST, o dos petroleiros e o das margaridas. Contribuiu para a o enterro da Alca e promove a integração latino-americana. Criou o Banco do Sul e a TV Pública.

"Não é pouca coisa. Não sei se tudo isso “mudará o Brasil”. Sei que não quero entrar na história como um dos linchadores de Lula e de um governo que eu ajudei a eleger. Como disse Maria da Conceição Tavares, parodiando a confusão que se estabeleceu no Chile no governo Allende: “É um governo de merda, mas é o nosso governo de merda."

Leia mais

* * * * * * *

Artigo muito interessante de Bernardo Kucinski, publicado pela agência Carta Maior, tratando, em particular, da discussão sobre a transposição do rio São Francisco.

Bernardo Kucinski é jornalista e professor da Universidade de São Paulo, é colaborador da Carta Maior e autor, entre outros, de “A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo brasileiro” (1996) e “As Cartas Ácidas da campanha de Lula de 1998” (2000).

19 dezembro, 2007

A esperança é a última que mata

Laurez Cerqueira é jornalista e escritor, autor de Florestan Fernandes vida e obra e Florestan Fernandes - um mestre radical.

Atualmente, o Laurez é chefe de Gabinete do Deputado Paulo Teixeira em Brasilia. Começou com Florestan Fernandes. Laurez é um grande escritor. Um brilhante professor. Um ótimo papo! Publico artigo redigido por ele, em 19 de setembro de 2005.

Enquanto conversávamos sobre o PT, ainda hoje, questionei sobre o Florestan. Respondeu-me, com seu jeito sereno, equilibrado, e com os olhos marejados:
-Quanta falta ele faz!

A esperança é a última que mata

Este verso do poeta brasiliense, Nicolas Behr, parece traduzir o sentimento de grande parte dos militantes do PT neste momento. Principalmente daqueles que surfaram na onda que se ergueu nas ruas e se espatifaram nas instituições da "república senhorial". Quem não tinha clareza da estratégia pode estar sofrendo mais, pois para eles parece que o sonho acabou.

Aqueles que se dedicaram aos núcleos de base do partido, no final dos anos 70 até os anos 80, e se firmaram na construção de uma estrutura pedagógica realmente libertária, foram abandonados no caminho pelo expresso apressado, que partiu direto do ABC para o ano 2002, como se a presidência da "república senhorial" fosse o fim da linha da história.

Os que resistiram à burocratização partidária, agora se erguem das cinzas como Fênix. Afinal, o Brasil não conquistou a verdadeira República democrática. Sequer conseguiu a abolição, pois "a conciliação pelo alto", como dizia o professor Florestan Fernandes, predominou nos momentos de ameaça de ruptura "pelos de baixo".

A "tática" de ocupar espaços nas instituições e transformá-las por dentro, como preconizado nos primeiros anos do PT, foi dando lugar ao carreirismo político. O partido foi sendo tragado pela burocracia estatal. As teses dos teóricos libertários, de que as forças da cultura do Estado burguês são poderosas, domesticam os rebeldes e na maioria das vezes os transformam em agentes dissipadores da rebelião de classe parece confirmada nesta crise. Poucos continuaram fieis à construção de uma outra ordem, que não a vigente.

A disputa por cargos de prefeito, vereador, deputado estadual, federal, senador, governador e depois presidente da República, tornou-se o objetivo maior do movimento. Sindicatos e outras entidades foram utilizados como trampolins para mandatos eletivos.

Os mandatos eletivos, na sua maioria, privados, ("pessoal de fulano", "pessoal de cicrano", no jargão interno do PT), em muitos casos funcionam como condomínios de interesse. Perderam a liga coletiva e se transformaram em instrumentos de barganha política.

Nos debates e decisões internas já se sabe com antecedência os discursos e os votos de cada um.

A crise partidária é grave e o momento é de ruptura dessa estrutura viciada. Apesar de tudo isso, não há como negar que o PT teceu uma cultura política nova no país. O PT, sem demérito dos demais partidos da esquerda, cumpre uma importante função pedagógica suplementar ao sistema educacional oficial na sociedade ao participar decisivamente do processo de aprofundamento da democracia e da promoção da cidadania. A intolerância da sociedade com a corrupção, em grande parte deve-se ao trabalho do PT na luta pela democratização do Estado. A crise do PT, que atingiu o governo Lula, não é um fenômeno recente, isolado. Toda a institucionalidade, nos seus mais variados níveis, passa por um momento difícil. Lula foi eleito com o que restou da estrutura dos movimentos sindical e popular construídos nos anos 70 e 80, e, evidentemente, com o financiamento do empresariado de diversos ramos de atividade, duramente atingidos pela abertura econômica promovida pelos governos da década de 90.

É cada vez mais dramática a situação das centrais sindicais, dos poderosos sindicatos, que mobilizavam multidões no passado. Os movimentos pulsantes e ascendentes daquele período foram dando lugar a corridas eleitorais, com exceção de alguns movimentos como o MST, que se mantém numa perspectiva de rebelião permanente. Os movimentos vivem o dilema de apoiar o governo Lula e condenar sua política econômica. Isto porque, segundo integrantes do governo, o projeto econômico original debatido pelo partido foi abandonado em razão das dificuldades políticas para se governar.

A professora Maria da Conceição Tavares e outros grandes economistas da mesma linhagem que participaram ativamente da formulação do projeto econômico do governo Lula, a certa altura, desistiu do debate, pois viu ganhar força a política econômica que ela contestou no governo Fernando Henrique Cardoso. Portanto, o projeto econômico de economistas como ela, Aloízio Mercadante e outros, não é o que está em execução. Queriam uma política econômica de pleno emprego, perfeitamente viável. Mas, apesar deste desgosto, quando o governo Lula é atacado por quem quer que seja, Conceição responde aos críticos com uma frase, segundo ela, vista numa faixa empunhada numa manifestação de apoio ao governo Salvador Allende, no Chile, nos anos 70: "Este es un gobierno de mierda, pero es mi gobierno, mierda!".

Outro aspecto da eleição de Lula, que pouco se comentou, é que um percentual importante dos votos que o elegeu veio de setores da classe média e média-alta, depois de intenso trabalho do partido, na tentativa de desconstruir o preconceito que havia em relação a Lula e ao PT. Segundo as pesquisas, esse setor foi o primeiro a descolar logo no primeiro ano de governo, devido à reforma da previdência, aumento da taxa de juros para conter o consumo, e, recentemente, após a onda de denúncias de corrupção. Esse eleitorado parece ter feito uma concessão ao votar no operário candidato.

Com o que restou da estrutura do movimento social dos anos 70 e 80, Lula montou uma mesa de negociação para tentar viabilizar um projeto de inclusão social abrangente, com o empresariado e com a elite conservadora, mantendo a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso e até radicalizando mais em certos aspectos, como o superávit primário e as metas de inflação. Ao todo são 293 programas na área social. Lula tenta construir um mercado de consumo interno com a irrigação da economia através dos recursos dos programas de transferência de renda. Mobiliza volumosos recursos nacionais e internacionais para a construção da infra-estrutura de desenvolvimento econômico (energia, portos, ferrovias, estradas, etc.) que ficou sem investimentos adequados ao longo de duas décadas.

Enfim, fez-se concessões até demasiadas na expectativa de que seria viável um governo de diálogo e de união nacional para superação das dificuldades, principalmente as econômicas e sociais que chegaram a uma situação dramática. O que se percebe é que a maioria da elite política e empresarial parece não compreender o país que vive, qual a dimensão real da crise política e para onde ela evolui. O comportamento da grande imprensa nesta crise, salvo raras exceções, demonstra isso.

Entre outros órgãos de imprensa, merece destaque a sanha golpista da revista Veja. As denúncias estão sendo utilizadas como pretexto para destruição da maior organização política construída "pelos de baixo" no Brasil, e do seu líder maior, Lula. No poder, certamente, o tratamento dispensado ao PT e ao seu governo, não seria diferente.

O fato é que o PT sempre foi tratado como um intruso no cenário político nacional. Nasceu nas ruas sob nuvens de gás lacrimogêneo, rompendo cercas no campo e sobrevive à ferocidade da grande imprensa. Mas muitos petistas alimentavam ilusões de que em plena vigência do "estado democrático de direito" instituições democráticas como o PT, a CUT e o MST seriam respeitadas "pelos de cima".

Esta crise está deixando uma lição para "os de baixo": enganam-se aqueles que preconizam o fim da luta de classes. O Brasil é um país continental e complexo, urbanizado, com uma configuração de classes nitidamente marcada pela desigualdade. Caso crise continue alimentada por denúncias infundadas contra governo Lula, não sobrará alternativa para o campo da esquerda que não a radicalização dos movimentos. O quadro político que começa a se esboçar para o futuro é de rompimento com o diálogo.

Está ficando claro que a tentativa de diálogo com "os de cima" é uma perda de tempo. Não vivemos mais numa "Guerra Fria". Os militares, que foram utilizados "pelos de cima" em vários ciclos da história para manutenção dos privilégios dos ricos, nesse momento estão mais identificados com os problemas dos de baixo.

Enfim, não se deve perder a perspectiva de que isto é uma luta e os campos estão sendo demarcados. Resta saber de que lado cada um está lutando e se está lutando bem ou mal. Tudo indica que estamos caminhando para o que sintetizou a cantora Cássia Eller em uma de suas músicas:

"defenda teu pão no pau, marginal!"

Ainda sobre o rebaixamento...

... e a solidariedade de um são-paulino


18 dezembro, 2007

Ainda sobre a CPMF

Como já mencionei em outra postagem, demos e tucanos se opuseram a prorrogação da CPMF – que eles próprios criaram! - por razões mesquinhas. Querem privar o governo de recursos importantes, mesmo que apenas por alguns meses, num ano eleitoral.

Tanto que os líderes da oposição já se dispuseram a discutir e votar um “substituto” para a CPMF logo no início do próximo ano. Não são bobos. Afinal de contas, o prejuízo político que pretendem causar ao governo Lula também se estenderá a estados governados por tucanos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Apesar disso, o governo tem que reconhecer sua responsabilidade pela derrota. Há cinco anos que se insiste na necessidade de uma reforma tributária, de caráter progressivo, que desonere a produção, acabe com a guerra fiscal, mas mantenha a capacidade de investimento por parte do Estado. O tempo foi passando, o governo não enviou qualquer proposta ao Congresso Nacional e, por fim, tentou prorrogar a CPMF, um tributo extremamente impopular, apesar de justo e eficaz no combate à sonegação.

Lula também errou quando, tentando convencer a oposição, fez um “mea culpa”, dizendo que estava errado quando se opôs à CPMF, criada por FHC. Não estava. A CPMF foi criada depois de dezenas de privatizações, quando grande parte do patrimônio público havia sido leiloada, “no limite na irresponsabilidade”, sob o argumento que o dinheiro recebido seria usado “na saúde e na educação”. Nessas circunstâncias, como apoiar a criação de um novo tributo?

Desse ponto de vista, Lula teria muito mais razão ao mantê-lo, depois de assumir um país arrasado economicamente pelo tsunami demo-tucano.

O fundamental é a consciência de que o Estado deve preservar sua capacidade de investimento e de garantir direitos sociais. É verdade que o Estado Brasileiro - executivo, legislativo e judiciário, em todos os níveis -, gasta desnecessariamente com “aspones”. Rouba-se muito e de forma escandalosa, e a gestão pública é, para dizer o mínimo, temerária.

Apesar disso, o governo deve investir em infraestrutura, garantir a segurança alimentar. Universalizar, com qualidade, o acesso à educação, saúde, segurança e cultura. Tudo isso custa dinheiro, que é arrecadado através dos impostos.

Protestar contra os gastos desnecessários é justo. Mas a essência do discurso demo-tucano não é essa. Eles querem (hipoteticamente) reduzir impostos, privando a população de direitos sociais, reduzindo e sucateando serviços públicos. É o mesmo discurso do Bush.

E em contradição com o discurso atual, demos & tucanos, quando tiveram a oportunidade de reduzir impostos, não o fizeram.

Niemeyer, nova obra na Espanha

Niemeyer é um dos mais importantes arquitetos do século XX, suas obrar repercutiram mundialmente e em comemoração aos seus 100 anos recebeu a encomenda de uma grande obra na Espanha.
O convite foi feito há dois anos. Representantes do Principado das Astúrias, no norte da Espanha, vieram ao escritório de Niemeyer com uma proposta tentadora: construir a primeira obra dele no país. O arquiteto aceitou de pronto e rapidamente riscou o projeto para a cidade de Avilés (acima). “O terreno já está sendo preparado para receber a construção”, conta Natalio Grueso, diretor do futuro Centro Cultural Oscar Niemeyer. O complexo ocupará a área de uma antiga siderúrgica e reforça o plano de revitalização da região, que sofreu com a intensa industrialização nas últimas décadas.

Paulo Teixeira estará no programa Opinião Nacional, da TV Cultura, nesta quinta-feira. Ele será entrevistado pelo jornalista Alexandre Machado e vai falar sobre Energia Renovável. O programa vai ao ar a partir das 22h40.
Paulo é presidente da Subcomissão de Fontes Renováveis de Energia e Uso Múltiplo da Água da Câmara. Ele tem liderado a mobilização do setor de energia renovável e defendido, durante encontros com autoridades do governo federal, a necessidade de um plano nacional para a produção de energia de fontes renováveis.

Gente bonita, uni-vos!

Se você é proletário, mas não abre mão de ter um Corola na garagem, conheça o Gabriel Restaurante e Piano Bar.

Venha conhecer nossa variedade de pratos em formato de criancinha (somente carne de soja!) e ouvir belíssimas interpretações de "La internationale" para piano.

17 dezembro, 2007

17 de Dezembro de 1989

No dia 13 de Dezembro a efemérides burguesa comemorou os 39 anos do recrudenciamento do golpe militar brasileiro, meia oito - o ano que não terminou, abrindo uma nova era para o Brasil e para a América.
Hoje, nós comemoramos uma outra nova era, que jamais começou, a era do Brasil que deveria ter se tornado democrático há 18 anos.
o PT, na época, com uma forte tendência socialista elegeria Lula presidente, dando continuidade a viragem à esquerda da América Latina, interrompida por aquela seqüencia de golpes militares.
As Organizações Globo trabalharam ativamente para construir a imagem de Collor, o Marajá que caçador marajas, em contraposição a de Lula, o caçador de criancinhas que expropiaria o segundo carro da Classe Média e tomaria o salário dos trabalohadores.
A campanha foi apaixonante, eu era criança, acho que foi um dos momentos de maior "politização" do Brasil.

O Portal Vermelho diz que hoje é o "dia do Lula", eu acho que deveríamos chamá-lo de dia a Mídia

Derrubou-se a ditadura militar e assumiu seu lugar uma nova ditadura, o despotismo da mídia burguesa.

17 de Dezembro foi o dia em que o Cidadão Kane Marinho falou "só eu mando aqui agora!", olhou para um lado e o ACM concordou, olhou pra trás, Figueiredo, do outro lado estava Collor de onde viria também mais tarde FHC.

15 dezembro, 2007

Delenda est Lula!

O assunto da semana é o fim da CPMF.

Depois de meses de negociação, o governo não conseguiu maioria qualificada no Senado Federal e foi derrotado na votação sobre a prorrogação da CPMF. A "contribuição", criada pelo ex-presidente FHC, era usada, em grande parte, para financiar os gastos com a saúde.

Governadores tucanos, José Serra (SP), Yeda Crusius (RS) e Aécio Neves (MG), tentaram ajudar o governo a conseguir maioria no senado, mas foram derrotados pelo desejo de vingança de FHC.

FHC, ao lado de Fujimori (Peru), Menen (Argentina) e Salinas (México), faz parte da geração que arrasou a América Latina, impondo reformas neoliberais que faliram as economias nacionais e, de forma criminosa, deram lucros altíssimos para poucos e privilegiados. Por enquanto, apenas Fujimori está preso, sendo julgado pelos crimes que cometeu contra o povo Peruano.

FHC, que ainda não foi preso, decidiu fazer "sangrar" o governo Lula. Organizou a bancada de senadores do PSDB, a reboque dos Demos, para derrotar a prorrogação da CPMF. Sem se importar com os danos que tal medida causaria ao país, aos estados e prefeituras governados pelo próprio PSDB. O único objetivo na vida ed FHC é "sangrar" o presidente Lula.

Porque ele, FHC, o príncipe dos sociólogos, que "fala corretamente" e "mais de uma língua", quando deixou a presidência, estava mais sujo que pau de galinheiro, não podia andar na rua, pois corria o risco de ser trucidado. Quatro anos depois, na reeleição de Lula, os tucanos escondiam FHC como a um leproso, para afastar sua lembrança do povo Brasileiro.

Lula foi reeleito e seus níveis de aprovação popular são dos mais altos. Apesar da oposição ferrenha da opinião publicada, dos escândalos. O governo do PT - de um "baiano", que "não fala corretamente", nem "sabe usar os talheres" - foi, muito, mas muito superior ao dos tucanos.

De forma geral, os tucanos desejam desgastar Lula, derrotá-lo em 2010. É legítimo, faz parte da democracia.

Já FHC quer vingança. Quer destruir Lula, apagá-lo da história, enlamear sua reputação.

Marcelo Ambrósio, em coluna no jornal do Brasil, recordou a história de Roma. No ciclo das três Guerras Púnicas (264 a 241 a.C.), romanos e cartagineses disputaram a supremacia no Mediterrâneo. Depois das muitas batalhas, o ódio dos romanos contra os cartagineses transformou-se em sentimento nacionalista. No século II a.C., coube a Catão, o Censor, personificar obsessivamente uma campanha pela destruição de Cartago. Nos seus discursos, no Senado, Catão sempre os encerrava com a frase Delenda est Cartago (Cartago seja destruída). O sucesso dessas pregações selou o destino da cidade. Cartago seria arrasada e teria suas terras aradas e saturadas de sal, além de receber uma grande maldição.

FHC brada: Delenda est Lula!

14 dezembro, 2007


Publico esta postagem cinco minutos depois de tirar a foto. Estamos no aeroporto JK - no Centenário de Oscar Niemeyer , vôos atrasados. Um bom momento para sentarmos bater papo.
Este é o Levi Mendes, Procurador da União, Coordenador na Gerência Regional do Patrimônio da União do Estado de São Paulo/Ministério do Planejamento , militante petista desde a década de 1980. Iniciou na luta no PT de Sorocaba. Foi do movimento estudantil, do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia de Sorocaba (atual UNISO). Depois, assessor do então deputado federal Aloízio Mercadante, de 1990/95 e hoje, orgulha Sorocaba, participando intensamente do Governo Lula.
O Levi veio para Brasilia participar de um encontro na Secretaria do Patrimônio da União, para tratar do imenso patrimônio da extinta Rede Ferroviária Federal S/A, que foi transferido à União. Também, acompanhar às eleições de renovação da diretoria da Associação Nacional das Carreiras Jurídicas da Advocacia Geral da União (Anajur), da qual foi reeleito Diretor Administrativo(2008-2010).
Enfim, sempre que ele vem pra cá, saimos bater papo. E desta vez não foi diferente. Conversamos sobre o movimento estudantil e ambientalista das décadas 1980/90. Da campanha Lula 1989 e a juventude petista em Sorocaba na época, da memorável campanha Hamilton Prefeito/92, Lula/Mercadante/94 e dos intensos debates políticos existentes no PT de Sorocaba.

13 dezembro, 2007

Processo de eleições diretas do PT/ 2 turno Justificativa de voto

No segundo turno, duas candidaturas se apresentam: Berzoíni e Tatto.
No primeiro turno, nosso candidato foi o José Eduardo Cardozo. Faltou muito pouco para que fosse ao segundo turno. Fizemos um ótimo debate ao longo da campanha. Tenho clareza que tínhamos o melhor candidato. E mais: se a sociedade pudesse votar nas eleições internas do PT, certamente o Zé ganharia disparado!
Consigo visualizar diferenças entre as duas candidaturas no segundo turno. Berzoíni representa a tendência interna conhecida como Articulação Unidade na Luta, que surgiu com o intuito de reafirmar o PT enquanto partido legítimo da classe trabalhadora, de esquerda e socialista. Dela, surgiu o Campo Majoritário, que fiz parte até o surgimento da Mensagem ao Partido, esta, por sua vez, composta por uma rede de forças políticas internas (pessoas que pertenciam à Articulação, ao Campo Majoritário, à Democracia Socialista e outros grupos independentes).
O Jilmar Tatto é do PTLM (Partido dos Trabalhadores de Lutas e Massas), que se uniu ao Movimento PT. Juntos, conseguiram empreender uma derrota histórica à Articulação no estado de São Paulo. Também compunham o Campo Majoritário. Combatem a interrupção dos debates internos do PT, culpando à Articulação. Reivindicam o resgate do processo democrático no partido.
Todos os dois defendem a reaproximação com os movimentos sociais. Omitem-se quando o debate se refere à ética. Tampouco abordam a questão da revolução democrática, tão defendida pela Mensagem. No debate de Brasilia, ocorrido ontem, Tatto chegou a citar a Revolução Democrática, mas sinto que esta avaliação não passa pelos pensamentos de seu grupo. Defendem a política de alianças para a governabilidade do Governo Lula, aliás, ontem vimos que bela governabilidade a CPMF nos apresentou!
Muitos companheiros que estavam com a Mensagem decidiram não votar no segundo turno. Ou votar nulo. Respeito-os. Acho também uma posição legítima, entretanto, peço licença para discordar. Acho que por mais difícil que seja nosso posicionamento, devemos escolher.
Pois bem, votarei no Ricardo Berzoíni. Por alguns motivos. Dos dois, o Berzoíni é mais coerente com a relação discurso/prática (por mais que eu discorde radicalmente da lógica empreendida em alguns momentos por sua corrente!). É sincero. Defende o PT e o Governo Lula.
Mas os dois fatores preponderantes para meu posicionamento foram: a declaração de voto do Tarso Genro e o fato de sempre discutirmos juntos com à Articulação os rumos do PT de Sorocaba.
De todo modo, de coração, espero que o Berzoíni faça um bom mandato.
Um amigo ligou apenas para me perguntar a razão de ser o Viagra de cor azul. E completou:

- Porque se fosse preto e branco, demoraria um ano pra subir!!!

China, acho que você está com muito tempo vago!

Governabilidade

O governo Lula, mais no segundo do que no priemiro mandato, foi entregue completamente ao PMDB em nome da governabilidade, no entanto, o governo não conseguiu nem aprovar a CPMF no Senado, três senadores do PMDB votaram contra ela ontem. Eu gostaria muito de saber o que ele esta ganhando mantendo-se aliado a esses partidos.

12 dezembro, 2007

A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu de 63% em setembro para 65% em dezembro, revela pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira (12), que também apontou aumento na avaliação positiva do governo (ótimo e bom) de 48% para 51%. O índice é o mais alto do ano.
Já na avaliação negativa, 17% qualificam o governo como "ruim" ou "péssimo". Este indicador caiu um ponto percentual em relação a setembro, quando 18% da população avaliou desta forma o governo.
A nota média para o Governo Lula manteve o patamar de 2007, e foi de 6,6 em dezembro, segundo o levantamento. Há um ano, a nota média era 7.Para se chegar aos resultados, foram entrevistadas 2.002 pessoas (com 16 anos ou mais), em 141 municípios, entre os dias 30 de novembro e 5 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Avaliação do presidente
Enquanto a aprovação de Lula subiu, a desaprovação caiu de 33% para 30%. Entre os segmentos pesquisados, a desaprovação supera a aprovação apenas na faixa que recebe mais de 10 salários mínimos por mês. O crescimento do saldo de aprovação é expressivo entre os jovens, na faixa com nível superior, entre os que recebem entre 5 e 10 salários mínimos e nos municípios que possuem entre 20 mil e 100 mil habitantes.
A pesquisa também mostra que 60% da população confia no presidente Lula, contra 35% que não confia. O contingente dos que dizem não confiar teve baixa de dois pontos percentuais em relação a setembro.
Áreas do governo
A maioria da população desaprova o governo federal nos temas segurança pública (66%), controle da inflação (49%), taxa de juros (59%), desemprego (51%) e impostos (69%).
Na questão da segurança pública, ocorreu um aumento bastante nítido da desaprovação. Atualmente, 66% dos brasileiros desaprovam a atuação do governo na área, enquanto 32% aprovam. Há três meses, os percentuais eram 61% e 36%, respectivamente.
Hoje, 32% dos entrevistados afirmam que a segurança é o tema que mais merece atenção da sociedade. Há um ano, segurança aparecia em segundo lugar, com 23%. O primeiro era o combate à corrupção.
Com informações da Folha Online.

11 dezembro, 2007

A "Mensagem ao Partido" e o segundo turno das eleições internas do PT

A posição da Mensagem diante das alternativas Berzoini e Tatto

"A avaliação que temos do significado das candidaturas Berzoini e Tatto expressa os motivos de termos adotado a candidatura de José Eduardo Cardozo.

"Não somos partidários simplesmente da mudança de dirigentes, pela simples mudança. Muito menos seremos partidários de substituições que aprofundem os elementos causadores de nossa crise, que ameaça transformar o PT num partido eleitoral dominado pela lógica fundada em carreiras individuais. Como a candidatura de Jilmar Tatto se nos afigura como uma mudança para pior, não temos razão para apoiá-la, por seu falso apelo oposicionista.

"A candidatura Berzoini representa a tentativa de dar continuidade ao modelo partidário implementado pelo antigo campo majoritário, modelo esse que permitiu que se desenvolvesse um ambiente de perda de vitalidade ideológica e política e abriu espaço para alternativas, como a representada por Jilmar Tatto, que não só consideram “normal” como se, vencedoras, aprofundariam todos os aspectos negativos que vemos na prática do partido sob o comando do antigo campo majoritário.

"Assim sendo, embora reconhecendo que, nenhuma das alternativas presentes no 2º turno representa a mudança necessária que propugnamos para o PT, a Mensagem, com base nesta análise, convoca a militância a participar ativamente do processo de 2º turno no PED, em todos os níveis, votando de acordo com a sua consciência no que entender como melhor para o PT. Essa posição da Mensagem reforça a necessidade de continuar organizando e fortalecendo um movimento de opinião permanente, amplo e plural para a defesa de um perfil democrático, socialista, ético e militante para o PT combinado com a defesa de um programa da revolução democrática.

"Reafirmamos, como centralidade de nossos esforços nas novas direções partidárias e na nossa militância, a luta por um programa de esquerda para avançar na revolução democrática em curso e na superação da crise do PT, dispostos a nos somar com todos aqueles que, como nós, tiveram ou desenvolveram uma visão crítica sobre os processos vividos e renovaram as energias para refletir no cotidiano os objetivos estratégicos de nosso partido."

Plenária Nacional da Mensagem ao Partido.

fonte: Democracia Socialista

08 dezembro, 2007

Juventude e Revolução

Lincoln Secco*
La Insignia. janeiro de 2005.

O papel atribuído à juventude nos séculos passados foi o de simplesmente substituir os mais velhos. Ou seja, implicitamente, a juventude foi quase sempre negada. Tratava-se de pré-adultos à espera de sua hora e sua vez.

No início da modernidade, os jovens se tornaram uma categoria social. Nem por isso, fizeram-se portadores das novidades. A derrota dos jacobinos, por exemplo, abriu espaço para os jovenzinhos da época do Diretório: ricos e contra-revolucionários.

Foi somente no século XX que a juventude ligou-se a dois atributos essenciais: o consumismo e o sexo. Afinal, esta categoria pode suportar por mais tempo a ambos, desde que as mercadorias sejam compradas com o dinheiro dos mais velhos. Podia-se falar em juventude (de um modo geral), pois nesta fase em que os corpos ainda não se decompõem a olhos vistos, as classes sociais apagam-se momentaneamente.

Ainda assim, os jovens de classe média (pois, apesar de tudo, é um erro não separar a juventude em classes sociais) não se viam como revolucionários em si e por si mesmos. Os jovens do Partido Comunista Alemão e os do Partido Nazista receberam, por certo, o apelo típico dos anos 20 (quando a política radical os descobriu como base mobilizável), mas não pertenciam aos estratos remediados. Ao contrário, eram majoritariamente trabalhadores (ou desempregados) e com escassa instrução escolar.

Os anos 60 descobriram novos jovens. Membros das classes médias com educação superior (em curso), eles passaram a se considerar também uma vanguarda política e cultural. Nunca o tinham sido. Nos partidos comunistas eles pertenciam às sessões juvenis, mas só ascendiam ao comando (salvo exceções) depois dos trinta anos. Gramsci só assumiu um cargo importante no recém criado Partido Comunista da Itália aos 30 anos, pois no PSI não passara de um influente articulista de jornais radicais.

Em 1968, os estudantes descobriram do dia para noite que tinham a possibilidade de parar um país e amedrontar a burguesia combinando protesto político com audácia comportamental. Mas estavam errados. O medo durou enquanto os operários estavam em greve. E a ousadia dos gestos e das vestes foi rapidamente absorvida pelo mercado. O problema é que os parisienses (como já dizia Tocqueville) não sabem fazer duas coisas ao mesmo tempo. Assim, têm a hora de fazer a Revolução e a de fazer a festa.

Todavia, Maio de 1968 fez outra revolução silenciosa. Talvez ela tenha começado antes com a calça jeans ou o Rock. Ela conquistou hegemonia cultural. E o fez com a promessa de abolir hierarquias e rituais. Assim, jogou os homens e mulheres de todas as idades em meio a um mundo aparentemente sem diferenças (quando tudo o que se queria era o contrário disso).

Os próprios jovens de classe média, ao verem projetadas suas culturas nos meios de comunicação de massas, conquistaram aquilo que Gramsci chamaria de direção intelectual e moral sobre as demais gerações. Hoje, todos devem ser jovens qualquer que seja a idade. Afinal, o que importa é o espírito juvenil (convenientemente associado à indústria da estética corporal). Mas os jovens de 68 envelheceram. E houve a tragédia (talvez uma farsa, para lembrar o velho Marx). Antes eram jovens em revolta contra os adultos.

Depois, como num conhecido filme aterrorizante, tornaram-se fantasmas que não percebem que já morreram. Eles partilham com seus filhos a mesma cultura, as mesmas vestes, a mesma música, as mesmas drogas. Agindo assim retiram das novas gerações a possibilidade da autêntica revolta.

Hoje, embora o distanciamento histórico ainda não permita concluir com segurança, pode-se dizer que a juventude "meia oito" conseguiu um feito único: projetou sua hegemonia "geracional" no tempo. E o fez, negando-se a envelhecer. Ao fazê-lo, ela cometeu o ato mais egoísta de libertação: liberou-se a si própria ao mesmo tempo em que escravizou para sempre todas as gerações futuras. Doravante, estas não poderão mais romper tabus, pois os velhos jovens de 68 aparentemente já romperam todos.

A juventude atual deveria procurar suas próprias armas. Mas têm uma tarefa inédita. Precisa combater num mundo onde todos se disfarçam de jovens.

(*) Lincoln Secco é professor do Departamento de História da USP.

07 dezembro, 2007

Eduardo Galeano: Estranha ditadura de Chavez

“Estranha ditadura essa aonde ele [Hugo Chávez] foi aprovado em três eleições, aonde ele foi o primeiro presidente a aprovar uma constituição pelo voto popular. Eu estive lá e posso dizer que foi uma eleição transparente. Evitou-se que os mortos votassem, porque tinham o mal costume de votar, e evitou-se que uma pessoa votasse várias vezes, talvez pelo mal de Parkiston, que faz a pessoa repetir o mesmo gesto várias vezes. ”

Eduardo Galeano

Quem cria tucano aacaba...

Por que Chávez perdeu

reportagem da Carta Capital deste mês

por Cynara Menezes

Já passava da uma da manhã de quinta-feira 29 quando o celular tocou no quarto do hotel Las Americas, em Caracas. Atendi. Era o ministro das Comunicações, William Lara, com uma ótima notícia: o presidente Hugo Chávez havia aceito minha solicitação de entrevista e iria falar comigo no avião às 15h daquele dia, enquanto se deslocava para o sul do país. Oba, pensei. Após uma semana na capital venezuelana, tinha muito o que perguntar ao comandante.
Eu e Lara combinamos que um carro do ministério passaria para me apanhar no hotel à uma da tarde. Mandei a matéria que preparei sobre o país para a CartaCapital e fiquei à espera. Enquanto isso, lá fora, os manifestantes contra a reforma ocupavam as ruas de Caracas. O trânsito na cidade, que já é péssimo, estava infernal.
Às duas, Lara me ligou perguntando se eu me importava de que uma moto fosse me apanhar, porque era impossível chegar a tempo de carro. “Por mim, tudo bem”, eu disse. Em cinco minutos o motoqueiro chegou. Subi na garupa e rapidamente me arrependi: o sujeito pilotava como louco pelas ruas tomadas de carros e manifestantes, costurando entre os veículos, como os motoboys de São Paulo. Pensei: “Putz, vou morrer na Venezuela”. Descabelada, sem capacete, os olhos lacrimejando, o nariz escorrendo. E o motoqueiro a toda pastilla.
Enfim, chegando na estrada que dá para o aeroporto, um carro faz sinal para que paremos. Era Lara com uma péssima notícia: em virtude de um terremoto na Bolívia, o comandante cancelou o evento que faria no sul e, por conseguinte, a entrevista. O ministro me pediu desculpas várias vezes, e eu tranqüilamente respondi:
- Otra vez será.
Naquele momento senti que Chávez perderia. Obviamente, com as pesquisas apontando para um empate (pelo resultado final, a diferença a favor do No foi mínima), não me arrisquei a cravar a vitória da oposição na reportagem que está na revista. Mas algo me dizia que o presidente recusara a entrevista na última hora porque possuía elementos para acreditar na derrota. A cara preocupada de Lara também dava sinais de que as coisas não iam bem para o governo.
E por que não foram bem? Na minha modesta opinião, porque Chávez, em vez de ganhar, perdeu aliados. Não falo só do general Raúl Baduel, falo do povo venezuelano. Vi que as pessoas estavam com medo, que não queriam ir fundo em um socialismo que não sabem direito o que é e perder o pouco que têm. E que conseguiram, justiça seja feita, por causa das políticas engendradas pelo próprio comandante. Em suma, faltou-lhe habilidade não só para conquistar mais adeptos para sua revolução como para manter os que já possuía. Da forma como agiu, em vez de reduzir a oposição, a alimentou. Os esquálidos estão gordinhos agora.
Não resta dúvida que Hugo Chávez é a maior novidade política do planeta. Sem ele e Evo Morales, na Bolívia, o mundo ficaria muito igual, por um lado, e, por outro, mais desigual. Mas ele ainda precisa entender a lição que ficou dos regimes caídos na União Soviética e Alemanha, e mesmo na terra de Fidel Castro: socialismo não tem nada a ver com falta de democracia. Escutar, sobretudo respeitar, os descontentes faz parte do processo de unir um país em torno de um projeto.
Desprezá-los, desrespeitá-los, só faz incitar à revolta.

05 dezembro, 2007

Um assassinato que não é notícia

Saiu no portal Terra, por iniciativa de um internauta. Mesmo assim, passados quatro dias, nenhum dos jornalões noticiou até hoje o assassinato de Geraldo de Souza Dias, ex-prefeito petista de São Bento do Sapucaí e candidato forte na campanha do ano que vem.

O crime aconteceu na sexta-feira (30). Nem mesmo a forma escabrosa do assassinato fez do fato uma notícia nos jornalões: de noite, ao chegar ao seu depósito de materiais de construção, foi pego por quatro encapuzados e enforcado com fios. “Uma morte horrorosa. O corpo ficou exposto do lado de fora da loja, de modo que quem passava na estrada podia ver”, relata um dos seus amigos.

São Bento fica encravada na Serra da Mantiqueira. Tem recebido muitos turistas. Alguns artistas e intelectuais montaram casas de campo. A gestão do Geraldo, segundo essas pessoas, foi correta e não houve corrupção. Arrecadou muito impostos, como o IPTU, o que gerou alguma insatisfação política. Incentivou a educação e a cultura. Não fez grandes obras na cidade.

Geraldo sofreu ameaças anteriormente. Quando Celso Daniel foi assassinado, ele recebeu ameaças e reforçou sua segurança. Seus amigos divulgaram segunda-feira (3) um manifesto exigindo imediata e rigorosa apuração do crime: “(...) esperamos que haja rigor da perícia policial para o desvendamento desse crime hediondo, confiantes nas autoridades competentes, para que não haja omissão nem postergação da apuração dos fatos, nem parcialidade e nem impunidade, pois assim se faz necessário para que a sociedade encontre na lei a ordem e a paz desejadas...”

fonte: Agência Carta Maior

03 dezembro, 2007


Eu poderia falar do Chávez, das eleições internas do PT ou perguntar ao Reinaldo se ele já pegou a ditadura... Mas não! Hoje não!

Ontem foi um dos dias mais tristes da minha vida!

Sempre fui Corinthianíssimo!

Lembro das vezes em que chorava com as sucessivas derrotas do Corinthians para o Palmeiras Parmalat. Quando, pela primeira vez, emocionei-me com o Timão, em 1990. Ronaldo, Neto... quanta falta!

No dia em que o Corinthians perdeu sua última Libertadores, prometi a mim mesmo que nunca mais sofreria em jogos do Timão. Como se fosse uma guerra silenciosa com o Clube que aprendi a amar com meu pai. Sem perceber, a fim de que não sofresse mais, deixei de acompanhar os jogos, evitava saber os resultados.

Apenas ontem percebi isso. O dia hoje foi péssimo!

Na TV, ao observar um torcedor corinthiano segurando um cartaz com os seguintes dizeres: "Eu jamais te abandonarei!", segurei para não chorar. Chorar de raiva, de desgosto!

Entretanto, tive plena convicção de uma coisa: eu não consigo viver sem o Corinthians. Sem participar de teus jogos, sem acompanhar os campeonatos...

Retomarei o espírito torcedor! Vibrante! Que se chateia e se alegra com os resultados apresentados.

Corinthians faz parte da minha vida. Foi meu primeiro amor incondicional!
Estaremos sempre juntos!!!
Aqui tem um louco por você, Corinthians!!!

E a ditadura?

Há alguns dias o Daniel iniciou uma polêmica neste blog a respeito das pretensões autoritárias do presidente Hugo Chaves, que buscava, através de uma reforma constitucional, o direito e reeleger-se indefinidamente.

Ontem a proposta de Chaves foi derrotada. O "sim" teve 49,3% e o "não" recebeu 50,7% dos votos.

Primeira conclusão: um ditador não perde uma eleição por 0,7%. Nem alguns pretensos democratas, como Bush Júnior, que roubou bem mais do que isso para ser eleito pela primeira vez.

Na Venezuela, o eleitor tem que colocar seu dedo indicador numa tela digital que o reconhece e mostra sua fotografia, como é comum hoje em alguns prédios de escritórios e repartições públicas de Brasília. Depois, tem esse seu dedo marcado com uma tinta que só sai depois de 24 horas, para que ele não volte e tente arrumar confusão, dizendo que outra pessoa se passou por ele.

Após votar na urna eletrônica, uma máquina imprime o tal papel confirmando sua opção, como se quer fazer no Brasil, e ele, então, deposita esse voto numa urna física. Se por algum motivo se fizer necessária uma recontagem, basta abrir a urna física e conferir se o resultado bate com o da eletrônica.

Isso tudo foi implantado nesses anos de governo Chávez. Antes, era um absurdo. Voto só no papel e com um título fajuto. E a maior parte da população nem sabia como tirar o título de eleitor. Nos anos Chávez o número de eleitores na Venezuela mais do que dobrou.

Pode-se criticar Chaves, discordar de suas idéias ou métodos, mas classificá-lo como ditador é um absurdo.

Uma última observação: o Daniel mencionou, em carta ao jornal Cruzeiro do Sul, que se fosse aprovada a proposta de Chaves, e depois vencesse um candidato "de direita", que buscasse se perpetuar no poder, não teríamos como contestá-lo.

Companheiro Daniel: a direita nunca fez questão desses artifícios e "detalhes" constitucionais. Se necessário, fecha parlamentos, prende, mata, arrebenta.

Projeto de Lei garante recursos para software livre

Os deputados federais Paulo Teixeira e Jorge Bittar apresentaram Projeto de Lei que dispõe sobre o financiamento público de Software Livre, em 22 de novembro de 2007. O objetivo principal é garantir que 20% dos recursos do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação (CT-Info) seja destinado à produção de tecnologias abertas.

O intelectual que estrupô o valor

Na semana passada presenciamos mais uma polêmica a respeito dos valores morais de nossa sociedade, quando ex-presidente FHC, “o sábio”, desmereceu o presidente Lula devido o seu suposto baixo valor intelectual por não ter diploma universitário, Lula respondeu diretamente a Fernando Henrique Cardoso dizendo que estudou menos mas governa melhor que o antecessor.

Há alguns dias, acompanhamos pela televisão a cena de um ato verdadeiramente bárbaro praticado por um delegado de polícia no Pará, uma menor de idade foi presa e colocada numa sela junto a 20 prisioneiros, sendo assim violentada sexualmente. O bacharel disse em entrevista que a menina de 15 anos “certamente tem alguma debilidade mental porque em nenhum momento informou ser menor de idade”.

Ao criticar a atitude do delegado de paraense nesta segunda feira, lula adicionou mais um capítulo a polêmica: "Se ele [o delegado] fosse bem formado e a escolaridade valesse na formação do seu caráter, ele teria levado a menina e dado a cadeira dele para ela e teria ficado em pé, porque ele estaria fazendo o que uma pessoa de bem faria. Mas o que ele fez? Ele viu aquilo como algumas pessoas vêem o Brasil, aquilo, essa menina, é um objeto e tem de ser jogado às traças".

Gostaria muito que o grande Florestan Fernandes estivesse vivo para dar-nos a sua contribuição a respeito da polêmica, Florestan foi professor e orientador de Fernando Henrique na academia e, no entanto, apoiou o ignorante Lula em 1994 contra seu pupilo e prodígio da USP.

01 dezembro, 2007

Trabalhadores

Ontem eu assisti o Globo Reporter, especial sobre os trabalhadores, ou algum outro título parecido.

Uma reportagem super tendenciosa, mostrou o corte de cana, uma das atividades mais insalubres no campo como uma profissão de engrandecimento do homem. Juntaram o depoimento de um trabalhador orgulhoso que disse não pretender jamais deixar de cortar cana e os dados de um sindicato ruralista informando que o corte de cana é a atividade que melhor remunera na agricultura.

Sem falar da entrevista do presidente do Instituto Ethos (participante do Movimento Cívico Cansei) que louvando a boa vida dos trabalhadores no campo.

É claro que a reportagem não mostrou que o corte de cana é a atividade que mais deixa mortos na agricultura brasileira, por picadas de cobras e por esgotamento físico e desidratação, além das inflamações e intoxicação causada pela fulígem; sem falar nos inúmeros casos de cegueira causados pela folha afiada da planta e membros decepados pelo corte da foice afiada.

Depois mostrou os casos de trabalhadores em diversas profissões que superaram as dificuldades e podem levar uma vida tranquila.

No final eu até pensei, o capitalismo é a melhor regime para o Brasil.

A geografia da fome de Josué de Castro

“Não foi na Sorbonne, nem em qualquer outra universidade sábia que travei conhecimento com o fenômeno da fome. A fome se revelou espontaneamente aos meus olhos nos mangues do Capibaribe, nos bairros miseráveis do Recife – Afogados, Pina, Santo Amaro, Ilha do Leite. Esta foi a minha Sorbonne”.

“O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta”.

Josué de Castro, autor de clássicos como Geografia da fome e Geopolítica da fome.